Medida do Banco Central bloqueia chaves suspeitas e pressiona bancos e fintechs: se houve falha na abertura de conta para laranja, a instituição pode ser responsabilizada e pagar o prejuízo.
O Banco Central apertou o cerco às fraudes com Pix ao implementar uma espécie de “lista suja” nacional de contas e chaves suspeitas. A medida, somada a novas rotinas de bloqueio e contestação, busca interromper rapidamente transações destinadas a contas laranja, reduzindo a vazão de golpes e ampliando a rastreabilidade dos casos.
Além de bloquear chaves irregulares, o arcabouço atual avança na responsabilização de bancos e fintechs. Se a instituição permitiu a abertura de conta para um laranja por falhas de checagem, ela pode ser obrigada a ressarcir a vítima cenário reforçado por decisões judiciais e pelo mecanismo oficial de devolução do Pix.
O que é a “lista suja” do Pix e como funciona
A chamada “lista suja” do Pix é um cadastro integrado ao ecossistema de pagamentos que marca chaves e contas com indícios de fraude.
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Não é um rol público, mas um sinal de alerta compartilhado entre instituições e o Banco Central, utilizado para bloquear remessas e acionar verificações adicionais antes que o dinheiro mude de mãos.
Na prática, o usuário pode ver a mensagem de “chave bloqueada” ao tentar pagar.
O registro das ocorrências nasce dentro dos próprios bancos e fintechs, que reportam comportamentos suspeitos ao arranjo do Pix.
Em paralelo, chaves atreladas a CPFs ou CNPJs irregulares podem ser excluídas, e novas ferramentas de contestação agilizam a análise dos casos.
O objetivo é cortar rotas de lavagem e reduzir a vida útil das contas usadas por quadrilhas.
Responsabilização de bancos e fintechs: quando há dever de ressarcir
O entendimento que vem se consolidando é direto: se a conta do golpista foi aberta com falha de controles por exemplo, onboarding sem validação eficaz de identidade a instituição pode responder pelo dano.
A lógica é de que o risco operacional é interno ao negócio financeiro; se ele transborda para o consumidor, cabe indenizar.
Esse movimento vale, sobretudo, para contas de laranjas. Quando a fintech permite que terceiros usem contas para receber valores ilícitos, por insuficiência de checagem, a responsabilidade tende a recair sobre ela.
Em alguns casos, além do estorno do valor, há espaço para danos morais, conforme o quadro fático e a extensão do prejuízo.
Como agir após um golpe: passo a passo com MED e contestação
Ao perceber a fraude, o primeiro passo é notificar imediatamente seu banco. Isso aciona o Mecanismo Especial de Devolução (MED), que bloqueia preventivamente os valores no banco recebedor e abre uma apuração entre as instituições. Agir rápido aumenta muito a chance de recuperação.
Em seguida, use o botão de contestação no aplicativo (quando disponível) para formalizar o relato de fraude, golpe ou coação.
O banco da vítima se comunica com o banco do recebedor; se houver indícios suficientes e saldo, o estorno pode ocorrer.
Guarde prints, boletim de ocorrência e protocolos a documentação bem organizada fortalece seu caso.
Privacidade, prevenção e dever de diligência
A lista de bloqueio não abre seus dados ao público: ela trabalha por sinais internos, priorizando a prevenção de perdas e a interrupção de rotas de fraude.
Do lado do usuário, boas práticas fazem diferença: desconfiar de urgências e descontos “imperdíveis”, conferir nome/CPF do recebedor antes de confirmar e evitar copiar/colar códigos de mensagens ou e-mails.
Para bancos e fintechs, o dever de diligência é inegociável: KYC/KYB robusto, biometria de qualidade, validação documental e monitoramento de transações são o mínimo.
Se a porta de entrada é frouxa, o risco jurídico e reputacional dispara. Em um ambiente de responsabilidade objetiva, o custo de não investir em controles tende a superar e muito o da prevenção.
Ferramentas do consumidor: Registrato e checagens úteis
Pelo Registrato, do Banco Central, é possível verificar chaves Pix cadastradas em seu nome e mapear relacionamentos financeiros.
Manter seu cadastro regular e remover chaves que você não usa reduz a superfície de ataque. Se uma cobrança parecer estranha, não pague: confirme com a empresa por canal oficial antes de transferir.
Outra defesa é dividir limites por camadas: manter limites diurnos e noturnos menores, usar contas separadas para pagamentos e reservas e ativar notificações de movimentação.
Quanto menos dinheiro exposto na conta do dia a dia, menor o impacto de um eventual golpe.
Consequências para laranjas e a malha de fraude
Emprestar a conta para movimentar valores de terceiros é conduta investigada e pode levar a responsabilização criminal, como falsidade ideológica, além de bloqueios e encerramentos de relacionamento bancário.
A “lista suja” encurta o circuito desses perfis, tornando mais rápida a identificação de redes que reciclam chaves e dispositivos.
No plano sistêmico, a coordenação entre Banco Central e instituições cria incentivos corretos: controles fortes viram vantagem competitiva, enquanto falhas custam caro em estornos, multas, ações judiciais e desgaste de marca.
O recado é inequívoco: tolerância zero com contas laranja.
As novas camadas de segurança miram golpes que viraram epidemia digital. Para você, o Banco Central foi na direção certa ao criar a “lista suja” e pressionar fintechs e bancos? Já tentou MED ou contestação funcionou? Quais práticas você adotou para reduzir risco no Pix (limites, contas separadas, checagens)? Conte nos comentários: seu relato ajuda a mostrar o que realmente protege e o que ainda precisa mudar.