Empresa gaúcha aposta em produção totalmente nacional de motos elétricas, lança edição limitada já esgotada em minutos e projeta alcançar receita milionária em um setor dominado por montadoras japonesas.
A Auper, empresa gaúcha de tecnologia e mobilidade elétrica, vai inaugurar em setembro sua primeira fábrica em Joinville (SC), dentro do Perini Business Park.
O plano prevê R$ 500 milhões em investimentos até 2027 e a produção inicial da 600 CE Edição de Fundador, série limitada a 100 unidades já reservadas, de acordo com a Revista Exame.
A data oficial da inauguração será divulgada nos próximos dias.
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Fábrica em Joinville e a escolha por Santa Catarina
Segundo a direção, Santa Catarina foi escolhida por reunir um ecossistema industrial sólido, com destaque para a cadeia automotiva, além de infraestrutura, universidades com laboratórios de referência e incentivos fiscais.
A nova unidade nasce com foco em verticalização e promete um diferencial competitivo: oferecer um produto com conteúdo 100% nacional, em um mercado em que a montagem costuma ocorrer na Zona Franca de Manaus com componentes importados.
“Um dos grandes diferenciais estratégicos da empresa será a oferta de um produto 100% nacional”, afirma Silvio Rotilli Filho, CEO e cofundador.
Modelos, desempenho e preços da Auper 600 CE
O primeiro lote fabricado na nova linha será a 600 CE Edição de Fundador, série que teve as reservas esgotadas em menos de 8 minutos após a abertura, à meia-noite de 1º de abril de 2025, no site da marca, relata o executivo.
Essa versão é a mais rápida e potente da gama: acelera de 0 a 100 km/h em menos de 4 s, atinge 170 km/h, entrega 68 cv (50 kW) e torque de 200 Nm no motor, com 1.000 Nm na roda.
Traz ainda cor exclusiva inspirada nas dunas brasileiras.
A linha 600 CE terá três configurações.
Além da Edição de Fundador, a marca prepara o Modelo de Base e a Bateria Estendida.
A política de preços prevê R$ 49,9 mil para a Edição de Fundador, R$ 25,9 mil para o Modelo de Base e R$ 34,9 mil para a Bateria Estendida, segundo a Revista Exame.
As duas últimas chegam ao consumidor a partir de 2026.
Produção escalonada e metas de crescimento
A estratégia será executada por fases. Em 2025, a prioridade é validar o produto no uso real com a fabricação e a entrega das 100 unidades da Edição de Fundador.
A produção em escala começa em 2026 e a capacidade instalada projetada é de até 1,5 mil motos por mês até 2027, quando a empresa estima alcançar R$ 450 milhões em receita anual e cerca de 200 empregos diretos na operação catarinense.
Mercado de motos e espaço para elétricas
O objetivo declarado é disputar espaço em um segmento dominado por gigantes como Honda e Yamaha. O momento é de demanda aquecida para motocicletas no geral.
Entre janeiro e maio de 2025, o país emplacou 849.946 unidades, segundo dados setoriais, com avanço próximo de 11% na comparação anual.
As motos elétricas ainda têm participação pequena, mas crescem: 4.803 unidades foram registradas nos cinco primeiros meses de 2025, cerca de 0,5% do total no período, com alta expressiva ante 2024.
Em relatórios do setor, a participação das elétricas ficou abaixo de 1% nos últimos anos, oscilando e mostrando recuperação no início de 2025.
Nacionalização e impactos na produção
Ao apostar em conteúdo local, a Auper busca reduzir dependência de cadeias globais, encurtar prazos logísticos e facilitar assistência e reposição de peças.
A companhia argumenta que esse caminho melhora custos ao longo do ciclo de vida e dá previsibilidade para expandir.
“Foi algo espetacular”, disse Rotilli sobre a velocidade das reservas, ao defender que o apelo de um produto nacional pode acelerar a adoção do elétrico em duas rodas.
Tecnologia e software de segurança
Fundada em 2020 por Silvio Rotilli Filho, Alan Dorneles Callegaro e David Ofori-Amoah, a Auper investiu em um pacote de software embarcado para aumentar segurança e reduzir custos de manutenção.
A plataforma monitora o status de componentes e permite manutenção preditiva, além de rastreamento em tempo real.
Em situação de roubo, o sistema possibilita travamento remoto e bloqueio de itens críticos da moto, recurso que a empresa trata como um dos diferenciais do projeto.
Na visão do CEO, o desenvolvimento de uma elétrica “não pode seguir a mesma lógica das motos a combustão”, por exigir uma arquitetura própria de powertrain, bateria, eletrônica e integração digital.
Cronograma e próximos lançamentos
A etapa inaugural concentra-se na Edição de Fundador.
Com o fim das reservas e a linha prestes a iniciar operações, a empresa trabalhará em certificações, ajustes de produção e formação de rede de atendimento.
A produção em escala em 2026 deve abrir espaço para os demais modelos da família 600 CE, com foco em preço de entrada e autonomia estendida.
A meta de 1,5 mil unidades/mês em 2027, combinada à estratégia de nacionalização, é o eixo central do plano financeiro que mira os R$ 450 milhões de faturamento no mesmo ano.
Ambiente competitivo e adoção de motos elétricas
Apesar do predomínio de marcas tradicionais, o mercado brasileiro de duas rodas mostrou apetite por novidades nos últimos anos, impulsionado por custos de uso, entrega urbana e busca por mobilidade mais eficiente.
As motos elétricas ainda representam fração minoritária do total, mas vêm registrando crescimento de dois dígitos em bases anuais recentes, em linha com a ampliação de oferta e maior visibilidade do tema nos grandes centros.
Nesse tabuleiro, um produto nacional, com preços entre R$ 25,9 mil e R$ 49,9 mil, tenta reduzir barreiras de entrada, sobretudo no pós-venda, conforme a Revista Exame.
Santa Catarina como polo industrial
A decisão de instalar a fábrica em Joinville conecta a Auper a um polo com cadeias industriais consolidadas e oferta de mão de obra qualificada, além de acelerar parcerias com centros de pesquisa.
O Perini Business Park, onde ficará a unidade, é apontado como o maior parque empresarial multissetorial da América do Sul, o que facilita acesso a fornecedores e serviços críticos para uma operação nascente.
O que observar nos próximos meses
Nos próximos meses, a atenção se volta à entrega das 100 unidades da série inaugural, ao ramp-up da produção e à evolução do custo total de propriedade frente a concorrentes a combustão.
Outro ponto será a rede de atendimento e a disponibilidade de peças, fatores decisivos para a confiança do consumidor.
Por fim, a trajetória dos emplacamentos de elétricas no país servirá como termômetro para medir o potencial de escala do projeto.
Com desempenho de 0–100 km/h abaixo de 4 s, preços que começam em R$ 25,9 mil e a promessa de conteúdo 100% nacional, a Auper terá fôlego para romper a hegemonia de Honda e Yamaha nas ruas brasileiras?
Com esse preço acho difícil competir com motocicleta existente.