Reestilização traz nova central de 11 polegadas, motor recalibrado e correia reforçada, enquanto a Chevrolet aposta em eficiência e garantia ampliada para manter o SUV competitivo diante da perda de potência e da forte concorrência.
O Chevrolet Tracker 2026 chega reestilizado e com motor 1.0 turbo recalibrado para 115,5 cv, além de uma central multimídia de 11 polegadas e ajustes finos de suspensão.
A estratégia mira eficiência e preço em um segmento extremamente disputado, mesmo após a queda de potência.
A marca manteve a faixa de valores da linha 2025, entre R$ 119.900 e R$ 190.590, e ampliou a garantia para cinco anos, movimento que busca elevar a confiança do consumidor.
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Visual novo, pacote revisto e foco na eficiência
A atualização estética envolve frente redesenhada e cabine modernizada com quadro de instrumentos digital e a nova tela de 11”.
Nas versões de entrada e LT, o conjunto traz rodas de aço de 17 polegadas com calotas, um recurso que ajuda a conter custos, ainda que evidencie simplicidade para um modelo acima de R$ 150 mil.
A conectividade inclui Android Auto e Apple CarPlay sem fio, além do OnStar.
No campo estrutural, o Tracker preserva medidas da geração atual, com 4,30 m de comprimento, 2,57 m de entre-eixos, 1,79 m de largura e 1,62 m de altura.
O porta-malas segue em 393 litros, número competitivo, mas não líder entre os rivais diretos.
Por que a potência caiu para 115,5 cv
A GM recalibrou o 1.0 turbo de três cilindros para alinhar o SUV às novas regras de tributação que premiam modelos mais eficientes.
O Programa Carro Sustentável, regulamentado em julho, zerou o IPI para veículos compactos fabricados no Brasil e com alto desempenho ambiental; entre os critérios que modulam o imposto está a potência em kW, com faixas que favorecem motores até 85 kW (cerca de 115 cv).
A adequação do conjunto deixa o Tracker apto a pleitear o benefício, embora a inclusão dependa de credenciamento e publicação de portaria específica.
Na prática, o SUV perdeu 5,5 cv no etanol e 1 cv na gasolina em relação à calibração anterior que chegava a 121 cv, mas manteve o torque em patamares conhecidos: 18,9 kgfm (E) e 18,3 kgfm (G).
O câmbio automático de seis marchas continua responsável por gerenciar o desempenho com relações bem escalonadas.
Consumo ajustado e desempenho
As mudanças renderam pequena melhora no consumo nas versões 1.0T.
Segundo dados do Inmetro, o Tracker faz 8,1 km/l na cidade e 9,9 km/l na estrada com etanol; com gasolina, são 11,5 km/l (urbano) e 13,8 km/l (rodoviário).
Em desempenho, o 0 a 100 km/h oficial fica em 10,9 s, coerente com a proposta urbana do modelo e com a suavidade de respostas após 2.000 rpm, embora o “turbo lag” ainda possa ser percebido nas saídas.
Enquanto isso, rivais como o Volkswagen T-Cross seguem registrando médias de combustível superiores em alguns cenários de teste de eficiência, o que pressiona o Chevrolet a competir em conectividade, garantia e preço.
A leitura de mercado reforça a necessidade de o Tracker se posicionar como opção racional para quem prioriza equipamentos e pós-venda.
Condução, espaço interno e ergonomia
A calibração de suspensão ficou mais firme, mas sem comprometer o conforto em piso irregular.
A direção elétrica leve favorece manobras e o comportamento urbano, enquanto volante com ajuste de altura e profundidade e cinto regulável ajudam a encaixar melhor a posição de dirigir.
Por outro lado, os bancos de tecido das versões inferiores não se destacam em maciez e o túnel central elevado limita o espaço para quem vai no meio do banco traseiro.
Quanto ao porta-malas de 393 litros, o volume atende famílias pequenas, mas alguns concorrentes entregam mais capacidade.
Com 2,57 m de entre-eixos, o espaço traseiro é suficiente para dois adultos, embora a terceira pessoa viaje com restrições.
Correia banhada a óleo: o que mudou
Tema sensível para os motores de três cilindros da GM, a correia dentada banhada a óleo recebeu nova formulação de borracha, indicada como mais resistente a desgaste por manutenção inadequada.
Como parte da resposta à crise reputacional, a Chevrolet ampliou garantias e estabeleceu procedimentos de revalidação do componente, além de adotar peça reforçada nos carros mais novos.
No Tracker 2026, a montadora passou a divulgar cinco anos de garantia para o veículo, enquanto iniciativas específicas cobrem inspeção e troca do kit conforme protocolos da rede.
O uso do óleo correto e a manutenção no prazo seguem determinantes para a durabilidade.
Equipamentos e segurança na versão LT
Na configuração LT avaliada, o painel digital e a central de 11” elevam a experiência de uso, com interface simples e pareamento sem fio.
Há câmera de ré, sensores de estacionamento traseiros e chave presencial com partida por botão, além de seis airbags e controles de estabilidade e tração como itens de série.
O acabamento, porém, permanece predominantemente em plástico rígido, limitando a sensação de requinte.
Preço, posicionamento e custo-benefício
Com preços inalterados em relação a 2025 e calibração voltada a atingir parâmetros de tributação mais favoráveis, o Tracker 2026 tenta compensar a perda de potência com equipamentos, conectividade e garantia de 5 anos.
A decisão sobre o custo-benefício dependerá, sobretudo, de o modelo efetivamente entrar na lista com IPI zero e de como as concessionárias repassarem eventuais reduções.
Até lá, o pacote do 1.0 turbo cumpre bem a rotina urbana, ainda que o atraso na entrada do turbo exija familiarização do motorista em arrancadas.
Para quem valoriza conectividade ampla, revisão programada e garantia longa, a calibragem “menos é mais” faz sentido; para quem prioriza desempenho e consumo de ponta, a comparação direta com T-Cross, Nivus e Creta continua obrigatória.
No seu uso diário, o que pesa mais: a economia prometida pelo novo enquadramento tributário ou a entrega de potência que foi reduzida para chegar lá?