Óleo lubrificante adulterado: veja como a fraude que movimenta R$ 1,4 bilhão por ano no Brasil pode destruir o motor do seu carro
Sabe aquela economia na hora de trocar o óleo do carro? Pode estar saindo muito cara. Relatórios do Instituto Combustível Legal (ICL), junto à Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), apontam que cerca de 20 % dos lubrificantes vendidos no Brasil são adulterados — produtos que parecem, mas não protegem. O resultado? Um prejuízo calculado em R$ 1,4 bilhão por ano, levando em conta trocas de peças, problemas mecânicos, perda de garantia e impostos não recolhidos.
Imagine um reparo no motor que vai de R$ 2 mil por limpeza e troca de juntas até R$ 12 mil, quando falham componentes como a correia dentada ou o virabrequim. Esses valores somam dor no bolso e abrem brecha para riscos reais durante a condução.
Em outubro de 2022, por exemplo, a ANP apreendeu mais de 130 mil litros de óleo irregulares em postos em São Paulo — sem registros e provenientes de produtores não homologados. Esses casos não são exceção.
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Como o óleo adulterado causa prejuízos:
Desde a formação de borra — resíduos que entopem os canais internos do motor — até a corrosão de mancais e falhas no virabrequim, com gastos que ultrapassam R$ 10 mil . Sem falar em superaquecimento, problemas na bomba d’água ou cabeçote, e até trincas no motor quando a viscosidade está incorreta — colocando o carro em risco, literalmente.
É o que lembra Emerson Kapaz, presidente do ICL:
“É uma economia na hora da compra do produto, mas a longo prazo significa uma ameaça invisível que age no coração do motor. Produtos adulterados comprometem peças essenciais e podem levar à perda total do veículo, além de representar um risco direto à segurança de quem está ao volante”.
Por que isso acontece… e como evitar
O mercado clandestino cresce: devolução de resíduos, envase em galões reciclados e rotulagem incorreta são só algumas das táticas usadas por quem fabrica ou distribui lubrificantes falsos . A ANP já começou a agir mais intensamente, com apreensões e operações em postos, mas a fiscalização ainda não cobre tudo.
O ICL e a ANP recomendam alguns cuidados que todo motorista deveria adotar:
- Sempre exija nota fiscal — é sua garantia em caso de defeitos.
- Cheque selo, lote e CNPJ na embalagem — se algo estiver fora, desconfie.
- Só compre em postos e oficinas homologadas, nada de redes duvidosas ou plataformas online sem credibilidade.
- Siga o manual do fabricante: cada carro precisa do tipo correto de óleo.
- Desconfie de preços muito baixos — o barato às vezes é a porta de entrada do golpe.
Riscos não são só financeiros
Algumas fraudes envolvem resíduos contaminados usados como matéria-prima para combustíveis e lubrificantes suspeitos. Mais do que dano mecânico, há riscos ambientais e à segurança pública. Em operações de fiscalização integradas, a PRF e o Ibama já encontraram caminhões clandestinos com resíduos usados para fraudes, e até cargas de drogas escondidas junto ao óleo .
A destinação ilegal desses resíduos também gera custos indiretos, que elevam o preço dos produtos “legítimos”, sobrecarregando o consumidor honesto .
O que acontece se você cair nessa
Sem o selo da ANP, sem nota ou com produto não condizente com o manual, o motorista fica sem cobertura. Garantias de fábrica podem ser anuladas, e em caso de acidente causado por falha do motor, o seguro pode se recusar a cobrir o sinistro. Em campo judicial, a adulteração pode inverter a culpa .
Como agir — passo a passo simples
Vá ao local confiável (posto ou oficina), acompanhe a verificação do nível do óleo (entre marcações mínimo e máximo), guarde a nota fiscal e, em caso de suspeita, denuncie: tanto ao ICL, quanto à ANP (0800 970 0267) ou órgãos de defesa do consumidor. Esses registros ajudam a embasar ações contra irregularidades mprs.mp.br.