Suposta nova geração de radares com design incomum está aparecendo nas ruas e confundindo motoristas enquanto amplia o alcance da fiscalização eletrônica nas cidades.
Uma estrutura instalada em alguns postes de radares de trânsito tem chamado a atenção dos motoristas nas vias brasileiras.
Conhecido popularmente como “radar pirâmide”, o equipamento é caracterizado por um formato triangular invertido que sugere, para muitos condutores, a presença de uma nova geração de radares inteligentes.
No entanto, apuração com fontes oficiais e especialistas revela que a estrutura não passa de um mecanismo antifurto e não possui nenhuma tecnologia de fiscalização adicional.
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A estrutura em formato de pirâmide não é um radar novo, mas sim um dispositivo de proteção.
Introduzida em rodovias como a Ayrton Senna (SP), ela visa dificultar o acesso ao radar verdadeiro, instalado logo acima, e evitar furtos e vandalismo.
A carenagem triangular impede escaladas improvisadas e protege componentes como câmeras e sensores, cujo valor pode ultrapassar R$ 100 mil.
A equipe do CPG fez um levantamento para saber até onde as informações sobre o novo suposto radar são verdadeiras. Confira:
Estrutura não possui tecnologia avançada
Ao contrário do que algumas publicações sugeriram, a pirâmide não abriga sensores LiDAR, conexão 5G, inteligência artificial embarcada ou sistemas de leitura automática de placas (OCR).
Essas tecnologias existem em alguns radares modernos instalados no país, mas sua presença não está ligada ao design triangular específico.
Trata-se de um erro comum associar a estrutura a um novo tipo de radar.
Segundo informações de fabricantes e órgãos de trânsito, o formato é apenas funcional e voltado à segurança do equipamento.
Radares inteligentes existem, mas são diferentes
Nos últimos anos, várias capitais brasileiras passaram a contar com radares inteligentes capazes de identificar infrações como uso de celular, avanço de sinal e ausência de cinto de segurança.
No entanto, esses avanços tecnológicos estão relacionados ao sistema interno dos radares, e não ao formato de proteção adotado.
O chamado “radar pirâmide” não possui relação direta com essas funcionalidades.
Denatran não testa o suposto radar pirâmide
Tampouco procede a afirmação de que o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) está testando esses dispositivos em cidades como São Paulo, Curitiba e Belo Horizonte desde o final de 2024.
A evolução da fiscalização eletrônica tem ocorrido via órgãos locais, como a CET e prefeituras, e através de parcerias com empresas privadas.
Até o momento, não há programa nacional em andamento voltado à instalação massiva de estruturas piramidais.
Número de municípios com estrutura não é confirmado
A estimativa de que esse suposto novo radar esteja presente em 50 municípios até o fim de 2025 também não encontra respaldo documental.
A estrutura piramidal é usada de forma pontual em regiões com alto índice de vandalismo e não faz parte de uma política de expansão nacional.
Já a instalação de radares modernos com OCR e IA já ocorre em mais de 24 estados, com mais de 700 dispositivos em operação, segundo levantamento de 2024.
Não há comprovação de redução de acidentes
Sobre a promessa de redução de até 30% nos sinistros graves com o uso da tecnologia, não há estudos oficiais ou estatísticas que comprovem esse número ligado à estrutura piramidal.
Embora radares inteligentes possam sim contribuir para queda nos acidentes, os percentuais variam por região e período.
Em Salvador, por exemplo, houve redução de mais de 50% nas mortes após uma década de uso de radares Doppler, mas sem relação com estruturas em formato de pirâmide.
Integração com segurança pública é limitada
O mesmo vale para a suposta integração entre esses radares e bancos de dados de segurança pública.
Cidades como São Paulo e Salvador utilizam câmeras OCR ligadas a centrais de monitoramento para identificar veículos roubados, mas isso é feito por meio de sistemas de software e conexões seguras, não por conta do design da carenagem do equipamento.
Com base nas evidências levantadas, o chamado “radar pirâmide” é um nome informal dado a uma proteção metálica instalada em alguns equipamentos, sem relação com novas tecnologias de fiscalização ou integração com a segurança pública.
A confusão tem origem na aparência incomum da estrutura, mas não há qualquer indício de que represente uma revolução no controle de trânsito.
Diante disso, a dúvida que fica é: Você acredita que a aparência desse tipo de radar deveria ser mais claramente sinalizada para evitar confusões entre os motoristas?