A brasileira PRIO comprou um campo de petróleo problemático na Bacia de Campos, aumentou a produção em mais de 250% e o transformou em seu ativo mais lucrativo, um case estudado no mercado.
A história do Campo de Frade, na Bacia de Campos, é uma das maiores reviravoltas da indústria de óleo e gás do Brasil. Este campo de petróleo, que estava em declínio e com um histórico de acidentes nas mãos da gigante americana Chevron, foi vendido e se transformou em uma verdadeira “máquina de dinheiro” para a brasileira PRIO (antiga PetroRio).
Com uma gestão eficiente e investimentos certeiros, a PRIO não apenas revitalizou o ativo, mas multiplicou sua produção e seu valor, provando que a especialização em ativos maduros pode gerar resultados espetaculares. Este é o principal caso de sucesso de uma “junior oil” no Brasil, modelo de negócios que foi amplamente destacado pela imprensa especializada ao longo de 2024, após a divulgação de seus resultados recordes.
O Campo de Frade sob a Chevron e os incidentes de 2011
O Campo de Frade, localizado em águas profundas a 108 km da costa do Rio de Janeiro, já foi um ativo muito importante para a Chevron. Em 2011, sua produção superava os 70.000 barris de óleo por dia. No entanto, tudo mudou naquele ano.
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Uma série de vazamentos de óleo, ocorridos entre novembro de 2011 e março de 2012, manchou a reputação da operação. A Chevron foi multada pela ANP e forçada a paralisar a produção por mais de um ano. Com o foco voltado para os novos blocos do pré-sal, o campo de petróleo se tornou um ativo problemático, criando a oportunidade perfeita para a venda.
A jogada de mestre da PRIO: A compra faseada que consolidou 100% do campo entre 2019 e 2021
A PRIO, uma empresa brasileira especializada em revitalizar campos maduros, viu a oportunidade e agiu de forma estratégica. A aquisição do campo de petróleo foi feita em fases, mitigando riscos.
O movimento decisivo ocorreu em janeiro de 2019, quando a PRIO comprou a participação de 51,74% da Chevron, assumindo o controle da operação. Com o sucesso das primeiras intervenções, a empresa deu o passo final: em fevereiro de 2021, concluiu a compra dos 30% restantes que pertenciam à Petrobras, tornando-se a única dona do Campo de Frade.
A reviravolta de 250%: Como a PRIO fez a produção do campo de petróleo saltar de 15 mil para mais de 55 mil barris por dia
Com o controle total, a PRIO colocou em prática um agressivo plano de revitalização. A perfuração de novos poços produtores deu resultados imediatos. O primeiro deles, o ODP4, começou a produzir em 2022 e, sozinho, adicionou cerca de 15.000 barris diários à produção, o dobro do esperado.
A campanha continuou e, no final de 2023, o campo de petróleo atingiu um pico de produção de 55.300 barris por dia, um aumento superior a 250% desde que a PRIO assumiu. Além disso, o trabalho de revitalização estendeu a vida útil do campo em mais de 16 anos e reduziu as emissões de CO2 em 70%.
A valorização de 1.500% das ações da PRIO e o lucro recorde de US$ 711 milhões em 2022
O sucesso operacional se refletiu diretamente nos resultados financeiros. A reviravolta em Frade fez a receita da PRIO crescer 14 vezes entre 2019 e 2024. Em 2022, a companhia registrou um lucro líquido recorde de US$ 711 milhões.
O mercado de ações reagiu de forma estrondosa. No mesmo período, as ações da PRIO (PRIO3) tiveram uma valorização de mais de 1.500%, transformando a empresa de uma pequena operadora em uma potência de geração de caixa e um dos maiores sucessos da bolsa brasileira.
Frade como um “hub” estratégico para o desenvolvimento do Campo de Wahoo
Com a revitalização consolidada, o papel de campo de petróleo evoluiu. Ele deixou de ser apenas um campo produtor para se tornar um “hub” estratégico para a PRIO. O próximo grande projeto da empresa é o desenvolvimento do Campo de Wahoo.
Em vez de construir uma nova e caríssima estrutura, a PRIO vai conectar Wahoo à infraestrutura já existente em Frade através de um duto submarino de 35 km. Essa decisão de extrema eficiência vai reduzir drasticamente os custos e acelerar a produção do novo campo, que adicionará cerca de 40.000 barris por dia, todos processados pela estrutura de Frade.
Privatizar é bom
Mas as ações da Petroleira, com pequenas variações para +/- desde então. Em termos de valorização de ações, nada mudou para os investidores até o momento.
Espetacular