A agência de classificação de risco Moody’s alerta que condenação de Bolsonaro pode levar EUA a reverter isenções tarifárias para produtos brasileiros como petróleo, suco de laranja e aeronaves — risco bilionário para exportadores.
A relação comercial entre Brasil e Estados Unidos vive um momento delicado. De um lado, Washington anunciou uma lista de isenções tarifárias que beneficiam produtos estratégicos brasileiros, como petróleo, aeronaves e suco de laranja. De outro, a agência de classificação de risco Moody’s lançou um alerta que acendeu luzes vermelhas em Brasília e no mercado: a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal pode servir de gatilho político para os EUA reverem esses benefícios, impondo tarifas adicionais e criando obstáculos econômicos.
O alerta não é apenas um detalhe diplomático — ele coloca em risco bilhões de dólares em exportações brasileiras e pode comprometer a confiança de investidores internacionais.
O que está em jogo com a lista de isenções
Atualmente, a lista de produtos brasileiros que contam com isenções tarifárias nos EUA inclui alguns dos setores mais importantes da pauta exportadora nacional:
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- Aeronaves – segmento dominado pela Embraer, que tem nos EUA um de seus principais mercados consumidores.
- Petróleo cru – item que responde por parcela relevante do comércio bilateral.
- Suco de laranja – produto que tem forte presença no mercado americano, especialmente na Flórida.
- Celulose e derivados – utilizados em larga escala pela indústria de papel e embalagens.
Segundo a Moody’s, qualquer revisão dessa lista teria impacto direto na balança comercial brasileira e poderia enfraquecer ainda mais a posição do país em meio a uma guerra tarifária global.
O alerta da Moody’s
A análise da Moody’s foi clara: a condenação de Bolsonaro cria um ambiente de risco político e institucional que pode ser usado como justificativa para pressões adicionais sobre o Brasil.
Em relatórios e comunicados à imprensa, a agência destacou que “a instabilidade institucional pode afetar relações comerciais e comprometer benefícios conquistados recentemente”.
Isso significa que, para a Moody’s, o episódio jurídico envolvendo Bolsonaro não se limita ao cenário interno brasileiro — ele pode ser usado como argumento por parceiros internacionais para rever privilégios comerciais ou impor sanções.
O peso político da condenação de Bolsonaro
A decisão do STF contra o ex-presidente, considerada histórica, já gerou repercussões internacionais. Nos EUA, parlamentares e analistas acompanham de perto a crise política brasileira, e a Casa Branca tem adotado uma postura pragmática: benefícios comerciais dependem de alinhamento político e institucional.
Nesse contexto, a condenação de Bolsonaro pode ser vista por Washington como um sinal de instabilidade ou até como oportunidade para reequilibrar interesses, pressionando Brasília em negociações comerciais futuras.
Impactos para exportadores brasileiros
Se os EUA decidirem reverter a lista de isenções, os efeitos seriam imediatos:
- A Embraer, uma das maiores exportadoras brasileiras, poderia enfrentar tarifas que reduziram sua competitividade frente a fabricantes como a Boeing.
- O setor de petróleo perderia margens importantes, já que parte de suas exportações para os EUA ficaria mais cara.
- O suco de laranja, produto tradicional da pauta brasileira, poderia ser substituído parcial ou totalmente por fornecedores alternativos.
- A indústria de papel e celulose teria custos adicionais, diminuindo sua presença no mercado americano.
Essas mudanças significariam não apenas perdas bilionárias para exportadores, mas também efeitos indiretos sobre emprego, arrecadação e investimentos.
Reação do governo e do mercado
No Brasil, a análise da Moody’s foi recebida com preocupação. O governo teme que os EUA usem o episódio político como argumento para pressionar em outros pontos de negociação, como tarifas agrícolas e regras ambientais. Já o mercado financeiro observa com cautela: investidores estrangeiros consideram que qualquer perda de previsibilidade nas relações com Washington pode aumentar a percepção de risco sobre o Brasil.
Analistas destacam que, em um cenário de dólar valorizado e juros ainda elevados, a reversão de benefícios comerciais teria efeito inflacionário e poderia frear o crescimento em 2025.
Um risco que vai além da economia
O alerta da Moody’s não trata apenas de tarifas. Ele indica que a condenação de Bolsonaro pode enfraquecer a credibilidade institucional do Brasil aos olhos do mundo. Isso significa que não apenas o comércio, mas também investimentos externos, financiamento internacional e acordos multilaterais podem ser afetados.
Em um momento em que o Brasil tenta ampliar sua liderança nos BRICS e diversificar parceiros, perder terreno com os EUA pode ser uma derrota estratégica de longo prazo.
O dilema brasileiro
A situação coloca o Brasil diante de um dilema: como manter benefícios comerciais com Washington sem ceder em questões internas sensíveis? A diplomacia terá papel fundamental. O Itamaraty já articula diálogos para reduzir riscos e transmitir a mensagem de que a economia brasileira segue sólida, apesar das turbulências políticas.
Mas a realidade é dura: em um mundo em que política e comércio caminham juntos, qualquer crise interna pode se tornar moeda de troca nas negociações internacionais.