1. Início
  2. / Agronegócio
  3. / Não são somente produtos da China que invadem o Brasil! Este item amado pelos brasileiros dobrou suas exportações e agora é o queridinho dos chineses
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 3 comentários

Não são somente produtos da China que invadem o Brasil! Este item amado pelos brasileiros dobrou suas exportações e agora é o queridinho dos chineses

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 22/08/2024 às 01:25

Produto brasileiro está dominando o mercado chinês, com um crescimento explosivo nas exportações.

O Brasil, conhecido mundialmente por sua liderança na produção de café, agora se encontra em uma nova posição no mercado internacional.

Mas o que poucos esperavam é que essa liderança ganharia uma força inédita em um lugar improvável: a China.

Este país, tradicionalmente associado ao chá, está vivendo uma verdadeira revolução no consumo de café, e o grão brasileiro é o grande protagonista dessa mudança.

A ascensão do café na China

Embora o chá seja uma bebida milenar na China, com registros que remontam a mais de 3 mil anos, o café tem conquistado cada vez mais espaço.

De acordo com dados recentes do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as exportações de café para o país asiático cresceram de forma exponencial.

Somente em julho, a China importou 51.714 sacas de café do Brasil, elevando o total de janeiro a julho de 2024 para mais de 594 mil sacas.

A mudança cultural é evidente: enquanto em 2013 cerca de 190 milhões de chineses consumiam café, esse número já ultrapassa os 330 milhões.

A maioria desses consumidores são jovens que trabalham em escritórios, principalmente mulheres, como afirma Marcos Mattos, diretor-geral do Cecafé em entrevista ao site Exame.

“Há uma mudança cultural muito importante na China, no aspecto de globalização. E o café é o símbolo dessa globalização”, destacou Mattos.

Cafeterias e a globalização do café

Um dos fatores que mais contribuíram para essa transformação cultural foi a proliferação de cafeterias na China.

Atualmente, o país conta com cerca de 50 mil estabelecimentos desse tipo, um número que reflete o investimento crescente em indústrias de torrefação e moagem.

Essas cafeterias não são apenas locais de consumo, mas também pontos de encontro que fomentam a cultura do café entre os chineses.

O Brasil, como maior produtor global de café, colheu 55 milhões de sacas na safra 2023/2024, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Este volume coloca o país à frente de outros grandes produtores como a Colômbia e o Vietnã. Essa supremacia no mercado mundial coloca o Brasil em uma posição estratégica para atender à crescente demanda chinesa.

O crescimento explosivo das exportações para a China

Entre as safras 2019/2020 e 2024/2025, o consumo de café na China aumentou em mais de 60%, e as expectativas para 2024 são ainda mais promissoras.

Segundo dados obtidos com exclusividade pela Exame em parceria com o Cecafé, as exportações brasileiras de café para a China deverão alcançar 2,5 milhões de sacas em 2024, um aumento de 65% em relação ao ano anterior.

O valor total das exportações deverá atingir US$ 525 milhões, marcando um crescimento de 64% comparado a 2023.

O fortalecimento dos laços comerciais entre Brasil e China se reflete também em acordos significativos. Neste ano, o Brasil assinou um memorando de entendimento com a Luckin Coffee, maior rede de cafeterias da China e principal importadora de café brasileiro, que conta com mais de 16 mil lojas no país. O acordo prevê a compra de cerca de 120 mil toneladas de café brasileiro, num valor estimado de US$ 500 milhões.

Desafios climáticos e logísticos

Apesar das perspectivas promissoras, o setor cafeeiro brasileiro enfrenta desafios consideráveis, principalmente em relação às mudanças climáticas e aos problemas logísticos.

Em março de 2024, chuvas intensas atingiram as regiões produtoras de café conilon no Espírito Santo e no sul da Bahia, enquanto a seca foi o principal obstáculo no ciclo anterior.

No aspecto logístico, as limitações do Porto de Santos, responsável por 69% das exportações e importações do país, geram preocupações.

Em julho de 2024, 60% dos navios destinados à exportação de café enfrentaram alterações de escala ou atrasos nos principais portos brasileiros.

O Porto de Santos registrou o maior tempo de espera, com até 55 dias entre a abertura do primeiro e do último deadline, conforme o Boletim Detention Zero, elaborado pela startup ElloX em parceria com o Cecafé.

O futuro do café brasileiro no cenário global

Apesar dos desafios, o setor cafeeiro brasileiro se mantém confiante em sua posição de liderança no mercado global. Orlando Editore, head de café na consultoria Datagro, acredita que o crescimento da demanda chinesa impulsionará ainda mais a produção brasileira.

“O crescimento da China vai impulsionar a demanda por café brasileiro, especialmente por blends. Esse tipo de café continua a dominar o consumo global, e o Brasil, como maior produtor de café do mundo há muitos anos, se mantém nesse pódio sem sinais de declínio”, afirmou Editore.

O futuro parece promissor para o café brasileiro, que não só está conquistando novos mercados como também fortalecendo sua posição nos tradicionais. A China, com seu apetite crescente por café, pode ser a chave para a expansão contínua do Brasil no cenário global.

Encontrou algum erro? Fale a com a gente!

Inscreva-se
Notificar de
guest
3 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x