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O leilão da foz do Amazonas de R$ 844 milhões: Petrobras, Exxon, Chevron e CNPC arremataram blocos na fronteira contestada

Publicado em 27/06/2025 às 22:18
O leilão bilionário da foz do Amazonas: por que gigantes do petróleo pagaram R$ 844 milhões por uma aposta de alto risco?
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Petrobras, Exxon, Chevron e CNPC garantem 19 blocos em leilão recorde, mas batalha judicial e ambiental coloca o maior investimento na região em xeque

Em um leilão histórico realizado em 17 de junho de 2025, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) arrecadou R$ 844 milhões com a venda de 19 blocos de exploração na bacia da foz do Amazonas. A disputa acirrada entre gigantes como Petrobras, ExxonMobil, Chevron e a chinesa CNPC marcou o maior investimento conjunto já feito na região, sinalizando o imenso interesse da indústria petrolífera nesta nova e controversa fronteira.

No entanto, o sucesso financeiro esconde uma realidade de alto risco. A exploração na foz do Amazonas enfrenta uma forte oposição de ambientalistas e uma batalha judicial robusta movida pelo Ministério Público Federal, que ameaça paralisar todo o investimento bilionário. A aposta das petroleiras definirá não apenas seu futuro, mas também o destino de uma das áreas mais sensíveis do planeta.

Os números do leilão de 17 de junho de 2025

O 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão foi um sucesso para os cofres do governo, com uma arrecadação total de R$ 989 milhões em bônus de assinatura, mais que o dobro do esperado. A Bacia da foz do Amazonas foi a grande estrela, sendo responsável por R$ 844 milhões, ou 85% do valor total, com ágios que chegaram a quase 3.000% sobre o lance mínimo em alguns blocos.

Além do bônus, as empresas vencedoras se comprometeram com um investimento exploratório mínimo de R$ 1,45 bilhão apenas na fase inicial. O resultado mostra o apetite da indústria pela região, mesmo ciente dos enormes desafios regulatórios e ambientais que a cercam.

As gigantes do petróleo, quem levou os blocos da foz do Amazonas?

O leilão da foz do Amazonas de R$ 844 milhões: Petrobras, Exxon, Chevron e CNPC arremataram blocos na fronteira contestada

A disputa pelos 19 blocos foi dominada por dois consórcios de peso, formados por algumas das maiores empresas de energia do mundo.

O primeiro foi uma aliança estratégica entre a Petrobras e a norte-americana ExxonMobil, que, juntas, arremataram 10 blocos. Em uma parceria equilibrada, cada uma será a operadora de cinco blocos, dividindo os riscos e as responsabilidades.

O segundo consórcio, formado pela também norte-americana Chevron e pela estatal chinesa CNPC, mostrou um apetite ainda mais agressivo, garantindo 9 blocos e superando a concorrência da Petrobras/Exxon em sete disputas diretas. A formação dessas alianças é uma tática comum para dividir os altos custos e a complexidade de operar em águas ultraprofundas.

Uma fronteira em disputa, a batalha judicial e ambiental

O futuro da exploração na foz do Amazonas será decidido nos tribunais. Cinco dias antes do leilão, o Ministério Público Federal (MPF) do Pará ajuizou uma ação para anular a concessão dos blocos. A principal alegação é que o leilão foi ilegal por não ter cumprido dois pré-requisitos essenciais: a realização de uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) e a Consulta Prévia, Livre e Informada (CPLI) às comunidades indígenas e quilombolas da região.

A preocupação de ambientalistas é com o risco de um vazamento de óleo em um ecossistema único, que abriga o Grande Sistema de Recifes da Amazônia. A oposição é reforçada pelo histórico da região: o Ibama já negou licenças de perfuração para a Petrobras em um bloco vizinho, citando inconsistências técnicas e riscos ambientais inaceitáveis.

E agora? O futuro incerto da exploração na foz do Amazonas

Com o leilão realizado, a ANP tem um cronograma para homologar os resultados e assinar os contratos com as empresas vencedoras até 28 de novembro de 2025. No entanto, este processo está sob a ameaça direta da ação judicial do MPF, que pediu à Justiça a suspensão imediata de qualquer ato para formalizar a concessão dos blocos.

As empresas se encontram em um limbo: investiram centenas de milhões de reais em bônus por ativos que podem nunca conseguir explorar. A situação repete o que aconteceu em 2013, quando outros blocos na mesma região foram leiloados e, mais de uma década depois, continuam paralisados por impasses jurídicos e ambientais idênticos. O desfecho desta nova batalha definirá se a história de paralisia na foz do Amazonas irá se repetir.

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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