Com superávit crescente e demanda asiática firme, Mato Grosso do Sul ampliou as vendas externas mesmo após o “tarifaço” dos EUA. Carne bovina, celulose e soja lideram a pauta, enquanto a logística pela Rota Bioceânica ganha tração.
A Carta de Conjuntura do Comércio Exterior de agosto mostra que Mato Grosso do Sul somou US$ 7,24 bilhões em exportações no acumulado de janeiro a agosto de 2025, alta de 3,26% na comparação anual. O saldo da balança comercial atingiu US$ 5,53 bilhões, avanço de 8,4% frente a 2024, refletindo crescimento das vendas e recuo das compras externas. No mesmo período, as importações totalizaram US$ 1,66 bilhão, queda de 10,79%. Os dados são oficiais da Semadesc.
A pauta exportadora segue ancorada por celulose, soja em grão e carne bovina, com a proteína bovina ganhando espaço ao longo do ano. A leitura de analistas do governo estadual é que a combinação de demanda asiática, câmbio e diversificação de destinos ajudou a sustentar o desempenho mesmo com choques de política comercial.
No recorte mensal de agosto, a China consolidou a liderança das compras de carne bovina sul-mato-grossense, seguida por Chile e México, enquanto os Estados Unidos perderam participação após a sobretaxa.
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Exportações de Mato Grosso do Sul 2025, superávit, pauta e queda das importações
No acumulado do ano, exportações de US$ 7,24 bilhões e alta de 3,26% indicam fôlego do setor externo estadual. O desempenho foi suficiente para elevar o superávit para US$ 5,53 bilhões, mesmo com um ambiente global de incerteza.
Do lado das importações, a retração para US$ 1,66 bilhão (–10,79%) foi influenciada por menores aquisições de insumos, com gás natural ainda como principal item, além de cobre e máquinas e equipamentos ligados à celulose e papel. A composição ajuda a explicar por que o saldo cresceu mais que as exportações.
Na ponta vendedora, celulose mantém a maior participação, seguida por soja em grão; já a carne bovina fresca avançou na terceira posição, reforçando a diversificação.
Carne bovina de MS cresce 43,7%, China, Chile e México puxam a demanda
A carne bovina é o destaque de 2025: no acumulado até agosto, o setor registrou alta de 43,7% frente a 2024, alcançando 15,07% da pauta exportadora. O movimento combina habilitação sanitária, maior escala industrial e redirecionamento eficiente para mercados mais dinâmicos.
Em agosto, a China, uma das principais economias que faz parte do BRICS, respondeu por US$ 91 milhões em compras de carne de MS, com Chile (US$ 16,4 milhões) e México (US$ 11,8 milhões) na sequência. A recomposição de embarques para a Ásia e América Latina compensou parte da perda de tração para os EUA após o início da tarifa de 50%.
A estratégia das indústrias frigoríficas tem sido diversificar destinos e ajustar o mix de cortes conforme o apetite de cada mercado, preservando margens em um cenário de custos ainda pressionados. Essa agilidade explica por que o crescimento anual se manteve apesar do choque tarifário.
Tarifa de 50% dos EUA: o que mudou e como o setor reagiu
A medida norte-americana foi anunciada em 9 de julho e oficializada em 30 de julho, com vigência a partir de 6 de agosto de 2025. Na prática, houve a adição de 40 pontos percentuais a uma alíquota de 10%, totalizando 50% para a maior parte dos produtos brasileiros, embora uma lista de exceções tenha sido publicada. A ação foi formalizada por ordem executiva da Casa Branca e detalhada em notas técnicas e análises setoriais.
O efeito imediato em MS apareceu no dado de agosto: as exportações do Estado para os Estados Unidos caíram 61% na base anual, com carne bovina recuando cerca de 46% e celulose 92%, segundo balanços locais e a própria Semadesc. Ainda assim, no acumulado do ano, o redirecionamento para Ásia e América Latina preservou a tendência positiva.
No plano federal, seguem negociações e avaliações sobre contenciosos comerciais, enquanto empresas monitoram exceções tarifárias e eventuais ajustes no escopo do decreto. Para o produtor e o exportador, a palavra-chave no curto prazo é mitigação: diversificar mercados, otimizar logística e acompanhar taxas de câmbio.
Destinos e logística: China lidera, portos concentram saídas e Rota Bioceânica avança
No acumulado de 2025, a China absorveu cerca de 46,7% das exportações estaduais, reforçando-se como principal parceiro comercial. Em seguida aparecem Estados Unidos, Itália e Argentina, com crescimento de mercados emergentes como a Argélia. O mosaico de destinos aumentou a resiliência da pauta de MS neste ano.
Na logística, Santos (SP) e Paranaguá (PR) concentram a maior parte do escoamento, seguidos por São Francisco do Sul (SC). Esses corredores continuam estratégicos para celulose, soja e proteínas, com ganhos de eficiência em terminais especializados.
No corredor da Rota Bioceânica, os terminais alfandegados de Corumbá e Porto Murtinho ampliaram sua participação em 2025. O avanço logístico se soma à obra da Ponte Internacional da Rota Bioceânica, que atingiu 75% de execução em julho de 2025 e tem entrega prevista para o segundo semestre de 2026, encurtando distâncias para o Pacífico e abrindo alternativas para mercados na Ásia.
E você, acha que o tarifaço de 50% dos EUA vai acelerar a diversificação de mercados e fortalecer a Rota Bioceânica, ou tende a encarecer e desorganizar as exportações de MS nos próximos meses? Deixe sua opinião nos comentários.