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Nobel da Paz 2024 surpreende com premiação de grupo japonês que alerta para os perigos nucleares em um mundo à beira do caos

Escrito por Ana Alice
Publicado em 14/10/2024 às 19:10
Nihon Hidankyo, grupo de sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, vence o Nobel da Paz 2024 e alerta sobre os riscos nucleares. ( Imagem: Reprodução/IA)
Nihon Hidankyo, grupo de sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, vence o Nobel da Paz 2024 e alerta sobre os riscos nucleares. ( Imagem: Reprodução/IA)

O Nobel da Paz 2024 vai para o grupo Nihon Hidankyo, formado por sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Em um mundo marcado por guerras e ameaças nucleares, essa escolha impactante alerta para os riscos iminentes de um novo desastre nuclear. Um lembrete urgente para a necessidade de desarmamento global.

O mundo recebeu, na manhã desta sexta-feira (11), uma notícia que abalou o cenário geopolítico: em um momento de tensão crescente e ameaças de guerra nuclear, o Nobel da Paz de 2024 foi concedido ao grupo japonês Nihon Hidankyo.

Em tempos de conflitos armados e constantes ameaças nucleares, essa decisão provocou um forte impacto, especialmente por ser uma escolha inesperada, que contrariou as previsões de especialistas e casas de apostas.

Mas o que há por trás dessa premiação? Por que, em meio ao cenário atual, os sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki foram escolhidos para receber o mais prestigiado prêmio pela paz?

Nihon Hidankyo, grupo de sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, vence o Nobel da Paz 2024 e alerta sobre os riscos nucleares. (Video G1)

Nihon Hidankyo: a luta pela abolição nuclear

De acordo com o portal G1, a Nihon Hidankyo é uma organização formada por sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, que devastaram as cidades japonesas em 1945.

Desde então, o grupo se tornou uma das vozes mais ativas e influentes na luta pelo desarmamento nuclear global. A premiação foi vista como um “lembrete ao mundo dos riscos do uso de armas nucleares”, conforme apontou o Comitê do Nobel.

O cenário mundial atual, marcado por guerras na Ucrânia, Oriente Médio e Sudão, com ameaças nucleares se tornando uma possibilidade real, tornou essa escolha ainda mais simbólica.

Segundo o comitê, “o tabu das bombas nucleares está ameaçado” e os esforços da Nihon Hidankyo são fundamentais para manter viva a memória das consequências devastadoras dessas armas.

Ameaças nucleares ressurgem em meio a tensões globais

A preocupação global com o uso de armas nucleares não é infundada. Desde a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, em 2018, as tensões no Oriente Médio aumentaram.

De acordo com especialistas, o Irã, que tem ogivas nucleares e sempre afirmou usá-las apenas para fins civis, passou a considerar um programa militar nuclear.

Recentemente, o Parlamento iraniano começou a discutir um projeto de lei que prevê a expansão da indústria nuclear do país.

Além disso, na guerra da Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, mencionou repetidas vezes a possibilidade de usar armas nucleares, o que gerou apreensão no Ocidente.

Já a Coreia do Norte, liderada por Kim Jong-un, também tem feito declarações inflamadas, afirmando possuir ogivas nucleares prontas para serem usadas.

Israel, outro país envolvido em conflitos no Oriente Médio, também é alvo de suspeitas sobre a posse de um arsenal nuclear, embora o governo nunca tenha confirmado nem negado tais alegações.

Uma escolha simbólica e necessária

O Nobel da Paz 2024, então, vai além de um simples reconhecimento dos esforços da Nihon Hidankyo. A premiação funciona como um alerta global em tempos de crises cada vez mais intensas.

O Comitê do Nobel ressaltou que o prêmio é um “sinal de que a abolição das armas nucleares é possível”, e destacou a importância dos depoimentos dos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, que relatam os horrores de um ataque nuclear e o impacto que isso causa na vida de milhares de pessoas.

“Este prêmio será uma grande força para lembrar o mundo de que a abolição das armas nucleares pode ser alcançada”, disse Toshiyuki Mimaki, diretor da Nihon Hidankyo e sobrevivente de Hiroshima, em uma entrevista após o anúncio.

Mimaki destacou que o grupo continuará sua missão de impedir o uso de tais armas e reforçar a necessidade de desarmamento nuclear.

O prêmio e seus impactos

Além do prestígio internacional, o Nobel da Paz inclui uma quantia de US$ 1,1 milhão (aproximadamente R$ 6 milhões), um diploma e uma medalha de ouro.

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, declarou que a vitória da Nihon Hidankyo tem um “significado extremamente importante”, especialmente considerando a longa história do Japão como uma nação comprometida com a abolição das armas nucleares.

A Nihon Hidankyo foi informada sobre o prêmio pelos meios de comunicação, e a reação foi de surpresa e emoção.

Para os sobreviventes das bombas atômicas, essa premiação representa um reconhecimento de décadas de luta por um mundo sem armas nucleares.

Concorrência forte e favoritos inesperados

Antes da decisão final, os especialistas sugeriam que figuras como António Guterres, secretário-geral da ONU, ou organizações como a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) estivessem entre os favoritos para receber o Nobel.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também aparecia entre os nomes cotados.

Outro nome de destaque nas apostas era o Papa Francisco, conhecido por suas campanhas em prol da paz mundial e sua crítica constante ao uso de armas nucleares.

Em 2024, o número de indicados ao prêmio foi expressivo, com 286 nomes, embora a lista oficial seja mantida em sigilo por 50 anos, como determina o protocolo do Comitê do Nobel.

Histórico do Nobel da Paz e seu legado

Desde sua criação, em 1901, o Nobel da Paz já foi concedido a 103 pessoas e 27 organizações. No entanto, em 19 ocasiões, o prêmio não foi entregue, sendo a última vez em 1972.

O testamento de Alfred Nobel, criador da premiação, estipula que o prêmio deve ser concedido àqueles que promovem a fraternidade entre as nações e a redução de exércitos permanentes.

No ano passado, a iraniana Narges Mohammadi, ativista pelos direitos das mulheres e da liberdade de expressão em seu país, recebeu o prêmio.

A escolha deste ano, contudo, voltou a focar na questão nuclear, uma ameaça que parece se aproximar cada vez mais da realidade global.

Com tantos conflitos ativos e a crescente discussão sobre o uso de armas nucleares, será que o mundo vai finalmente ouvir o apelo de grupos como a Nihon Hidankyo e caminhar para o desarmamento? Ou estamos condenados a repetir os erros do passado? Deixe sua opinião.

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