Com aparência de um buraco negro na Terra, a misteriosa mancha no centro da Líbia esconde 150 vulcões extintos formados por plumas do manto, um fenômeno raro fora das zonas de falha da crosta terrestre
Vivemos em um planeta que continua sendo um verdadeiro oásis em meio à imensidão do universo. Um planeta maravilhoso que conhecemos bastante, sem dúvida, mais do que qualquer outro, mas que ainda consegue nos surpreender.
Um planeta para se admirar, e não apenas de sua superfície, mas também do espaço, de onde, às vezes, surgem fenômenos surpreendentes. Como uma enorme mancha escura visível no meio do deserto do Saara, na Líbia.
Uma misteriosa mancha escura
Desde que a humanidade passou a ter acesso a imagens da Terra vista do espaço, desenvolvemos uma nova consciência sobre o lugar em que vivemos. Hoje em dia, já nos acostumamos com isso, e imagens como as do satélite Meteosat, que nos permite observar as nuvens a 36.000 quilômetros de altitude, fazem parte da nossa rotina há anos, aparecendo na televisão durante o almoço ou o jantar. E, nos últimos anos, essas imagens também estão ao alcance das mãos, nos celulares e computadores, sempre que quisermos.
Temos uma grande quantidade de satélites orbitando a Terra, e alguns ainda nos surpreendem com imagens impressionantes, paisagens que revelam antigas cicatrizes deixadas pela atividade vulcânica de milhões de anos atrás. Mas há um fenômeno geológico em particular que chamou a atenção de muitos observadores: uma vasta mancha escura que parece absorver a luz, situada no coração do Saara.
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Uma paisagem que parece um buraco negro na Terra
Essa mancha escura, salpicada por pequenos fragmentos dourados que brilham sob a luz do sol, é uma antiga paisagem vulcânica localizada no centro da Líbia, conhecida como Haruj. Com uma área estimada entre 42.000 e 45.000 km² (a Catalunha tem cerca de 32.000 km²), trata-se de uma das maiores regiões vulcânicas de toda a África.
Embora muitas paisagens vulcânicas sejam visualmente homogêneas, Haruj é diferente: apesar de parecer plana, as erupções deixaram no terreno restos de rochas que se erguem como pequenos cones e respiradouros vulcânicos com mais de 100 metros de altura, entre eles, há tanto vulcões com formato clássico quanto vulcões em escudo.
A coloração escura de Haruj se deve à lava petrificada que emergiu do subsolo e à areia aprisionada em suas fissuras, que reflete a luz solar e cria um brilho singular. Essa região abriga cerca de 150 vulcões extintos de diferentes tamanhos.
As formações mais antigas têm cerca de seis milhões de anos, enquanto as mais recentes surgiram há apenas alguns milhares de anos. Ou seja, nada de planície. Na verdade, o ponto mais alto atinge 1.200 metros de altitude.
Um enigma geológico
O contraste entre o tom dourado da areia e o preto da lava petrificada cria um efeito visual extremamente impressionante. Esse campo vulcânico se diferencia de outros porque não está localizado em uma zona de falhas geológicas da crosta terrestre. Em vez disso, sua formação se deve a um fenômeno conhecido como “pluma do manto”, uma corrente ascendente de rocha fundida que sobe das profundezas da Terra.
Em resumo, a misteriosa mancha escura visível do espaço na Líbia é, na verdade, um imenso campo de lava petrificada: uma autêntica janela para o passado geológico do nosso planeta, revelando uma época em que os vulcões eram os principais escultores da paisagem terrestre.