Novo sistema promete revolucionar o uso do etanol em motores pesados, ao substituir totalmente o diesel sem alterações no bloco, reduzindo emissões e custos, com início de comercialização previsto para 2026.
O Brasil pode ganhar uma alternativa imediata ao diesel em motores pesados.
Apresentado no Fórum Nordeste 2025 nesta segunda-feira (01), o Sistema DSA Etanol promete fazer motores originalmente a diesel operarem 100% com etanol sem mudanças no bloco, com queda de emissões e ganho de eficiência termodinâmica.
A tecnologia foi detalhada pelo fundador da DSA, Daniel Sofer, em painel dedicado ao tema.
-
Robôs “pegam” empregos que ninguém quer e mantêm fábricas funcionando, reduzindo rotatividade ao aliviar tarefas repetitivas e pesadas
-
Como assitir o tão esperado evento de lançamento do iPhone 17
-
O que se sabe sobre a nova arma da China é uma torre coberta por lona, mas Pequim afirma ser o sistema a laser mais poderoso do mundo
-
Hyodol: bonecas robôs de IA com ChatGPT encantam idosos na Coreia do Sul e assumem papel de cuidadoras em meio à falta de trabalhadores de saúde
Como funciona o Sistema DSA Etanol
A DSA descreve o sistema como um novo arranjo de injeção capaz de controlar a combustão do etanol em motores de ciclo diesel.
Segundo Sofer, a solução inaugura uma terceira via para queimar combustível em motores de combustão interna.
“A gente criou um novo sistema de injeção de combustível, que permite pela primeira vez, em 150 anos de existência do motor a combustão interna, que um combustível seja queimado em um ciclo que não é um ciclo Otto e nem um ciclo Diesel. Estamos trazendo uma terceira forma de queimar combustível, que materializa o melhor de ambos os mundos”, afirmou.
Ainda de acordo com o executivo, a chave está na tecnologia incorporada aos injetores desenvolvidos pela empresa.
“Isso, graças à tecnologia dentro dos injetores que a gente criou, e permite a flexibilidade de aplicação a todos os motores diesel que se possa imaginar”, disse.
Na prática, o conjunto de injetores e o gerenciamento da combustão viabilizariam o uso do etanol hidratado em motores pesados sem retrabalho no bloco ou intervenções profundas na arquitetura original.
Eficiência termodinâmica e operação com etanol
A DSA destaca que a conversão não apenas mantém, como pode elevar a eficiência termodinâmica — a parcela do calor do combustível que se converte em trabalho útil.
Sofer sustentou que a instalação do injetor DSA “reinventa o uso do motor”, ao permitir a operação integral com etanol e preservar o desempenho esperado de aplicações pesadas.
A proposta mira frotas agrícolas, logísticas e industriais, em que confiabilidade, torque e disponibilidade são determinantes.
Enquanto isso, o etanol, já amplamente produzido no país, desponta como o combustível de referência para o sistema.
A empresa enfatiza que a solução não se confunde com kits de conversão tradicionais: a estratégia de combustão seria própria, e o controle da ignição e da queima do etanol aconteceria nos parâmetros definidos pela nova injeção, sem recorrer ao ciclo Otto nem ao ciclo Diesel.
Impacto ambiental e redução de emissões
A companhia associa a tecnologia a um benefício ambiental direto.
Em 2024, o Brasil consumiu quase 70 bilhões de litros de diesel, segundo dados citados da ANP, o que corresponderia a cerca de 240 milhões de toneladas de CO₂ emitidas.
Ao trocar o diesel pelo etanol na operação diária de motores pesados, a DSA projeta uma queda significativa nas emissões do setor.
Sofer defendeu que o efeito agregado seria expressivo. “O potencial do impacto ambiental disso é enorme. É difícil até de calcular”, disse.
Ele também afirmou que, considerando o preço de venda do etanol, haveria economia de R$ 8 bilhões por safra e “quase 10 milhões de toneladas de CO₂ não emitidas”, além de mencionar uma redução “3,5 vezes” nas emissões em sua comparação.
As estimativas são apresentadas como referência para dimensionar a ordem de grandeza do possível ganho, especialmente em cadeias produtivas intensivas em diesel.
Custos operacionais e viabilidade econômica
Além do argumento ambiental, a DSA sustenta que o sistema pode reduzir custos operacionais.
O etanol costuma ter dinâmica de preço vinculada ao agronegócio e à oferta interna, o que, em alguns cenários, atenua a exposição à volatilidade internacional de derivados do petróleo.
Como a proposta dispensa alterações estruturais no motor, a expectativa é minimizar paradas longas e custos de retrofit, concentrando o investimento no conjunto de injeção e no controle da combustão.
Por outro lado, a companhia posiciona a solução com um modelo de adoção escalonada.
O sistema prevê aplicação em motores já em uso em frotas agrícolas, caminhões e máquinas, o que pode acelerar a curva de implementação em ambientes com infraestrutura de etanol consolidada.
Comercialização, parcerias e modelo de negócio
A DSA projeta o início da comercialização em 2026. O plano, segundo Sofer, é oferecer o sistema via locação, em vez de venda direta aos usuários finais.
A estratégia mira usinas e empresas com grande consumo de máquinas e veículos pesados, priorizando contratos de performance e suporte contínuo.
A empresa cita negociações e parcerias com Germek Equipamentos, Grunner, Adecoagro e São José Agroindustrial como base para a etapa de entrada no mercado.
De acordo com o fundador, a DSA é uma companhia de tecnologia; por isso, a interface comercial deve ser assumida por estruturas dedicadas, criadas para escalar a distribuição e a assistência técnica.
A abordagem é apresentada como forma de acelerar a adoção, manter padrão de instalação e assegurar medição de resultados em campo.
Apresentação no Fórum Nordeste 2025
O anúncio ocorreu no Fórum Nordeste 2025, em painel intitulado “Motores pesados 100% a etanol — Uma nova rota tecnológica”, realizado nesta segunda.
O evento reuniu atores públicos e privados e, nesta edição, contou com patrocínio de Banco do Nordeste, Suape, FMC, Sudene, Copergás e Neoenergia.
Recebeu ainda apoio do Governo de Pernambuco, da Prefeitura do Recife, da Fertine e da NovaBio, além do Sindaçúcar-PE como apoio técnico.
A realização é do Grupo EQM. Nesse contexto, a DSA buscou dialogar com setores que, historicamente, dependem do diesel e têm logística baseada em motores pesados.
Ao apresentar o sistema diante de um público com forte presença do agronegócio e da indústria, a empresa procura validar a proposta em ambientes com alto potencial de escala para o etanol.
Para você, qual segmento você acredita que adotará primeiro uma conversão integral para etanol em motores originalmente a diesel?