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Novas regras do Pix prometem bloquear contas em cadeia, mas risco de inocentes sofrerem travas e prejuízos cresce

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 16/09/2025 às 12:29
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Enquanto as novas regras do Pix prometem acelerar a devolução de valores de golpes, especialistas alertam para bloqueios em cadeia que podem atingir usuários honestos

Segundo relatos do setor e explicações tornadas públicas em entrevistas e reportagens de TV, as novas regras do Pix devem ampliar o alcance dos bloqueios quando uma vítima reporta fraude, permitindo rastrear e travar todas as contas por onde o dinheiro passou. A promessa é agilizar o ressarcimento, mas cresce o temor de que pessoas sem relação com o crime sofram travas e prejuízos se não conseguirem comprovar a legitimidade da transação com rapidez.

Na prática, as novas regras do Pix criam um mecanismo que, após a contestação, bloqueia a conta do suspeito e também contas subsequentes pelas quais o valor circulou. O objetivo declarado é estornar o dinheiro à vítima em poucos dias, mas comerciantes, prestadores de serviço e quem negocia itens usados temem bloqueios preventivos mesmo em vendas legítimas — cenário em que provar a boa-fé pode ser difícil.

O que muda nas novas regras do Pix

O cerne das novas regras do Pix é o bloqueio em cadeia: comunicada a fraude, a instituição do pagador notifica o ecossistema e os recursos ficam travados não só na conta do suposto golpista, mas também nas contas para as quais o dinheiro foi repassado.

A ideia é fechar o cerco aos estelionatários, que hoje transferem valores em segundos para “contas de passagem”.

Além do bloqueio ampliado, os bancos devem oferecer um botão de contestação diretamente na área do Pix para agilizar o início do procedimento.

Há menção a fase facultativa em 23 de novembro e obrigatoriedade a partir de 2 de fevereiro, com testes e pilotos já entre outubro e novembro.

Em tese, o prazo para conclusão do estorno gira em torno de dias, mas o usuário pode ficar com valores travados nesse período, o que acende alertas para quem depende de fluxo de caixa.

Quem pode ser bloqueado (e por quê)

Qualquer elo da cadeia pode sofrer bloqueio preventivo se o valor contestado tiver passado pela sua conta — mesmo que você não conheça a vítima ou o autor do golpe.

Isso inclui lojistas, autônomos, diaristas, microempreendedores, vendedores de itens usados e pequenos comércios que recebem via Pix.

O racional é preservar o dinheiro para futura devolução enquanto a instituição investiga.

O risco é óbvio: quem vendeu de boa-fé (ex.: um celular usado, uma diária de faxina, um serviço por encomenda) pode ter a conta travada sem ter ligação com a fraude.

Sem comprovantes robustos, a reversão pode demorar — e o prejuízo de caixa é imediato.

Quanto tempo duram os bloqueios e como provar boa-fé

Pelo desenho divulgado, o bloqueio é imediato após a contestação e pode perdurar até a decisão sobre o estorno. Cada caso dependerá da análise documental, o que torna organização de provas um fator decisivo.

Notas, recibos, contratos, conversas com o cliente, prints de anúncios e comprovantes de entrega podem inverter o ônus prático e acelerar a liberação.

Sem documentação mínima, o risco aumenta. Em transações informais (ex.: venda entre pessoas físicas), formalize o básico: descrição do produto/serviço, preço, data, nome e CPF das partes, e comprovantes de entrega/execução.

Quanto mais rastros lícitos, maior a chance de liberação rápida caso seu Pix entre na “rota” de um golpe alheio.

Onde as novas regras do Pix mais vão pesar

Mercado de usados e serviços informais devem sentir primeiro: trocas entre desconhecidos, sem nota e sem protocolo de entrega, são alvos fáceis de disputa.

Comércios de alta rotatividade (bares, pequenos mercados, delivery) também podem sofrer travamentos de caixa se receberem valores contaminados pelo rastro de fraude.

Em contrapartida, ambientes com emissão de nota, comprovante logístico e regras de chargeback claras tendem a reduzir a exposição.

Marketplaces que intermediam pagamento e verificação podem servir de “para-choque”, ainda que cobrem taxas.

Por que o Banco Central aposta no bloqueio em cadeia

O argumento central é quebrar a velocidade do crime. Golpistas esvaziam contas em minutos, pulverizando valores em múltiplas “contas-mulas”.

As novas regras do Pix tentam fechar essa janela ao transformar cada conta de passagem em ponto de retenção.

Em teoria, isso eleva a taxa de recuperação e desestimula quadrilhas que usam o Pix como “esteira” de lavagem.

O contraponto: o sistema pode errar para mais, travando dinheiro lícito até prova em contrário.

Sem parâmetros e salvaguardas claros, cresce a percepção de insegurança jurídica para o usuário comum — especialmente quem não tem estrutura para litigar ou documentar.

Vale a pena mudar hábitos de recebimento?

Para quem vive de prestação de serviços ou compra e venda de usados, sim. Três movimentos práticos reduzem risco sob novas regras do Pix:

Formalize: gere nota/recibo, detalhe produto/serviço, CPF/CNPJ das partes e política de cancelamento.

Comprove entrega/execução: fotos, vídeos, protocolo de retirada/entrega, assinatura digital ou confirmação por mensagem.

Diversifique meios: avalie intermediação por marketplaces, cartão (com comprovante), TED para tickets altos, ou sinal + saldo na entrega.

Para vendas entre pessoas físicas, combine local público, registre conversa e acordo, e guarde a prova de entrega (ex.: foto do comprador com o item e horário).

Como se proteger: checklist objetivo

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Antes de receber

  • Confirme dados do pagador (nome/CPF/CNPJ iguais ao combinado).
  • Envie proposta por escrito (descrição, valor, data, política de devolução).

No ato

  • Evite Pix de terceiros sem relação com a compra.
  • Registre a entrega (foto/vídeo, assinatura, código de retirada).

Depois

  • Arquive tudo por 6–12 meses: comprovante de Pix, conversas, recibo/nota, evidências de entrega.
  • Monitore alertas do banco e responda imediatamente a qualquer contestação.

As novas regras do Pix podem aumentar a recuperação de valores e desorganizar redes de fraude, mas trazem um risco concreto de bloqueios a inocentes — sobretudo em transações informais.

Quem documenta, sobrevive: em um ambiente de bloqueios preventivos, prova é liquidez.

Você concorda com o bloqueio em cadeia do Pix? Já teve valor travado por contestação de terceiros? A regra vai aumentar a segurança ou punir quem trabalha direito? Conte sua experiência — relatos reais ajudam outros leitores a se protegerem.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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