Embora o icônico Edifício Birmann 32 seja um marco da engenharia, o recorde de maior bloco de concreto pertence a um arranha-céu residencial em Santa Catarina.
A busca pelo maior bloco de concreto já utilizado em uma obra no Brasil leva a uma descoberta surpreendente. De acordo com uma análise aprofundada de dados da indústria da construção, o recorde sul-americano não pertence a nenhum dos famosos arranha-céus corporativos de São Paulo, como se poderia imaginar. Na verdade, os verdadeiros titãs da concretagem estão localizados no litoral de Santa Catarina, em projetos residenciais de altíssimo padrão.
Enquanto edifícios como o Birmann 32, na Avenida Faria Lima, se destacam pela inovação tecnológica e arquitetônica, a disputa pelo recorde de volume de concreto é liderada por construtoras que transformaram esses feitos de engenharia em poderosas ferramentas de marketing para o mercado de luxo.
O mito do Birmann 32 ser o maior bloco de concreto
Apesar de sua imponência e de ser um marco da engenharia paulistana, o Edifício Birmann 32 não detém o recorde de maior bloco de concreto do Brasil. Uma pesquisa em fontes técnicas, reportagens especializadas e nos comunicados das empresas envolvidas na obra, como a construtora FLPP e a projetista de fundações Consultrix, não revela qualquer registro de um volume de concretagem que se aproxime dos recordes nacionais. A ausência de divulgação sobre um feito dessa magnitude é um forte indicativo de que ele não ocorreu.
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A corrida às alturas em Santa Catarina
Os maiores e mais bem documentados volumes de concretagem de fundação na América do Sul estão associados a arranha-céus residenciais de luxo em Santa Catarina. A “corrida às alturas” em cidades como Balneário Camboriú e Itapema exige fundações massivas para garantir a estabilidade das esbeltas torres.
1º Lugar – Edifício Infinity Coast (Balneário Camboriú, SC): este projeto da FG Empreendimentos detém o recorde, com um bloco de fundação que consumiu impressionantes 5.415 metros cúbicos de concreto.
2º Lugar – L’Atelier Concept Homes (Itapema, SC): a fundação deste edifício da construtora EMBRAED utilizou 3.800 m³ de concreto.
3º Lugar – Edifício Marena (Balneário Camboriú, SC): outro projeto da EMBRAED, com um volume de fundação que chegou a 3.600 m³ de concreto.
A complexidade de uma mega concretagem
Realizar uma concretagem de mais de 5.000 m³ de forma contínua é um dos maiores desafios da engenharia civil. A operação do Infinity Coast, por exemplo, durou cinco dias ininterruptos e exigiu uma logística de nível militar.
Para evitar que o imenso calor liberado pelo cimento causasse fissuras na estrutura, os engenheiros utilizaram toneladas de gelo na mistura do concreto para controlar a temperatura. A operação mobilizou 775 viagens de caminhões-betoneira em um fluxo contínuo, 24 horas por dia, para garantir a integridade do maior bloco de concreto do país.
O legado do Birmann 32: inovação em vez de volume
Embora não seja o campeão de volume, o legado do Birmann 32 para a engenharia brasileira é imenso. Sua importância reside na sofisticação tecnológica e qualitativa. O edifício é reconhecido por ter sido o primeiro projeto privado de grande porte no Brasil a ser integralmente desenvolvido com a tecnologia BIM (Building Information Modeling), que otimizou toda a construção.
Além disso, o B32 ostenta a prestigiosa certificação LEED Platinum, o mais alto selo de sustentabilidade, graças a soluções como sua fachada de vidros de alto desempenho e um complexo sistema de climatização com cogeração de energia.
Por que os recordes de concretagem são tão importantes para o mercado?
No competitivo mercado imobiliário de alto luxo de Santa Catarina, um “recorde de concretagem” é mais do que um feito técnico. Ele se torna uma poderosa ferramenta de marketing. Para construtoras como a FG Empreendimentos e a EMBRAED, anunciar o maior bloco de concreto comunica solidez, segurança e grandiosidade, atributos altamente valorizados por quem investe milhões em um imóvel. Em contraste, para um edifício corporativo como o Birmann 32, as certificações de tecnologia e sustentabilidade são os “recordes” que realmente importam para atrair seus clientes: as grandes corporações.