A busca por fontes renováveis de energia tem levado o setor agroindustrial a investir em soluções sustentáveis. Agora, uma multinacional anunciou a produção de biogás a partir de resíduos da laranja em São Paulo, aproveitando subprodutos da citricultura para gerar energia limpa e eficiente.
A citricultura paulista deu um passo importante na produção de energia renovável. Nesta semana, a multinacional francesa Louis Dreyfus Company (LDC) anunciou a construção da maior usina de biogás do mundo a partir de resíduos cítricos.
O empreendimento será instalado em Bebedouro, no interior de São Paulo, com apoio do Governo do Estado.
A iniciativa marca um avanço para a produção de combustíveis renováveis no Brasil. “É a primeira planta do Brasil a produzir combustíveis renováveis por meio dos processos da laranja. Trata-se de um investimento de milhões de dólares, demonstrando que São Paulo oferece segurança jurídica, pesquisa, combate ao greening, seguro rural e disponibilidade de créditor”, afirmou Guilherme Piai, secretário de Agricultura e Abastecimento.
Impacto econômico e avanço da citricultura
Na safra 2023/2024, a citricultura gerou 45.112 empregos no estado, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.
O setor é fundamental para a economia paulista, já que cerca de 70% do suco de laranja consumido no mundo tem origem na região.
As exportações de sucos representaram 15,5% da balança comercial do agronegócio paulista, somando US$ 334,41 milhões, sendo 99% desse valor referente ao suco de laranja.
A nova planta de biogás estará localizada junto à principal unidade de produção de suco de laranja da LDC.
Terá capacidade para processar 390 metros cúbicos de resíduos por hora e gerar até 7 milhões de metros cúbicos normais de gás por hora (Nm3/h) em um período de dois a três anos.
O objetivo da empresa é reduzir o consumo de combustíveis fósseis em 50% e tornar a unidade autossuficiente em energia.
Expansão do biogás na agropecuária
O Governo de São Paulo tem incentivado a produção de biogás e biometano nas propriedades rurais. Em 2024, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, em parceria com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), lançou protocolos para facilitar a implantação desse modelo em diversas cadeias produtivas.
Além da citricultura, setores como avicultura, suinocultura, bovinocultura e indústrias de carnes também podem adotar essa tecnologia para aproveitamento de resíduos.
A citricultura paulista também obteve avanços no controle do greening, uma das principais ameaças às lavouras de laranja. Dados do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) apontam que a incidência da doença caiu 54% no estado em 2024, em comparação com o ano anterior.
A Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), ligada à Secretaria de Agricultura, tem atuado na fiscalização e remoção de mudas irregulares. Desde 2023, mais de 40 mil mudas foram retiradas do mercado, algumas delas com suspeita de contaminação pelo greening.
A nova usina de biogás representa um marco para a citricultura e o setor de energia renovável, reforçando o compromisso de São Paulo com a sustentabilidade e a inovação no agronegócio.