O programa Nova Indústria Brasil recebeu R$ 127,8 bilhões em propostas no Nordeste, mas só havia R$ 10 bilhões em crédito, o que pode deixar projetos sem financiamento.
A Nova Indústria Brasil revelou a força da demanda do setor produtivo e, ao mesmo tempo, a fragilidade da capacidade de financiamento público. Segundo o portal movimentoeconomico, o BNDES recebeu R$ 127,8 bilhões em propostas de empresas nordestinas, quase 13 vezes mais do que os R$ 10 bilhões oferecidos nesta chamada. O resultado acendeu o alerta: muitos projetos de inovação, transição energética e desenvolvimento sustentável podem ficar sem crédito, atrasando a reindustrialização do país.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que a seleção será criteriosa e que projetos consistentes terão prioridade, mesmo que haja necessidade de elevar o valor inicialmente previsto.
Para especialistas, o excesso de demanda mostra tanto o potencial da região quanto o desafio de viabilizar políticas industriais de longo prazo.
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O que é a Nova Indústria Brasil
Lançada em maio, a Nova Indústria Brasil é uma política nacional voltada à inovação tecnológica, reindustrialização e sustentabilidade. A chamada do Nordeste foi a maior já realizada, reunindo o BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e Finep, com apoio técnico da Sudene e do Consórcio Nordeste.
Segundo o movimentoeconomico, o objetivo é consolidar a região como nova fronteira de investimentos industriais, ampliando competitividade e reduzindo desigualdades históricas.
O governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Rafael Fonteles, destacou que a procura expressiva reforça a necessidade de ampliar o acesso ao crédito produtivo.
Setores que mais demandaram crédito
Foram 246 propostas registradas nos nove estados nordestinos, distribuídas em cinco áreas estratégicas: hidrogênio verde (R$ 54,3 bilhões), setor automotivo e máquinas agrícolas (R$ 25,2 bilhões), data centers verdes (R$ 16,9 bilhões), transição energética (R$ 15,3 bilhões) e bioeconomia para fármacos (R$ 5,4 bilhões).
O destaque foi para o hidrogênio verde, responsável por quase metade do montante solicitado. Além disso, 88% dos projetos vieram de pequenas e médias empresas, 73% tiveram participação de instituições de ciência e tecnologia e cerca de 30% foram estruturados em consórcios.
Isso mostra que o interesse não está restrito a grandes indústrias, mas se espalha por diferentes escalas do setor produtivo.
A disputa por recursos limitados
Apesar do volume expressivo de propostas, apenas R$ 10 bilhões estão disponíveis nesta fase da Nova Indústria Brasil. Essa diferença de proporção levanta dúvidas sobre quantos projetos realmente sairão do papel.
O presidente da Finep, Luiz Antonio Elias, classificou a chamada como um marco para políticas públicas, mas admitiu que será necessário buscar alternativas de financiamento para não frustrar empresas e governos locais.
Segundo analistas, a lacuna de crédito pode gerar atrasos em áreas estratégicas para a economia, como energias renováveis e indústria farmacêutica.
O risco é que projetos inovadores fiquem pelo caminho, mesmo diante de uma demanda clara do setor produtivo.
O impacto para o Nordeste e para o país
Para o movimentoeconomico, a Nova Indústria Brasil colocou o Nordeste no centro do debate sobre o futuro industrial do país. A região atraiu atenção não apenas pelo volume de propostas, mas pela diversidade de setores envolvidos.
Isso reforça a ideia de que o Brasil precisa de políticas industriais consistentes, com financiamento previsível e escalável.
A sobrecarga de projetos em relação ao crédito disponível mostra que a procura por modernização é maior do que a capacidade atual de suporte financeiro.
Se não houver ampliação dos recursos, o risco é de perda de competitividade global e desperdício de oportunidades em setores estratégicos.
A Nova Indústria Brasil mostrou que o apetite por investimentos é enorme, mas também escancarou os limites da política de crédito disponível.
De um lado, há empresas prontas para inovar; de outro, a falta de recursos ameaça engavetar ideias fundamentais para a reindustrialização do país.
Você acredita que o governo deveria ampliar os recursos da Nova Indústria Brasil para atender essa demanda histórica? Ou acha que a seleção rigorosa dos projetos é o caminho certo?
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