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O dia em que o céu de São Paulo escureceu: a ciência por trás do fenômeno que trouxe a noite Amazônica para a metrópole

Publicado em 07/07/2025 às 14:41
O dia em que o céu de São paulo escureceu a ciência por trás do fenômeno que trouxe a noite Amazônica para a metrópole
Foto do céu escuro em São Paulo
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em 19 de agosto de 2019, uma combinação rara de frentes frias e fumaça de queimadas na amazônia causou o dia em que o céu de São paulo escureceu, um evento que até hoje intriga e serve como um alerta ambiental.

Eram três horas da tarde de uma segunda-feira, 19 de agosto de 2019, quando um fenômeno assombroso engoliu a maior cidade do Brasil. O dia, subitamente, virou noite. O céu de São Paulo adquiriu uma cor de sépia e mergulhou em uma escuridão tão profunda que a iluminação pública foi acionada automaticamente, como se o sol tivesse desaparecido do firmamento. Não se tratava de um eclipse, nem de uma tempestade comum.

O que milhões de paulistanos testemunharam foi um evento meteorológico extremo e quase inacreditável, cujas origens estavam a mais de 2.700 quilômetros de distância. Era a fumaça de incêndios florestais massivos na Amazônia e no Pantanal, que, transportada por ventos em altitude, encontrou uma frente fria e despencou sobre a metrópole, deixando um rastro de perplexidade e uma chuva de fuligem preta.

a tempestade perfeita, como a fumaça viajou 2.700 km até são paulo?

A chegada da fumaça da amazônia em São paulo não foi um acaso, mas sim uma “tempestade perfeita” de condições meteorológicas. O material particulado leve, gerado pelas queimadas em estados como Rondônia e Acre, subiu para a alta atmosfera. Lá, encontrou fortes correntes de vento, conhecidas popularmente como “rios voadores”, que agem como corredores aéreos transportando umidade e, neste caso, poluição através do continente.

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Durante dias, essa pluma de fumaça viajou em direção ao sudeste. O fator decisivo, segundo meteorologistas da Climatempo na época, foi a chegada de uma potente frente fria vinda do sul do país. Essa massa de ar frio e denso agiu como uma barreira, forçando o ar quente e carregado de fumaça a descer abruptamente sobre a região metropolitana de São Paulo. A combinação da densidade da fumaça com as nuvens carregadas da frente fria bloqueou a luz do sol de forma dramática.

O que diziam os satélites do INPE e os meteorologistas?

A comprovação de que a escuridão era causada pela fumaça veio rapidamente da tecnologia. Imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) foram categóricas, mostrando um imenso corredor de fumaça que se estendia do norte do país até o estado de São Paulo. Era possível ver claramente a pluma sendo desviada pelos ventos e canalizada para o sudeste.

Os modelos meteorológicos já previam o encontro das massas de ar, mas a intensidade do escurecimento surpreendeu a todos. A explicação para a escuridão total reside na composição da nuvem. O material particulado fino da fumaça, a fuligem, serviu como “núcleos de condensação”. Isso significa que as gotículas de água da frente fria se agarraram a essas partículas de fumaça, criando uma nuvem muito mais densa e escura do que uma nuvem de chuva normal, o que potencializou o bloqueio da luz solar.

O que era a chuva preta? a análise química da água que caiu do céu

O dia em que o céu de São paulo escureceu: a ciência por trás do fenômeno que trouxe a noite Amazônica para a metrópole
Chuva preta em São Paulo

Para muitos, a prova mais concreta e assustadora do fenômeno veio na forma de uma chuva preta São paulo 2019. Moradores de diversas áreas da cidade e do litoral relataram uma precipitação escura, com aspecto oleoso e cheiro de fumaça, que manchava carros, calçadas e roupas.

A confirmação científica veio de análises laboratoriais. Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) coletaram amostras dessa água e o resultado foi conclusivo. Os laudos detectaram a presença de reteno, um composto químico que é considerado um marcador geoquímico específico da queima de biomassa, como madeira e vegetação. Essa foi a prova irrefutável que ligava quimicamente a chuva que caiu em São Paulo aos incêndios que ocorriam na floresta amazônica.

As consequências e o que aprendemos com o dia que virou noite

O dia em que o céu de São paulo escureceu: a ciência por trás do fenômeno que trouxe a noite Amazônica para a metrópole
Internações por doenças respiratórias em 2019 devido as queimadas da Amazônia

Embora tenha durado poucas horas, o fenômeno do dia que virou noite se tornou um dos mais poderosos alertas ambientais da história recente do Brasil. Ele demonstrou de forma visível e inegável como as queimadas na amazônia e suas consequências não são um problema isolado e distante, restrito à região norte.

O evento provou que a degradação ambiental em uma parte do país tem o poder de impactar diretamente a qualidade do ar, o clima e a vida de dezenas de milhões de pessoas nos maiores centros urbanos. O céu escuro de São Paulo serviu como um lembrete sombrio da interconexão dos ecossistemas brasileiros e da urgência de políticas de conservação eficazes para a maior floresta tropical do mundo.

Você se lembra desse dia? Onde você estava quando o céu escureceu? Compartilhe sua memória e sua opinião sobre este evento marcante nos comentários!

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Maria Heloisa Barbosa Borges

Falo sobre construção, mineração, minas brasileiras, petróleo e grandes projetos ferroviários e de engenharia civil. Diariamente escrevo sobre curiosidades do mercado brasileiro.

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