O CEAGESP, maior entreposto de alimentos da América Latina, funciona quase 24h por dia em São Paulo e movimenta 14 mil toneladas por dia. Entenda como ele abastece milhões e opera como um porto terrestre de comida.
Em um ponto discreto da zona oeste de São Paulo, entre galpões imensos, caminhões em movimento constante e milhares de trabalhadores que nunca dormem, opera uma estrutura que poucos brasileiros conhecem por dentro — mas que garante que milhões tenham o que comer todos os dias. Trata-se da CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), o maior mercado atacadista de alimentos da América Latina, e uma das máquinas logísticas mais impressionantes do país.
Todos os dias, sem exceção, mais de 14 mil toneladas de frutas, legumes, verduras, pescados, grãos e flores circulam pelo complexo. São mais de 50 mil pessoas por dia entre compradores, feirantes, atacadistas, funcionários, carregadores e motoristas, operando quase 24 horas por dia, sete dias por semana, em uma dinâmica que mais parece o funcionamento de um porto comercial a céu aberto — só que dedicado a alimentos.
Uma cidade que abastece cidades
Localizado no bairro da Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, o CEAGESP ocupa uma área de mais de 700 mil metros quadrados, com quase 4 mil empresas cadastradas que atuam nos mais diversos segmentos de abastecimento. Só em frutas e hortaliças, são mais de 300 tipos diferentes de produtos vindos de todas as regiões do Brasil e de mais de 10 países.
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O volume movimentado é tão grande que, se fosse um porto, o CEAGESP estaria entre os mais ativos do continente. E de certa forma, é exatamente isso: um porto terrestre de alimentos. Caminhões vindos do interior de São Paulo, do Nordeste, do Sul, do Norte e até da América do Sul chegam a todo instante, abastecendo os pavilhões que, por sua vez, redistribuem os produtos para supermercados, mercearias, feiras livres, hotéis, restaurantes, hospitais e até escolas públicas.
De forma invisível para o consumidor final, o entreposto garante que uma banana colhida ontem em Minas Gerais ou uma batata de Santa Catarina chegue fresca à mesa de uma família na periferia de São Paulo — ou ao restaurante de luxo nos Jardins.
Logística sincronizada em escala industrial
Poucos lugares do mundo operam um fluxo alimentar com a mesma precisão e intensidade do CEAGESP. Para que o sistema funcione, é necessária uma coordenação logística complexa, que envolve:
- Controle de temperatura e refrigeração
- Rotatividade de produtos por hora, para evitar desperdício
- Pesagem e inspeção fitossanitária
- Negociação em tempo real entre atacadistas e varejistas
- Carregamento e descarregamento contínuo
- Segurança, limpeza e manutenção em um espaço que nunca para
O CEAGESP também serve como centro de redistribuição interestadual, com produtos que entram por São Paulo, são fracionados e então enviados para todo o Sudeste, Centro-Oeste e Sul. É uma engrenagem que funciona com o mínimo de margem para erro — porque qualquer falha pode significar toneladas de comida perdida e prejuízo para centenas de pequenos produtores.
Impacto econômico e social imensurável
Estima-se que mais de 20 milhões de pessoas sejam diretamente impactadas pelo abastecimento do CEAGESP, desde consumidores finais até trabalhadores rurais que têm na companhia seu principal canal de escoamento.
A empresa movimenta anualmente mais de R$ 8 bilhões em transações comerciais, o que a coloca entre as maiores companhias do setor de distribuição de alimentos da América Latina.
Além do aspecto econômico, o CEAGESP também possui forte relevância social:
- Geração de mais de 30 mil empregos diretos e indiretos
- Programas de doação de excedentes para instituições sociais
- Apoio logístico a operações de segurança alimentar em períodos de crise
- Incentivo à agricultura familiar, que tem espaço garantido no entreposto
Não por acaso, o local é considerado estratégico em qualquer política pública de segurança alimentar para a cidade e para o país. Durante a pandemia, por exemplo, a CEAGESP manteve seu funcionamento ininterrupto, garantindo abastecimento mesmo quando outras cadeias colapsaram.
Um sistema que nasceu na década de 1960 — e precisa se reinventar
O entreposto que conhecemos hoje começou a operar na década de 1960, como parte de uma política nacional de modernização do comércio atacadista. Ao longo das décadas, a estrutura foi sendo ampliada, adaptada e eletrificada, mas a base ainda segue o modelo físico tradicional, baseado em presença no pavilhão e negociação direta entre produtor e comprador.
Nos últimos anos, surgiram debates sobre a modernização do modelo, com propostas de informatização mais ampla, expansão de canais digitais, rastreabilidade de produtos, uso de IA para previsibilidade de oferta/demanda, e até projetos de mudança de sede para áreas mais distantes e modernas da Grande São Paulo.
Entretanto, o simbolismo do CEAGESP permanece inabalável. Mesmo com discussões sobre privatização ou concessão, a companhia ainda é referência continental em logística alimentar urbana — um modelo que vem sendo estudado por países latino-americanos, africanos e do Sudeste Asiático, que enfrentam desafios semelhantes nas grandes metrópoles.
Muito além de frutas e verduras: flores, pescados e grãos – o maior entreposto de alimentos da América Latina
Embora a imagem mais comum do CEAGESP seja a de pavilhões repletos de caixas de frutas e legumes, o escopo vai muito além:
- Mercado de flores: um dos maiores do Brasil, com vendas para floriculturas, eventos, hotéis e supermercados.
- Pescados: com abastecimento diário e controle rigoroso de frescor, atende desde pequenos peixarias até grandes redes de food service.
- Grãos e cereais: arroz, feijão, milho, soja e outros produtos secos que complementam a cesta básica.
- Produtos orgânicos e especiais: com espaços dedicados a produtores que trabalham com insumos sustentáveis e alimentos diferenciados.
Essa diversidade faz da CEAGESP uma plataforma completa de abastecimento alimentar, que atende desde o pequeno comerciante até a indústria de alimentos processados.
Sou consumidor dos varejoes do ceagesp das flores, dos boxe de alimento mas quando chega aos domingos para fazer uma reposição de algumas frutas e legumes. Av vem o sofrimento a organização tem coragem de deixar as pessoas idosas por mais fé 1 hora na fila dos carrinhos, e isso não tem quem resolva , e uma pouca vergonha. Essa é minha queixa.