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O maior estaleiro de demolição de navios do mundo: com mais de 10 km de instalações costeiras, este centro de reciclagem naval desmantela cerca de 50% das embarcações globais

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 04/11/2024 às 10:16
estaleiro - navios - embarcações - reciclagem - demolição
Onde gigantes dos mares encontram seu fim: o maior estaleiro de demolição de navios do mundo revela os segredos da reciclagem naval

Saiba tudo sobre o maior estaleiro de demolição de navios do mundo, o destino final de navios colossais que se transformam em materiais valiosos

Localizado na costa oeste da Índia, o estaleiro de Alang se destaca como o maior estaleiro de demolição de navios do mundo. Desde o início de suas operações nos anos 80, ele se tornou um dos principais destinos para embarcações desativadas, recebendo cerca de metade dos navios que são desmantelados globalmente. Sua importância na indústria de reciclagem de navios é inegável, mas o estaleiro também levanta debates sobre questões de segurança e impactos ambientais.

A localização e a operação de reciclagem de navios

O estaleiro de Alang está situado em um trecho de aproximadamente 10 quilômetros de praia na cidade de Alang, no estado indiano de Gujarat. A região se consolidou como um ponto central para a demolição de navios, com o desmantelamento de embarcações que já não estão em operação e a recuperação de materiais recicláveis. O processo envolve a encalhagem dos navios na costa, onde são desmontados manualmente por trabalhadores locais utilizando ferramentas simples, como martelos e maçaricos.

O trabalho realizado em Alang permite que uma variedade de materiais valiosos, incluindo aço, cobre e alumínio, sejam recuperados e reciclados, proporcionando benefícios econômicos e ambientais. Além de ser uma importante fonte de emprego para os trabalhadores locais, o estaleiro contribui significativamente para a economia da região, gerando receita com a venda de materiais e peças que ainda podem ser reutilizadas.

Condições de trabalho e preocupações ambientais

Embora seja uma fonte vital de renda, as condições de trabalho no estaleiro de Alang têm sido criticadas ao longo dos anos. Os trabalhadores, a maioria migrantes de regiões mais pobres da Índia, enfrentam riscos significativos no desmantelamento de navios. A falta de equipamentos de segurança adequados, a exposição a materiais perigosos como amianto e produtos químicos, e a natureza física do trabalho tornam o ambiente perigoso. Segundo estimativas de organizações de direitos humanos, acidentes fatais ocorrem com frequência em estaleiros de desmantelamento de navios, e Alang não é exceção.

Além das preocupações com a segurança dos trabalhadores, o impacto ambiental é outra questão central. A indústria de demolição de navios tem sido alvo de críticas por seus efeitos negativos no meio ambiente. O despejo de resíduos tóxicos no mar, a liberação de óleos e outras substâncias perigosas e a poluição do ar são alguns dos principais problemas associados ao desmantelamento inadequado de embarcações. No entanto, nas últimas décadas, o governo indiano implementou uma série de regulamentos e normas de segurança com o objetivo de reduzir esses impactos e tornar a operação em Alang mais sustentável. Medidas como a melhoria das condições de trabalho, o uso de equipamentos de proteção e o monitoramento ambiental têm sido adotadas.

O papel do estaleiro de Alang na indústria global de navios

Apesar das dificuldades, Alang continua sendo um centro crucial na indústria global de reciclagem naval. O estaleiro tem capacidade para desmantelar uma ampla gama de embarcações, desde pequenas barcaças até gigantescas embarcações de transporte de carga, petroleiros e navios de cruzeiro. Um dos marcos mais significativos do estaleiro foi o desmantelamento do maior navio do mundo, o superpetroleiro Knock Nevis, que foi construído em 1979 e media impressionantes 458 metros de comprimento. Com 657 mil toneladas quando totalmente carregado, o Knock Nevis era um dos maiores objetos já construídos pelo homem.

Além do Knock Nevis, outras grandes embarcações desativadas também foram desmontadas em Alang, como o porta-aviões francês Clemenceau, com 260 metros de comprimento, e o cruzeiro norueguês SS Norway, que pesava 76 mil toneladas. Esses navios, muitas vezes retirados de serviço por causa da idade, danos ou obsolescência, são vendidos para desmontadores por conta do valor de seus materiais.

O aço é o principal recurso recuperado durante o desmantelamento dos navios. Estima-se que cerca de 90% de um navio seja composto por aço, que é reciclado e reutilizado na construção civil e em outras indústrias. A indústria de demolição de navios em Alang é, portanto, uma peça importante no ciclo global de reciclagem, contribuindo para a economia circular e para a redução da demanda por novas matérias-primas.

Melhorias e desafios futuros

Nos últimos anos, o governo indiano e organizações internacionais têm se empenhado em transformar Alang em um modelo de estaleiro sustentável e seguro. Projetos para modernizar as operações e reduzir o impacto ambiental estão em andamento. Iniciativas como a certificação dos estaleiros de acordo com os padrões internacionais de segurança e meio ambiente, como os definidos pela Convenção de Hong Kong, são um passo na direção certa.

No entanto, ainda há desafios consideráveis a serem enfrentados. A implementação de regulamentos mais rígidos, a capacitação dos trabalhadores para lidar com substâncias perigosas e a melhora contínua das condições de trabalho são essenciais para garantir que Alang possa continuar desempenhando seu papel vital na economia global de maneira responsável e sustentável.

O estaleiro de desmantelamento de navios de Alang é um componente essencial da indústria global de reciclagem. Sua capacidade de desmantelar milhares de navios ao longo das décadas o posiciona como líder mundial na reciclagem de embarcações, fornecendo materiais valiosos para a economia e criando empregos para milhares de pessoas. No entanto, as questões de segurança e sustentabilidade permanecem no centro dos debates, e o futuro de Alang dependerá de sua capacidade de se adaptar a padrões mais altos de responsabilidade social e ambiental.

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Noel Budeguer

De nacionalidade argentina, sou redator de notícias e especialista na área. Abordo temas como ciência, petróleo, gás, tecnologia, indústria automotiva, energias renováveis e todas as tendências no mercado de trabalho.

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