BYD muda o jogo com produção verticalizada e desafia gigantes como Toyota e Tesla com carros elétricos muito mais baratos e eficientes.
A indústria automotiva global vive uma transformação profunda, impulsionada pela ascensão da chinesa BYD.
A fabricante, que se destacou no mercado de veículos elétricos (VE), tem provocado uma verdadeira corrida por inovação, ao adotar um modelo de produção altamente verticalizado, em contraponto ao tradicional sistema enxuto japonês.
A pergunta que mobiliza especialistas e consumidores é clara: como a BYD consegue entregar carros elétricos por preços tão competitivos?
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Já a resposta está em uma estratégia que reconfigura a lógica da indústria automobilística: o controle quase total da cadeia produtiva, desde a extração de matérias-primas até a entrega do automóvel finalizado.
Esse modelo de verticalização tem imposto desafios diretos a gigantes como Toyota, Nissan, Honda e até à Tesla, que já praticava integração produtiva, mas de forma distinta.
A eficiência japonesa e o modelo enxuto
No pós-guerra, o Japão enfrentou um cenário econômico desolador. Foi nesse contexto que a Toyota desenvolveu o sistema de produção enxuta, baseado em dois princípios centrais: o Just in Time — fabricação sob demanda, com estoques mínimos — e o Kaizen, filosofia de melhoria contínua.
Esse modelo tornou-se referência mundial por garantir alta qualidade, baixo custo e produção eficiente. Durante décadas, foi o alicerce da competitividade das montadoras japonesas.
No entanto, com a eletrificação da frota global, novas exigências de tecnologia, eficiência energética e cadeias de suprimentos mais resilientes colocaram à prova essa abordagem tradicional.
O segredo da BYD: controle absoluto da produção
Diferentemente da estratégia japonesa, a BYD adotou um modelo radicalmente verticalizado. Hoje, a empresa fabrica internamente mais de 70% dos componentes utilizados em seus veículos — incluindo baterias, motores, chips e sistemas eletrônicos de controle.
A divisão FinDreams, braço da BYD voltado à produção de baterias, já é a segunda maior do mundo, com mais de 155 GWh em 2024.
A própria companhia também detém navios de transporte e infraestrutura logística própria, o que diminui significativamente custos e atrasos.
Essa autonomia operacional permitiu à BYD reduzir drasticamente o preço final de seus automóveis. Em mercados como o asiático, o modelo Dolphin chega a custar o equivalente a US$ 7.780 — valor impensável para concorrentes ocidentais.
Tesla: automação como diferencial
A Tesla também pratica a verticalização, embora não no mesmo nível da BYD. Suas chamadas Gigafactories concentram boa parte da produção de baterias, motores e software.
Um diferencial da montadora americana é o uso intensivo de inteligência artificial e robótica, permitindo agilidade nos ajustes de linha e na personalização dos veículos.
Apesar disso, a Tesla ainda depende de fornecedores como Panasonic, CATL e LG para parte significativa de suas baterias. Essa dependência, ausente no modelo da BYD, cria limitações em termos de custo e volume.
Japão reage com investimentos em inovação
Diante do avanço chinês, as montadoras japonesas começaram a rever suas estratégias. A Toyota anunciou investimentos de 245 bilhões de ienes para dobrar sua capacidade de produção de baterias no Japão, passando de 80 para 120 GWh até 2030.
Além disso, fábricas estão sendo ampliadas em regiões como Kyushu, Hyogo e até no exterior, como na Carolina do Norte (EUA) e no Canadá.
A marca também firmou parcerias com empresas como LG Energy Solution para desenvolver baterias de última geração.
Centros de pesquisa no Japão e fora do país agora exploram tecnologias como inteligência artificial, automação avançada, baterias de estado sólido e semicondutores próprios — numa tentativa de adaptar o modelo enxuto ao novo cenário de produção elétrica.
Comparativo entre os dois modelos produtivos
A verticalização total proporciona controle absoluto da cadeia, menor exposição a crises de suprimentos e custos reduzidos. Já o sistema enxuto oferece flexibilidade e foco na excelência operacional com fornecedores qualificados.
Estratégia | Produção Enxuta (Japão) | Verticalização (BYD) |
---|---|---|
Cadeia de suprimento | Terceirizada e eficiente | Interna e integrada |
Custo inicial | Menor | Alto, mas com retorno em escala |
Agilidade em inovação | Limitada aos parceiros | Alta, com domínio sobre tudo |
Preço ao consumidor | Moderado | Muito competitivo |
O impacto no Brasil
As transformações não estão restritas aos grandes centros globais. A BYD já anunciou a instalação de uma fábrica de baterias no Brasil, em Camaçari (BA), aproveitando o crescimento do mercado nacional de veículos elétricos.
Toyota e Honda, por sua vez, iniciaram atualizações em suas linhas de montagem locais, incorporando robôs e automatização, além de avaliarem parcerias para desenvolver baterias no país.
Essa movimentação deve gerar empregos, impulsionar a tecnologia nacional e acelerar a eletrificação da frota brasileira.
Uma nova era na indústria automotiva
A disputa entre os modelos de produção está em aberto. A verticalização mostrou-se eficiente para o cenário atual de eletrificação e incerteza logística, mas o modelo enxuto japonês ainda pode surpreender com adaptações tecnológicas.
O que está claro é que inovação, automação e domínio de tecnologia serão os principais diferenciais competitivos no mercado global.
Você acredita que a BYD está apenas inovando ou será que sua estratégia de domínio total da cadeia produtiva representa uma ameaça real à sobrevivência das montadoras tradicionais?
A grande pergunta é: Com a inundação de carros elétricos no Brasil, qual é o planejamento de estrutura para atender o carregamento destas baterias em nossas cidades e estradas?
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BYD deixando concorrentes para trás.