Queda acentuada na habilitação de motoristas de caminhão e envelhecimento da categoria podem comprometer o transporte de cargas, que responde por 65% da logística no Brasil, segundo a Folha de S. Paulo
O Brasil enfrenta uma crise silenciosa no setor de transportes: o número de motoristas de caminhão habilitados caiu 62,89% na última década, de acordo com a Senatran. O dado reforça um alerta que já ecoa entre empresas e sindicatos, que falam em risco de apagão logístico nos próximos anos.
Com caminhões parados e contratos perdidos por falta de profissionais, cresce a preocupação sobre como o país, altamente dependente do modal rodoviário, vai garantir o escoamento de cargas em meio ao envelhecimento da categoria e à baixa entrada de novos trabalhadores.
Categoria envelhecida e sem renovação
Um dos pontos mais críticos é a idade média dos motoristas de caminhão, hoje em 46 anos. A pesquisa da CNTA mostra que 28% têm entre 46 e 55 anos e 23% já ultrapassaram os 56.
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A profissão deixou de atrair jovens, antes incentivados pela tradição familiar. Hoje, muitos pais desencorajam os filhos a assumir a boleia, preferindo investir em formação acadêmica.
A falta de renovação gera um efeito cascata no setor.
“Tem caminhões parados por falta de motorista. As empresas têm o equipamento, mas não o piloto, e contratos acabam sendo perdidos”, afirma Delmar Albarello, do Setcergs.
Por que a profissão perdeu atratividade
A rejeição à carreira está ligada a fatores como infraestrutura precária nas estradas, insegurança, baixa valorização do frete e longas jornadas fora de casa.
Conforme a Folha de S. Paulo, mesmo com a Lei do Piso Mínimo de Frete, criada após a greve de 2018, 35% dos motoristas afirmam que a regra “nunca é respeitada” e outros 33% dizem que ela “raramente é cumprida”.
Além disso, decisões judiciais recentes tornaram a rotina mais rígida.
Em 2023, o STF derrubou o fracionamento das 11 horas obrigatórias de descanso, o que, segundo representantes do setor, dificulta a vida dos autônomos e agrava a pressão sobre o transporte de longa distância.
Infraestrutura insuficiente nas rodovias
Outro entrave é a falta de locais adequados para repouso e segurança.
A CNTA aponta que existem apenas oito pontos de parada específicos para caminhoneiros, todos administrados por concessionárias.
Embora haja 176 postos de combustível certificados como PPDs, motoristas relatam problemas como cobrança para estacionar e risco de assaltos.
A precariedade empurra muitos trabalhadores para alternativas urbanas.
Dirigir para aplicativos exige menor investimento e permite ficar perto da família, ao contrário das longas rotas de até 3 mil quilômetros comuns no Brasil.
O peso do modal rodoviário na economia
De acordo com a CNT, 65% das cargas no país circulam pelas rodovias. Essa dependência torna o Brasil extremamente vulnerável à falta de motoristas.
“Não será um apagão imediato, mas a escassez já freia o crescimento econômico e ameaça a eficiência logística”, analisa Maurício Lima, do ILOS.
As empresas começam a buscar soluções internas, estimulando funcionários a tirarem habilitação de categoria C e arcando com parte dos custos, que hoje giram em torno de R$ 4.900.
A inclusão de mulheres também é vista como alternativa: elas representam apenas 1% dos caminhoneiros, mas há iniciativas para ampliar essa participação.
Transformações no modelo de contratação
Tradicionalmente dominado pelos autônomos com caminhão próprio, o setor pode passar por mudanças.
A tendência, segundo especialistas, é que empresas passem a contratar diretamente motoristas, investindo em ativos e treinamento para reduzir a dependência de agregados. Isso altera a dinâmica trabalhista e exige novas estratégias de gestão.
Casos como o de Tiago Santos de Souza, de 37 anos, mostram um caminho possível.
Estimulado pela Ativa Logística, ele deixou funções administrativas para se tornar caminhoneiro com apoio da empresa.
“Hoje viajo e no dia seguinte estou em casa, não fico semanas longe como meu tio ficava”, conta, animado com a profissão.
O futuro do transporte rodoviário no Brasil depende da capacidade de renovar a categoria e tornar a profissão mais atrativa.
Sem motoristas de caminhão, não há safra que chegue ao porto nem mercadoria que chegue à prateleira.
Você acredita que o país está diante de um risco real de apagão logístico? A profissão precisa de mais incentivos ou de uma transformação completa? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive essa realidade nas estradas e quem depende dela no dia a dia.
Salário ridículo, pressão alta, cobrança,horários apertado, carga horária mais de 12 dia até 20 horas dependendo,sem apoio em postos,radares e multas, tudo simplesmente horrível, tem que valorizar o mais rápido possível ou perde, simples assim
Já fui convidado a ser motorista de caminhão mas o que me i.pediu de aceitar é a baixa remuneração ganha se mais fazendo frete com uma carretinha dentro da cidade e aí dá nao tem patrão enchendo o saco trabalha se a hora que der
Querem que o motorista abandone a família por muito tempo, mas não pagam um salário digno e colocam gestores iguinorantes, que além de não conhecer nada sobre transportes e condições de rodovias, acham que podem tratar motorista que nem ****, tem que fechar as portas mesmo
É bem isso mesmo. É muita coisa que impede de ser motorista eu já estou aposentado e estou parando 😕 tem que melhorar muito para os caminhoneiros principalmente salários e segurança é lugar dignos e segurança no repouso.