Nova unidade em Indaiatuba triplicará espaço, ampliará a produção de tratores e trará automação avançada, além de adotar soluções sustentáveis e gerar novos empregos diretos e indiretos até o fim da década.
A Yanmar vai construir uma nova fábrica em Indaiatuba, no interior de São Paulo, com investimento de R$ 280 milhões para ampliar a capacidade e modernizar processos.
De acordo com a Folha de S.Paulo, em matéria publicada nesta quarta-feira (27), o projeto será executado em etapas até 2030 e prevê a centralização de operações hoje dispersas, com salto na produção de tratores de 5 mil para 7 mil unidades por ano em turno único, além da adoção de automação industrial de última geração.
Nova unidade triplica área e reorganiza operações
O complexo ocupará 140 mil m², cerca de três vezes a área atual da empresa no município.
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A primeira etapa, com aproximadamente 36 mil m², tem início operacional previsto para 2027.
A estratégia passa por concentrar fluxo produtivo, logística e parte das áreas administrativas no mesmo endereço, com desenho fabril pensado para reduzir deslocamentos internos e perdas de eficiência.
Empregos e ritmo de produção
A companhia estima a criação de cerca de 100 empregos diretos e indiretos até 2029.
No mesmo horizonte, a nova estrutura sustentará o aumento de ritmo na linha de tratores.
A produção diária de modelos com maior índice de nacionalização deve avançar gradualmente: na fase inicial, a meta é sair de 10 para 15 unidades por dia, alcançando 20 unidades diárias em 2029, o que dá suporte à meta anual de 7 mil máquinas.
Automação de ponta e controle de qualidade
O projeto contempla uma linha de montagem com controles automáticos de torque, inspeções integradas e sistemas de rastreabilidade para cada estágio do processo.
Haverá ainda melhorias logísticas com novas docas e sistemas elevatórios, reduzindo tempos de carregamento e descarregamento e mitigando gargalos no fluxo de materiais.
A proposta é padronizar procedimentos e elevar a repetibilidade, diminuindo variabilidade e retrabalho.
Cronograma em fases até 2030
As obras devem começar nos próximos meses, em cronograma fatiado em três grandes entregas.
A primeira fase coloca a nova ala de 36 mil m² em operação a partir de 2027.
As etapas seguintes ampliarão gradualmente as áreas produtivas, a capacidade instalada e a integração de setores, com conclusão prevista até 2030.
A cadência permite manter a operação atual enquanto se migra, aos poucos, o volume para a nova planta.
Sustentabilidade incorporada ao desenho fabril
A fábrica nasce com diretrizes de eficiência energética e redução de emissões.
Entre as soluções previstas estão aproveitamento de luz natural, automação da iluminação e uso de energia fotovoltaica.
Os sistemas foram desenhados para reduzir o consumo de eletricidade nas áreas de maior demanda, como solda, pintura e montagem, além de melhorar conforto térmico e acústico.
A empresa alinha a obra ao plano global de negócios, que prioriza desempenho com menor impacto ambiental.
Investimentos complementares em equipamentos e layout
Parte dos recursos será direcionada à compra de novos equipamentos para usinagem, soldagem e teste de qualidade, além de readequações de layout que encurtam percursos internos de componentes estratégicos.
A integração entre logística e produção inclui corredores dedicados a empilhadeiras elétricas, zonas de segurança ampliadas e estações de inspeção próximas aos pontos críticos, com ganhos em ergonomia e mitigação de riscos.
Contexto regional: interior paulista em evidência
A escolha por Indaiatuba reforça a movimentação de grandes empresas pelo interior de São Paulo, que combina base industrial, infraestrutura logística e oferta de mão de obra técnica.
Em paralelo, outras corporações estudam instalar unidades na região.
Entre elas, a Coca-Cola sinalizou que busca um terreno no interior paulista para uma nova fábrica e recebeu propostas de municípios como Itu, que manifestou interesse formal em sediar o investimento.
Esse cenário amplia a competição por projetos e incentivos, com efeito em cadeias de fornecedores e serviços.
Encontro no Paço e sinalização política
O anúncio mobilizou agenda no gabinete municipal.
O prefeito Dr. Custódio Tavares (MDB) recebeu o presidente da Yanmar, Gilberto Saito, o secretário de Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Econômico, José Augusto Gonçalves, e o sócio da RB Investimentos, Ralph Annichino, em reunião que tratou de etapas de implantação, áreas envolvidas e impactos locais.
Na ocasião, o prefeito afirmou: “É uma grande conquista para Indaiatuba ser escolhida para receber um investimento desta dimensão por uma multinacional como a Yanmar. A nova fábrica não apenas vai gerar empregos, mas também vai fortalecer o nosso ambiente de negócios, impulsionando o desenvolvimento econômico da cidade, sempre em sintonia com a inovação e a sustentabilidade”.
O que muda para o cliente e a rede
Com a migração para a nova estrutura, a Yanmar projeta redução do lead time de montagem, mais rapidez na expedição e suporte pós-venda abastecido por uma cadeia logística mais enxuta.
A fábrica foi concebida para facilitar upgrades de linha e células flexíveis, o que permite acomodar variações de mix com influência menor na produtividade.
A padronização de interfaces entre estações também ajuda a acelerar a curva de aprendizado de operadores e técnicos de manutenção.
Integração administrativa e governança de fábrica
Além da parte industrial, o plano reúne setores administrativos e de engenharia mais próximos do chão de fábrica, com escritórios integrados a áreas produtivas por meio de passarelas e salas técnicas.
Essa proximidade reduz tempo de resposta em ajustes de processo, acelera a tratativa de não conformidades e favorece rotinas de melhoria contínua.
A governança prevê indicadores de desempenho compartilhados, acompanhamento digital em painéis e reuniões de curto prazo com metas claras por turno.
Olhar adiante
Ao final do ciclo de obras, a operação consolidada em Indaiatuba deverá entregar maior escala, eficiência e confiabilidade de processo, mantendo padrões de qualidade alinhados às unidades da matriz no Japão.
O avanço em automação, a integração logística e o enfoque em energia limpa compõem a base do projeto que a empresa chama de “fábrica do futuro”.
A pergunta que fica é: com a expansão da capacidade e a disputa entre cidades por novos investimentos, quais fatores pesarão mais na próxima decisão estratégica das indústrias que miram o interior paulista?