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Nordeste brasileiro vira epicentro do hidrogênio verde: Ceará, Bahia e Pernambuco disputam megaprojetos de US$ 30 bilhões que podem gerar 50 mil empregos até 2030.

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 22/08/2025 às 08:25
Nordeste brasileiro vira epicentro do hidrogênio verde: Ceará, Bahia e Pernambuco disputam megaprojetos de US$ 30 bilhões que podem gerar 50 mil empregos até 2030.
Foto: Nordeste brasileiro vira epicentro do hidrogênio verde: Ceará, Bahia e Pernambuco disputam megaprojetos de US$ 30 bilhões que podem gerar 50 mil empregos até 2030.
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Nordeste se transforma no coração do hidrogênio verde: Ceará, Bahia e Pernambuco disputam megaprojetos de energia limpa que prometem atrair mais de US$ 30 bilhões em investimentos e gerar milhares de empregos até 2030

O mundo atravessa uma transição energética sem precedentes e o hidrogênio verde desponta como peça-chave para reduzir emissões em setores industriais e logísticos. No Brasil, a região que mais se destaca nessa corrida é o Nordeste, onde Ceará, Bahia e Pernambuco travam uma disputa estratégica para sediar megaprojetos capazes de movimentar mais de US$ 30 bilhões até 2030.

Não se trata apenas de uma promessa tecnológica. A transformação pode reposicionar o Nordeste, historicamente marcado por desigualdades, como epicentro global da energia limpa, exportando combustível para Europa, Ásia e Estados Unidos.

Ceará: o Porto do Pecém como vitrine internacional

Entre os estados, o Ceará saiu na frente com o Porto do Pecém, considerado o hub mais avançado do país para o hidrogênio verde.

  • Em 2023, a EDP inaugurou a primeira planta piloto de hidrogênio no Brasil, provando a viabilidade técnica.
  • Em 2025, dezenas de memorandos de entendimento já foram assinados entre o governo do Ceará e multinacionais da Europa, China e Austrália.
  • O porto firmou um acordo histórico com Roterdã, na Holanda, criando o primeiro corredor verde do Atlântico.
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A ideia é simples, mas ambiciosa: produzir hidrogênio a partir de fontes solar e eólica, transformá-lo em amônia verde e exportar em navios cargueiros rumo à Europa. A Alemanha já declarou interesse em comprar volumes expressivos para substituir parte do gás russo, e a Holanda quer transformar Pecém em fornecedor fixo para seus terminais portuários.

Bahia: Camaçari e a reinvenção industrial

Na Bahia, o polo de Camaçari, berço da petroquímica nacional, busca se reinventar. O destaque é o projeto da Unigel, que anunciou investimentos de mais de R$ 1 bilhão na construção da primeira planta industrial de amônia verde em escala comercial do Brasil.

O plano é usar o hidrogênio produzido a partir da eletrólise para gerar fertilizantes e derivados químicos, reduzindo a dependência de insumos importados. Caso os planos de expansão se confirmem, Camaçari pode se tornar, até 2030, o maior polo de produção de derivados de hidrogênio da América Latina.

A Bahia aposta não apenas na exportação, mas também em criar cadeias industriais internas, garantindo maior valor agregado e geração de empregos qualificados.

Pernambuco: Suape e o futuro do e-metanol

O Porto de Suape, em Pernambuco, também figura como um dos polos estratégicos do Plano Nacional do Hidrogênio (PNH2). O estado já atraiu um projeto para produzir e-metanol, combustível sintético criado a partir do hidrogênio verde e CO₂ biogênico.

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O investimento anunciado supera R$ 2 bilhões e coloca Suape como potencial fornecedor para o mercado asiático, especialmente Japão e Coreia do Sul, que buscam alternativas de combustível para aviação e transporte marítimo.

Além disso, o porto já conta com uma infraestrutura logística robusta e localização estratégica, fatores que ampliam sua competitividade na corrida global.

A guerra dos investimentos bilionários

O número que impressiona é o total: mais de US$ 30 bilhões em projetos anunciados até 2030. Nem todos estão em fase final de decisão, mas revelam o apetite internacional.

  • Ceará: acordos com Europa e China; projetos de até 500 MW já anunciados.
  • Bahia: polo de Camaçari em expansão, com capacidade de produção industrial de amônia verde.
  • Pernambuco: megaprojeto de e-metanol, já considerado referência em inovação no setor.

A disputa é tão intensa que governadores do Nordeste se revezam em agendas internacionais, buscando atrair investidores e assinar memorandos que podem garantir bilhões em receitas futuras.

Empregos e desenvolvimento regional

Além da geopolítica e da tecnologia, há uma promessa imediata: empregos e desenvolvimento local. Estudos preliminares indicam que os hubs de hidrogênio verde no Nordeste podem gerar 50 mil empregos diretos e indiretos até 2030, principalmente nas fases de construção e operação.

Isso significa transformar o semiárido nordestino, tradicionalmente marcado pela seca e pela migração, em polo de inovação e oportunidades. Do sertão ao mundo, a narrativa energética ganha contornos sociais e econômicos.

O risco da exportação bruta

Apesar do entusiasmo, especialistas alertam que o Brasil pode repetir o erro histórico de exportar apenas matéria-prima barata. Se o hidrogênio verde sair do Nordeste apenas na forma de amônia, sem encadeamento industrial, o país pode perder a chance de criar uma indústria nacional de maior valor agregado — como siderurgia verde, fertilizantes sustentáveis e combustíveis sintéticos para aviação.

Tanto a Europa quanto a China já demonstraram interesse em comprar, mas ambos querem processar os derivados fora do Brasil, deixando por aqui apenas os custos ambientais e parte dos empregos de base.

Nordeste como vitrine da transição energética

Ainda assim, o fato é que o Nordeste já entrou para o mapa dos principais hubs globais de hidrogênio verde. Poucas regiões do mundo oferecem a mesma combinação de sol, vento, portos estratégicos e estabilidade política.

Com acordos firmados com a Alemanha, Holanda, China e Austrália, a região tem tudo para se tornar um dos maiores players mundiais da energia limpa. O desafio agora é garantir transferência de tecnologia, política industrial robusta e maior integração com o setor produtivo nacional.

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O Nordeste brasileiro tem diante de si uma oportunidade única: deixar de ser visto como região periférica e assumir o papel de coração energético do século XXI. Ceará, Bahia e Pernambuco travam uma disputa saudável, mas que pode redesenhar não apenas a economia local, mas também a posição do Brasil no mundo.

A janela é curta. Até 2030, o mundo terá definido os grandes fornecedores de hidrogênio verde. Se o Brasil souber negociar, poderá não apenas exportar energia limpa, mas também criar uma nova matriz industrial verde, com empregos, inovação e protagonismo global. Caso contrário, corre o risco de ser lembrado apenas como mais um fornecedor barato de insumos em uma cadeia dominada por outros.

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Júlio Cesar
Júlio Cesar
22/08/2025 09:31

Inovação e desenvolvimento andam juntos e sem dependência de ideologia

Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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