Com uma fortuna bilionária, o gaúcho Alceu Elias Feldmann fundou e ainda comanda a Fertipar, gigante nacional que compete com multinacionais, mas mantém uma surpreendente rotina de funcionário em Curitiba.
Alceu Elias Feldmann é um dos homens mais ricos do Brasil. Aos 74 anos, ele é o fundador, presidente e CEO do Grupo Fertipar, um império que o posiciona como o verdadeiro magnata dos fertilizantes no país. Sua empresa é uma peça-chave que abastece o agronegócio nacional. No entanto, sua fortuna de R$ 18,3 bilhões contrasta com seu estilo de vida. Feldmann vive de forma discreta em Curitiba (PR), longe dos holofotes e com uma rotina de trabalho semelhante à de um funcionário. Sua história revela como conhecimento técnico, visão estratégica e um modelo de negócios inovador construíram um dos maiores conglomerados do setor.
De vendedor a visionário, a origem do magnata dos fertilizantes
A jornada de Feldmann começou com os pés na terra. Formado em Agronomia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), ele iniciou sua carreira como vendedor de fertilizantes. Esse trabalho o colocou em contato direto com agricultores do sul do Brasil.
Viajando constantemente, ele não apenas vendia, mas ouvia. Feldmann percebeu uma falha crítica no mercado: as grandes empresas ofereciam produtos padronizados. Contudo, as necessidades dos produtores variavam muito. Ele identificou que a personalização era uma demanda não atendida. Esse conhecimento, acumulado em campo, foi o principal capital para seu futuro negócio.
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A geada de 1975 e a ascensão da soja
Uma catástrofe climática transformou o cenário agrícola e a carreira de Feldmann. A partir de 1975, uma geada severa dizimou quase todas as plantações de café do Paraná. Dos 800 milhões de pés, apenas 100 milhões sobreviveram. Onde muitos viram ruína, Feldmann enxergou uma oportunidade única.
Ele observou que os agricultores estavam migrando em massa do café para a soja. A nova cultura exigia fertilizantes com especificações diferentes. Ao mesmo tempo, ele sabia que a maior parte da matéria-prima no Brasil era importada. A crise criou uma demanda imediata por um produto customizado. Com essa visão, ele fundou a Fertipar em 1980, pronto para oferecer a solução exata que o mercado precisava.
O modelo de negócio único da Fertipar
O crescimento da Fertipar foi rápido e metódico. A primeira unidade foi aberta em um armazém em Paranaguá (PR), principal porto de entrada de fertilizantes do país. A localização estratégica minimizou custos logísticos desde o início.
A expansão pelo Brasil não criou uma corporação centralizada. Feldmann desenvolveu uma estrutura inovadora: uma holding que controla diversas empresas semi-autônomas. Cada unidade regional possui sócios locais, que conhecem profundamente seu mercado.
Essa arquitetura une o poder de compra da holding com a agilidade local. Hoje, o grupo possui mais de 20 unidades industriais e se apresenta com orgulho como uma empresa “100% nacional”.
O perfil reservado do fundador de R$ 18 Bilhões
Alceu Elias Feldmann é um bilionário avesso aos holofotes. Ele raramente concede entrevistas e sua vida pessoal é mantida em sigilo. Essa postura o diferencia de outras grandes figuras do empresariado brasileiro. Sua discrição, contudo, não significa distanciamento.
Feldmann permanece como o principal executivo da Fertipar, controlando cerca de 85% das ações da companhia. Ele se envolve diretamente nas decisões estratégicas, com uma visão de longo prazo.
Ao evitar a exposição pública, ele concentra toda a energia da organização na execução e nos resultados, uma cultura que é reflexo de sua personalidade.
Investimentos e a sucessão familiar
Mesmo consolidado, o Grupo Fertipar continua a investir pesado para expandir seu domínio. A empresa tem projetos de modernização e construção de novas fábricas em Tocantins, Minas Gerais e no porto de Paranaguá, buscando se aproximar ainda mais dos polos agrícolas.
O futuro da liderança, no entanto, é a principal questão. Feldmann e seus três filhos detêm o controle total da companhia. Sua filha, Juliana Gadotti Feldmann Vieira, atua como Diretora Institucional e tem se destacado como uma forte candidata à sucessão. A transição de poder do magnata dos fertilizantes para a próxima geração será o movimento mais crucial para a perpetuidade de seu império.