Construído em 1979 no Morumbi, o Penthouse prometia luxo absoluto com apartamentos de 400 m² e piscinas nas varandas, mas hoje simboliza decadência e desigualdade ao lado de Paraisópolis.
Símbolo de desigualdade social, o Edifício Penthouse, erguido em 1979, foi projetado para ser o endereço da elite paulistana.
Localizado no número 3891 da Avenida Giovanni Gronchi, no bairro do Morumbi, o prédio já foi sinônimo de poder e ostentação.
Entretanto, quatro décadas depois, carrega marcas de abandono, dívidas milionárias e se transformou em retrato vivo das contradições urbanas de São Paulo.
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A história de um ícone da arquitetura
Nos anos 1980, o Penthouse era referência de modernidade. Com apenas 13 apartamentos, cada um com quase 400 m², o projeto inovador incluía varandas com piscinas privativas em ângulos que garantiam luz solar durante o dia.
Os anúncios da época o descreviam como uma obra-prima da arquitetura. A imponência do prédio logo chamou atenção e virou destaque em livros escolares de Geografia.
Apesar disso, a realidade atual é outra. Apenas oito apartamentos estão ocupados, e no edifício vivem somente 18 pessoas.
A inadimplência, a má gestão condominial e o preconceito em relação à vizinhança de Paraisópolis contribuíram para sua decadência. Hoje, sinais de desgaste como infiltrações, rachaduras e mato alto estão presentes.
Luxo ao lado da maior comunidade da zona sul
Enquanto o Penthouse oferecia piscinas, hidromassagens e salões imensos, Paraisópolis crescia desordenadamente ao lado.
Nos anos 1970, era um conjunto de agricultores; nas décadas seguintes, tornou-se uma das maiores comunidades do Brasil, abrigando cerca de 100 mil pessoas.
A linha de divisa entre zoneamentos urbanos permitiu que, de um lado, erguesse-se o prédio de luxo e, do outro, proliferassem moradias simples.
Apartamentos amplos, mas desvalorizados
Uma reportagem do Domingo Espetacular, da Record, mostrou mais detalhes por dentro. A emissora mostrou que apesar da decadência, por dentro os apartamentos ainda impressionam.
Salas amplas, jardim de inverno e suítes de 80 m² com banheira de mármore são alguns dos diferenciais.
O apartamento de uma das moradoras mais antigas e atual síndica, preserva a concepção original. Segundo ela, não há decadência, apenas unidades vazias.
Os valores de mercado, no entanto, despencaram. Há relatos de apartamentos vendidos por R$ 500 mil, muito abaixo da média da região.
Em plataformas de locação, um imóvel chegou a ser anunciado por R$ 1.500 de aluguel, mas com condomínio acima de R$ 5 mil e IPTU atrasado em cerca de R$ 600 mil. A soma afasta interessados.
O presente e o futuro do Penthouse
A síndica afirma que a situação financeira melhorou após a contratação de um gestor. Com planejamento, pretende revitalizar portaria, fachada e áreas comuns. Mesmo assim, o clima é de tranquilidade: com tão poucos moradores, o prédio funciona em silêncio, quase vazio.
Enquanto isso, Paraisópolis segue em crescimento. Os moradores se organizam para conquistar ruas asfaltadas, moradias dignas e maior integração com a cidade.
Um retrato da desigualdade
O Edifício Penthouse completou quatro décadas como uma obra de contrastes.
Planejado para ser um símbolo da riqueza, acabou eternizado como um ícone da desigualdade urbana. De um lado, piscinas privadas e suítes luxuosas; do outro, a luta diária de uma comunidade em busca de dignidade.
A imagem que já estampou livros e aulas de Geografia permanece atual: o encontro entre dois mundos separados apenas por um muro, mas unidos pela mesma paisagem.