Mudança de estratégia do Banco Central sobre o Drex pode mudar o jogo nos negócios. Adoção parcial e adiantada do sistema prioriza centralização de dados e deixa blockchain para a segunda fase
A mudança de estratégia do Banco Central na implementação do Drex, a moeda digital brasileira, promete acelerar a chegada da primeira versão ao público já no próximo ano. Em vez de iniciar com blockchain, o BC optou por lançar primeiro uma plataforma centralizada para simplificar e agilizar transações relacionadas a garantias de bens.
Especialistas ouvidos pelo setor veem a decisão como pragmática, mas reconhecem que o impacto completo do Drex virá apenas na segunda fase, quando a tecnologia blockchain for incorporada e permitir operações mais complexas e automatizadas, com potencial de alterar fluxos de negócios e até transações internacionais.
O que muda na primeira fase
A prioridade inicial será a centralização de dados, especialmente na gestão do gravame o registro de alienação de bens usados como garantia, como imóveis e veículos. Com a nova estrutura, será possível baixar uma alienação de forma rápida e liberar o bem para venda ou uso como colateral em novos empréstimos.
-
O que a potência mundial China fez para sair de economia fechada a 2ª maior do mundo, ampliar influência em 60 países e se tornar maior parceira comercial do Brasil
-
China tem vendido rapidamente títulos do Tesouro dos EUA, levando reservas abaixo das do Reino Unido pela primeira vez em décadas
-
Brasil e China avançam em protocolo para certificar carne e soja enquanto investigação chinesa ameaça impor tarifas extras ao produto brasileiro
-
Lucro recorde, menos atendimento: Itaú fecha 226 agências e avança em cortes de pessoal pelo país
Essa aplicação inicial impacta diretamente setores como o imobiliário e o automotivo, permitindo negociações mais ágeis e menos burocráticas. O comércio internacional, por enquanto, não está no foco, embora o modelo possa futuramente ser adaptado para colaterais que fomentem exportações e importações.
Por que o blockchain ficou para depois
Segundo o vice-presidente de Relações Institucionais da Veritran, Wagner Martim, a decisão de adiar o blockchain está ligada à segurança. A moeda digital do Banco Central exige protocolos de proteção ainda mais rigorosos que os aplicados a criptomoedas privadas, e o piloto atual busca justamente validar essa robustez antes da adoção em larga escala.
Com blockchain, o Drex poderá automatizar contratos inteligentes, digitalizar escrituras e agilizar financiamentos, locações e operações comerciais complexas, eliminando a necessidade de intermediários e prazos longos de compensação.
Integração com Pix e novos usos
O Drex não substituirá o Pix, mas poderá usar sua infraestrutura como gatilho para transferências em operações mais estruturadas. Enquanto o Pix seguirá como meio de pagamento instantâneo, o Drex atuará em transações de maior porte, como compra e venda de imóveis e veículos, aluguel com caução automatizado e contratos corporativos de crédito e investimento.
No futuro, quando integrado ao blockchain, o Drex poderá também facilitar liquidações internacionais sem passar pelo sistema Swift, abrindo espaço para negociações mais rápidas e menos dependentes de bancos estrangeiros.
O Brasil na corrida global das moedas digitais
De acordo com Martim, o Brasil está entre os países mais avançados no hemisfério ocidental no desenvolvimento de uma moeda digital oficial, ficando lado a lado com Índia e China e à frente de economias desenvolvidas como Estados Unidos e União Europeia.
A combinação do Open Finance, Pix e Drex forma, segundo ele, um ecossistema robusto, capaz de posicionar o país como referência mundial em modernização financeira desde que a implementação mantenha segurança e estabilidade.
Você acha que a mudança de estratégia do Banco Central é um passo inteligente para garantir a segurança do Drex ou vai atrasar os benefícios mais transformadores da tecnologia? Deixe sua opinião nos comentários e participe do debate.