Motoristas enfrentam um novo desafio com o pedágio free flow. Esquecer de pagar pode render multas graves e pontos na CNH, enquanto a inadimplência preocupa concessionárias.
Nas rodovias do estado de São Paulo, um novo sistema de cobrança eletrônica tem causado dor de cabeça para motoristas que esquecem de pagar o pedágio.
A novidade, conhecida como pedágio free flow, permite a passagem de veículos sem barreiras, mas exige atenção para a quitação da tarifa após a travessia.
O problema? Muitos condutores estão simplesmente ignorando o pagamento, o que, segundo estimativas recentes, tem levado a um crescente índice de inadimplência e à emissão de multas pesadas para os infratores.
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Em um mês de operação, milhares de motoristas deixaram de pagar, trazendo novas discussões sobre a eficácia e os desafios deste modelo.
De acordo com dados da EcoNoroeste, concessionária que administra o pedágio no km 179 da rodovia SP-333 (rodovia Laurentino Mascari), em Itápolis, cerca de 12 mil evasões foram registradas apenas no primeiro mês de funcionamento do free flow.
Esse número representa 8,4% do tráfego total de aproximadamente 143 mil veículos que passaram pelo trecho entre os dias 4 de setembro e 4 de outubro de 2024.
O impacto financeiro também é significativo: a concessionária observou uma redução de 7% na receita, resultado direto do não pagamento das tarifas.
O jornal Folha de São Paulo aponta que esse modelo inovador trouxe novos desafios para o setor de pedágios, expondo lacunas na conscientização do público.
O sistema free flow e como ele funciona
O sistema free flow, implantado no trecho administrado pela EcoNoroeste, substitui as tradicionais praças de pedágio por pórticos eletrônicos com câmeras, que identificam as placas dos veículos e registram a passagem sem necessidade de paradas.
Esse modelo simplifica a cobrança, mas traz novos hábitos para motoristas, que precisam se adequar ao pagamento em até 30 dias após a travessia, caso não possuam tags eletrônicas.
Para os motoristas com tags válidas, a cobrança ocorre automaticamente, através da operadora de pedágio associada à tag.
Já aqueles sem o dispositivo devem realizar o pagamento manualmente, o que inclui diversas opções: sites, aplicativos, ou, em alguns casos, postos físicos de pagamento.
Segundo regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a partir de 14 de outubro, o prazo para quitação da tarifa foi ampliado de 15 para 30 dias, uma medida que visa reduzir os índices de inadimplência e facilitar o cumprimento da regra.
Multa e pontuação na CNH
O não pagamento da tarifa dentro do período regulamentado acarreta sérias penalidades para o motorista.
Conforme destacado pela Folha de São Paulo, os infratores recebem uma multa grave no valor de R$ 195,23 e têm adicionados 5 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Esse modelo, inspirado em exemplos internacionais, ainda está sendo adaptado à realidade brasileira, onde a conscientização sobre o pagamento é um desafio.
Além do pórtico em Itápolis, a concessionária EcoNoroeste iniciou uma operação semelhante na cidade de Jaboticabal, onde os motoristas também podem contar com um desconto de 5% para uso de tags.
Além disso, há uma redução progressiva no valor da tarifa de acordo com o número de viagens feitas pelo mesmo veículo durante o mês.
Comparações com outros estados
A taxa de evasão observada no sistema paulista é ligeiramente superior à média nacional, conforme dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Em junho de 2024, o percentual de inadimplência nas rodovias federais que operam com free flow, como a BR-101 no trecho Rio-Santos, foi de 6,1%.
Esse número é inferior ao observado na SP-333, mas segue a tendência de inadimplência inicial dos novos modelos de pedágio.
Folha de São Paulo também menciona a implantação recente do sistema em Minas Gerais, onde a concessionária EPR Sul de Minas registrou uma inadimplência de apenas 2,9% no pórtico localizado na rodovia MG-459, entre as cidades de Ouro Fino e Monte Sião.
Embora esse índice seja consideravelmente menor, especialistas apontam que a diferença está relacionada ao perfil das rodovias e ao grau de exposição dos motoristas ao novo sistema.
Expectativas e perspectivas futuras
Para Luiz Roberto Tavares, gerente de atendimento ao usuário da EcoNoroeste, a taxa de inadimplência de 8,4% está dentro das expectativas iniciais.
Ele acredita que, com o tempo, a conscientização dos motoristas ajudará a reduzir ainda mais os índices.
Segundo ele, “a chegada das autuações vai contribuir para aumentar a conscientização dos motoristas e diminuir a inadimplência”.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) já anunciou que pretende implementar o sistema de pedágios free flow em todas as rodovias estaduais paulistas, visando expandir a cobertura do modelo pelo estado.
Além disso, o Ministério dos Transportes aposta que as concessionárias de pedágio tradicional irão migrar para o free flow, aproveitando a simplicidade das estruturas eletrônicas, que exigem menor investimento em infraestrutura e são mais baratas para manutenção.
O futuro do pedágio no Brasil
Com as novas praças de pedágio programadas para instalação em Caraguatatuba e São Sebastião, no litoral norte paulista, a partir de 17 de novembro, o modelo free flow ganha mais força em São Paulo.
Sem descontos previstos, essa expansão deve solidificar o modelo no estado e abrir caminho para a adoção em outras rodovias brasileiras.
Essa mudança na forma de cobrança impacta diretamente o cotidiano dos motoristas e levanta a discussão sobre a eficácia do modelo no combate à inadimplência.
Agora, resta saber se a inovação trará benefícios significativos ou se os motoristas continuarão a enfrentar dificuldades para cumprir com os novos requisitos de pagamento.
Você acredita que o modelo free flow realmente representa o futuro do pedágio no Brasil? Comente abaixo!