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‘Nova bolha’ ignora fundamentos e repete erros que destruíram US$ 5 trilhões na crise das .com dos anos 90

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 12/08/2025 às 13:39
Uma em cada cinco empresas abertas em 1999 sumiu até 2002, e sinais da nova bolha acendem alerta nos mercados
Uma em cada cinco empresas abertas em 1999 sumiu até 2002, e sinais da nova bolha acendem alerta nos mercados
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Estamos vivendo uma nova bolha? A história não contada da bolha das .com. Fenômeno dos anos 90 destruiu trilhões de dólares e deixou lições que podem evitar um novo colapso

Estamos realmente diante de uma nova bolha ou é apenas mais um ciclo de euforia do mercado? Para responder, é preciso revisitar a virada do milênio, quando a bolha das empresas .com transformou otimismo tecnológico em prejuízos históricos. Entre 1995 e 2000, a internet criou um ambiente de investimento sem precedentes — e também o cenário perfeito para uma das maiores crises da história do mercado financeiro moderno.

Na época, qualquer negócio com “internet” no nome atraía bilhões, mesmo sem lucro, caixa ou modelo sustentável. O resultado foi um colapso que eliminou empresas inteiras, derrubou o índice Nasdaq em 75% e destruiu cerca de US$ 5 trilhões em valor de mercado. Hoje, com valuations astronômicos em setores como inteligência artificial, blockchain e metaverso, muitos analistas se perguntam: estamos prestes a viver uma nova bolha?

Como a internet criou o terreno para a bolha

O início dos anos 90 foi marcado pelo avanço rápido da internet comercial. O navegador Mosaic surgiu em 1993, seguido pelo Netscape, que popularizou a navegação online. Empresas como Amazon eram apenas startups, e a Apple estava à beira da falência. Mesmo assim, investidores acreditavam que o mundo digital transformaria completamente o comércio, as finanças e a comunicação.

O clima econômico era favorável: juros baixos, desemprego em queda e euforia sobre a “nova economia”. A imprensa exaltava jovens bilionários e empresas com nomes futuristas, e métricas tradicionais como lucro e margem foram substituídas por números de acessos e cadastros. Essa combinação criou o ambiente perfeito para uma bolha especulativa.

Exemplos clássicos de excesso e fracasso

O caso da Pets.com é um dos mais lembrados. Fundada em 1998 para vender produtos para animais pela internet, a empresa queimava dinheiro em frete grátis e marketing pesado, incluindo comerciais no Super Bowl. Em menos de dois anos, foi à falência.

Outro exemplo é a Webvan, criada para revolucionar a entrega de supermercados. Recebeu mais de US$ 400 milhões em capital antes de começar a operar, construiu centros de distribuição caros e uma frota própria. O resultado foi um colapso em menos de 24 meses. A eToys.com, avaliada em US$ 8 bilhões, também não sobreviveu.

Essas histórias mostram como o capital de risco, quando guiado apenas pela euforia, pode acelerar o colapso.

O efeito Coiote e o estouro da bolha

Em março de 2000, o índice Nasdaq atingiu seu pico histórico. Dez dias depois, começou uma queda que destruiria três quartos de seu valor. Em dois anos, uma em cada cinco empresas abertas em 1999 havia desaparecido. O estouro revelou que muitas companhias sequer tinham receita, e que o modelo de crescimento ilimitado era insustentável.

Economistas apontam três elementos para crises desse porte: fogo (inovação), vento (capital fácil) e combustível (ganância). A bolha das .com teve todos.

Quem sobreviveu e prosperou

Algumas empresas conseguiram atravessar a tempestade. A Amazon, que perdeu 90% do valor, focou em eficiência e expansão. A Apple, salva por um aporte da Microsoft e pela volta de Steve Jobs, lançou o iPod e iniciou sua ascensão até se tornar a marca mais valiosa do mundo. Esses casos mostram que negócios com fundamentos sólidos podem resistir a crises profundas.

Estamos vivendo uma nova bolha?

Hoje, vemos startups com prejuízos bilionários e promessas de disrupção semelhantes às dos anos 90. A diferença é que as gigantes atuais, como Apple, Microsoft e Google, têm caixa robusto e modelos comprovados. Ainda assim, setores como inteligência artificial e blockchain apresentam sinais de supervalorização que preocupam analistas.

A lição central é clara: lucro, geração de caixa e entrega real de valor continuam sendo a base da sobrevivência. Sem isso, qualquer projeto pode repetir o roteiro da Pets.com.

Você acha que o mercado de hoje está repetindo os erros do passado? Ou acredita que aprendemos com a bolha das .com e estamos mais preparados para evitar uma nova bolha? Deixe sua opinião nos comentários — seu ponto de vista pode enriquecer o debate.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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