Banco do Brasil registra menor lucro em quase cinco anos e corta pagamento de dividendos. Instituição teve queda de 60% no lucro ajustado no segundo trimestre e aumento expressivo nas provisões para perdas
O Banco do Brasil registra menor lucro em quase cinco anos e decidiu reduzir a taxa de distribuição de dividendos, marcando a primeira diminuição desse tipo desde 2020. No segundo trimestre de 2025, o lucro ajustado da instituição caiu 60% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando R$ 3,8 bilhões, segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira (14).
A queda no resultado está diretamente ligada ao forte aumento das provisões para perdas com crédito, que avançaram 104% em 12 meses, chegando a R$ 15,9 bilhões. Além disso, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) recuou para 8,4%, o menor patamar desde 2016.
Queda no lucro e mudança na política de dividendos
A nova taxa de distribuição de dividendos foi fixada em 30% do lucro, abaixo da faixa anterior de 40% a 45%. A decisão ocorre em um momento de ajustes contábeis exigidos por novas regras, que obrigam os bancos a provisionar mais recursos e a deixar de contabilizar juros de operações de baixa qualidade.
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Mais da metade das ações do Banco do Brasil pertence ao governo federal, e a redução dos dividendos impacta diretamente o orçamento da União. A última vez que o banco havia diminuído esse percentual foi durante as restrições financeiras impostas pela pandemia de Covid-19.
Pressão sobre o agronegócio e ajustes nas projeções
O impacto mais forte das novas normas foi sentido na carteira do agronegócio, já pressionada pelo aumento dos pedidos de falência entre produtores rurais. Em maio, o Banco do Brasil retirou sua projeção de lucro para o ano devido à alta da inadimplência no setor, movimento que provocou queda de 13% nas ações em um único dia — a maior desvalorização em mais de cinco anos.
Agora, a instituição retomou as estimativas, prevendo queda de pelo menos 34% no lucro anual em relação a 2024. A CEO Tarciana Medeiros classificou 2025 como “um ano de ajuste, antes da retomada do crescimento”.
Reação do mercado e cenário futuro
As ações do Banco do Brasil acumulam queda de 17,9% em 2025, após já terem recuado 13% no ano passado. Analistas avaliam que, embora os resultados estejam em linha com um cenário de maior cautela no setor bancário, a combinação de lucro menor, dividendos reduzidos e aumento das provisões tende a manter o mercado em estado de atenção.
O desempenho do banco no segundo semestre dependerá da recuperação do crédito, da evolução da inadimplência no agronegócio e da capacidade da instituição de se adaptar às exigências contábeis mais rígidas.
Você acredita que a redução dos dividendos e o aumento das provisões foram decisões corretas para preservar a saúde financeira do Banco do Brasil? Deixe sua opinião nos comentários.