Startup francesa aposta no uso da cana-de-açúcar para fabricar biocarvão de cana, tecnologia que captura carbono e melhora a qualidade do solo.
A startup francesa NetZero anunciou a inauguração, em fevereiro de 2025, de uma fábrica pioneira em Campina Verde (MG) dedicada à produção de biocarvão de cana. A unidade terá capacidade inicial de 4.000 toneladas por ano, consolidando o Brasil como polo estratégico na produção dessa tecnologia.
Segundo o Jornal de Brasília, a proposta é transformar resíduos da cana-de-açúcar, abundantes no país, em um produto considerado promissor para capturar CO₂ da atmosfera e regenerar solos agrícolas, abrindo novas oportunidades em sustentabilidade e créditos de carbono.
O que é o biocarvão de cana e como ele funciona
O biocarvão à base de cana-de-açúcar é obtido por meio da pirólise, processo que consiste na queima controlada de resíduos vegetais em altas temperaturas.
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Essa técnica permite reter o carbono absorvido pelas plantas durante o crescimento, impedindo que ele retorne à atmosfera e contribua para o aquecimento global.
Além do impacto ambiental, o produto possui alta porosidade, o que favorece a retenção de água e nutrientes no solo, tornando-o mais fértil e resistente a períodos de seca.
Segundo especialistas citados pela NetZero, trata-se de uma solução com duplo benefício: reduzir emissões e aumentar a produtividade agrícola.
Por que Minas Gerais foi escolhida para a fábrica
A escolha de Campina Verde, em Minas Gerais, não foi por acaso. A região é um dos maiores polos de cultivo de cana do Brasil, o que garante abundância de matéria-prima para o projeto.
Estima-se que o país seja responsável por 40% dos resíduos globais de cana, um total de 700 milhões de toneladas anuais.
Os talos que abastecerão a nova unidade serão fornecidos por uma grande empresa agrícola local, que também utilizará o biocarvão de cana em suas próprias plantações, reforçando a economia circular e o uso sustentável dos resíduos.
NetZero e a aposta na captura de carbono
Fundada em 2021 por Olivier Reinaud, Axel Reinaud e o climatologista Jean Jouzel, a NetZero já opera cinco fábricas de biocarvão no mundo quatro no Brasil, focadas em resíduos de café, e uma em Camarões.
Agora, a empresa amplia sua atuação com a primeira planta dedicada exclusivamente à cana-de-açúcar.
Segundo Olivier Reinaud, “somos os primeiros a registrar junto ao Ministério da Agricultura do Brasil o biocarvão como meio para melhorar o solo”.
Nos últimos anos, a startup também atraiu investidores por meio da venda de créditos de carbono, o que viabilizou a expansão do modelo para países tropicais.
O impacto esperado para o setor agrícola e ambiental
A fábrica mineira deve marcar um salto na industrialização do biocarvão nas regiões tropicais, criando um modelo replicável para outras áreas produtoras de cana.
Especialistas avaliam que a tecnologia pode ser fundamental para reduzir emissões do setor agrícola, responsável por uma parte significativa do CO₂ global.
No campo econômico, o biocarvão de cana abre caminho para novas fontes de receita por meio da valorização de créditos de carbono, ao mesmo tempo em que entrega ganhos diretos para os agricultores em forma de solos mais férteis e produtivos.
A iniciativa da NetZero em Minas Gerais mostra como o biocarvão de cana pode transformar resíduos agrícolas em ativos sustentáveis, conciliando preservação ambiental e produtividade.
Com 4.000 toneladas anuais previstas já no primeiro ano, o Brasil reforça sua posição de protagonista na transição para práticas mais verdes.
Você acredita que o biocarvão de cana pode realmente se tornar uma solução de larga escala para o agronegócio brasileiro? Acha que essa tecnologia pode mudar o mercado agrícola?
Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir sua visão sobre o impacto desse projeto.