O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) avança em uma das mudanças mais aguardadas dos últimos anos: a digitalização total das perícias médicas. A partir de 2026, beneficiários poderão ser avaliados por videoconferência, sem precisar se deslocar até uma agência, segundo anunciou o Ministério da Previdência Social.
A medida promete reduzir as filas históricas, acelerar o reconhecimento de benefícios e facilitar o acesso de quem vive em regiões com poucos peritos médicos.
Uma virada digital no atendimento médico-pericial
A transformação começou em 2024 com o projeto Perícia Conectada, que já ultrapassou 158 mil atendimentos remotos em todo o país. O sistema permite que o segurado compareça a uma unidade do INSS mais próxima, onde é atendido por vídeo por um perito localizado em outro estado.
-
Varas da Família já usam a lista de contatos frequentes e a localização do WhatsApp como prova para confirmar ou desmentir um relacionamento em casos de união estável
-
Com novo Projeto de Lei 3114/2025, doadores de sangue podem ser isentos de multas leves e médias; proposta ainda está em análise
-
Justiça decide que idoso que caiu em golpe de empréstimo não tem direito automático a indenização — decisão causa revolta e preocupa aposentados
-
Após a morte do pai, filhas descobrem que não receberão nada da herança, toda a fortuna ficou com a madrasta e foi transferida para o exterior; caso REsp 2.080.842
O resultado é imediato: deslocamentos menores, maior capilaridade do serviço e uma média de tempo de análise até 40% mais rápida.
O Ministério da Previdência planeja expandir esse modelo até 2026, integrando todas as modalidades de perícia — tanto as de incapacidade temporária quanto as de revisão de benefícios e auxílio assistencial (BPC/LOAS). Para o governo, o passo é inevitável diante do tamanho do Brasil e da necessidade de modernizar o atendimento público.
Fim das filas e menos burocracia
Segundo o ministro Carlos Lupi, a meta é clara: eliminar as filas de perícia até o final de 2026. A chegada de 500 novos peritos médicos federais, anunciada em setembro de 2025, faz parte da preparação para esse novo modelo digital.
Esses profissionais estão sendo distribuídos especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a carência de especialistas era uma das principais causas da lentidão no INSS.
“Com a perícia remota, conseguimos levar atendimento onde antes era impossível. Esse é o caminho para um serviço mais humano e eficiente”, afirmou Wolney Queiroz, secretário de Previdência, em entrevista à Agência Gov.
Como funcionará a perícia por vídeo
O novo sistema será integrado ao Meu INSS, a plataforma oficial de serviços da Previdência. O beneficiário poderá agendar sua perícia online e escolher a modalidade presencial ou remota.
No dia e horário marcados, ele se conecta com um perito autorizado em uma sala segura de videoconferência, seja em casa (para quem tiver condições técnicas), seja em uma unidade equipada do próprio INSS.
Durante o atendimento, o médico poderá solicitar exames complementares, verificar documentos enviados digitalmente e emitir laudos no mesmo dia. A assinatura eletrônica e o registro audiovisual garantirão a validade legal do processo.
Benefícios e desafios da nova modalidade
Entre as principais vantagens, o governo destaca:
- Redução de custos logísticos: menos deslocamentos e menos gastos públicos.
- Ampliação do acesso: regiões remotas passam a ter atendimento regular.
- Agilidade: tempo médio de análise pode cair de 45 para 15 dias.
- Transparência: registros digitais e trilhas de auditoria em todas as etapas.
Mas especialistas alertam que a digitalização total ainda enfrenta desafios. Em áreas sem boa conectividade, o acesso remoto pode ser inviável. Além disso, casos complexos — como perícias de longa duração ou que exigem exames físicos detalhados — deverão continuar presenciais.
Outro ponto de atenção é a segurança de dados: o INSS precisará reforçar a proteção de informações sensíveis dos beneficiários, principalmente imagens e prontuários médicos.
O papel da nova lei no avanço digital
A iniciativa é sustentada pela Lei nº 15.201/2025, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criou o Programa de Gerenciamento de Benefícios (PGB).
Esse programa estabelece metas de produtividade e bônus financeiros para peritos e servidores que participarem de mutirões ou sistemas digitais de avaliação.
A legislação também prevê que o uso de novas tecnologias seja prioridade no atendimento previdenciário, abrindo caminho para a consolidação da teleperícia em todo o território nacional.
A previsão do Ministério da Previdência é que o sistema esteja plenamente operacional até o segundo semestre de 2026.
O que muda para os segurados
A implantação das perícias por vídeo trará uma mudança profunda na experiência do cidadão. A promessa é de menos filas, mais rapidez e maior previsibilidade.
Aqueles que não se adaptarem à modalidade digital continuarão tendo direito ao atendimento presencial, garantindo que ninguém seja prejudicado pela transição tecnológica.
Para os beneficiários de regiões distantes ou com limitações físicas, o impacto será ainda maior: viagens longas, custos com transporte e espera de meses poderão se tornar coisa do passado.
Uma revolução silenciosa no serviço público
O INSS, historicamente associado à lentidão e burocracia, busca agora se reposicionar como referência em inovação administrativa.
Com o uso crescente de inteligência artificial no cruzamento de dados, assinatura digital e atendimento remoto, a Previdência Social dá um passo decisivo para se integrar à agenda de governo eletrônico que já avança em outras áreas, como o SUS e a Receita Federal.
A digitalização das perícias médicas, portanto, não é apenas uma questão técnica: é uma mudança cultural que promete redefinir o acesso à proteção social no Brasil.