Uma lua nunca antes vista em Urano foi identificada pelo Telescópio Espacial James Webb. O achado amplia o número de satélites conhecidos do planeta e reforça a importância da exploração do sistema solar.
A Nasa confirmou a detecção de uma lua até então desconhecida orbitando Urano, observada pelo Telescópio Espacial James Webb em 2 de fevereiro de 2025 e anunciada ao público em 19 de agosto de 2025.
O objeto tem cerca de 10 quilômetros de diâmetro, foi identificado em imagens de longa exposição e amplia para 29 o total de satélites conhecidos do planeta.
A campanha foi conduzida por uma equipe do Southwest Research Institute (SwRI).
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Webb revela lua inédita no infravermelho
Segundo a Nasa, a lua surgiu em uma sequência de 10 exposições de 40 minutos feitas pela NIRCam (Câmera de Infravermelho Próximo) ao longo de cerca de seis horas.
O registro combina diferentes tratamentos de brilho para revelar atmosfera, anéis e as pequenas luas internas de Urano, o que ajudou a destacar o novo ponto luminoso.
A agência ressalta que os dados ainda são “ciência em andamento”, isto é, ainda não passaram por revisão por pares.
A líder da pesquisa, Maryame El Moutamid, do SwRI, afirmou que “é uma lua pequena, mas uma descoberta significativa – algo que nem mesmo a espaçonave Voyager 2 da Nasa viu durante sua passagem há quase 40 anos”.
A declaração foi feita no anúncio oficial e reforça a capacidade do Webb de flagrar alvos extremamente tênues no sistema solar exterior.
Localização e invisibilidade por décadas
A nova lua foi detectada no plano equatorial de Urano, a cerca de 56,2 mil quilômetros do centro do planeta, em uma região interna povoada por pequenos satélites que interagem com os anéis.
Ela aparece entre as órbitas de Bianca e Ophelia, duas luas de tamanho modesto que já eram conhecidas desde a era Voyager.
Por ser muito menor e mais fraca que as demais luas internas, o objeto permaneceu invisível a telescópios anteriores e ao sobrevoo da Voyager 2 em 1986.
O astrônomo Matthew Tiscareno, do Instituto SETI e membro da equipe, explicou que “mais do que qualquer outro planeta, Urano tem muitas luas internas pequenas, e suas complexas inter-relações com os anéis sugerem uma história caótica que desfoca a linha entre um sistema de anéis e um sistema de luas”.
Para os pesquisadores, o achado indica que outros corpos diminutos podem estar presentes nas imagens do Webb.
Nome provisório e escolha oficial
Como manda o protocolo astronômico, a nova lua recebeu uma designação provisória: S/2025 U1.
A nomenclatura definitiva ainda dependerá da União Astronômica Internacional (IAU), responsável por validar nomes e classificações de novos objetos celestes.
Em geral, as luas de Urano homenageiam personagens de William Shakespeare e Alexander Pope, tradição que deve ser mantida quando o batismo oficial ocorrer.
Impacto científico da descoberta
O incremento para 29 luas não é apenas uma contagem.
As pequenas luas internas de Urano desempenham papel importante na dinâmica dos anéis, funcionando como “pastoras” e influenciando a distribuição de partículas.
Ao identificar um novo membro desse grupo, os cientistas ganham mais um ponto de referência para modelar a gravidade local, refinar trajetórias e testar hipóteses sobre a evolução do sistema do planeta.
Segundo a Nasa, o tamanho estimado de 10 km resulta da suposição de um albedo (refletividade) semelhante ao de outros satélites pequenos uranianos.
No curto prazo, a prioridade será acompanhar a órbita da lua recém-detectada para cravar parâmetros como período, excentricidade e inclinação.
A confirmação desses números permitirá avaliar sua estabilidade dinâmica e possíveis ressonâncias com vizinhas como Bianca e Ophelia.
O material já obtido também serve de base para buscas adicionais em arquivos do Webb, em especial em campanhas que cobrem os anéis internos com alta sensibilidade no infravermelho.
Urano e a lembrança da Voyager 2
Urano foi visitado por uma única espaçonave, a Voyager 2, que passou pelo planeta em 24 de janeiro de 1986.
Na ocasião, a missão registrou anéis, tempestades e uma série de luas, mas não teve resolução para alcançar objetos tão pequenos quanto o recém-descoberto.
Quase quatro décadas depois, o Webb oferece uma janela diferente: resolução angular superior e sensibilidade no infravermelho que favorece alvos frios e pouco refletivos, típicos da periferia do sistema solar.
Validação e próximos passos
A equipe liderada pelo SwRI seguirá o processo formal de validação, que inclui análise independente e divulgação de resultados em periódico científico.
Após a aceitação pela comunidade, a IAU poderá ratificar o status de satélite e aprovar o nome definitivo.
Enquanto isso, a designação S/2025 U1 permanecerá nos comunicados oficiais e em bancos de dados de observatórios.
O caso mostra como o Webb também vem sendo utilizado para ciência planetária no sistema solar, além de suas observações voltadas ao espaço profundo. Se pudesse, que nome você daria a essa nova lua de Urano?