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Montadora japonesa que faz história há anos no Brasil pode colocar R$ 10 bilhões na mesa para se tornar ‘dona’ da Raízen ao lado de Cosan e Shell, diz Bloomberg

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 06/09/2025 às 22:52
Mitsubishi negocia entrada na Raízen com Cosan e Shell. Aporte de R$ 10 bilhões pode redefinir o setor sucroalcooleiro no Brasil.
Mitsubishi negocia entrada na Raízen com Cosan e Shell. Aporte de R$ 10 bilhões pode redefinir o setor sucroalcooleiro no Brasil.
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Mitsubishi avalia investir bilhões na Raízen em meio a reestruturação financeira e queda nas ações da empresa. Conversas ainda estão em fase inicial e podem redefinir participação dos atuais controladores.

A Mitsubishi avalia investir R$ 10 bilhões para entrar no capital da Raízen, empresa controlada por Cosan e Shell. A informação foi divulgada pela Bloomberg nesta terça-feira (02).

As discussões ainda estão em estágio inicial, e o conglomerado japonês analisa se apresentará proposta formal para a aquisição de ações.

Negociação preliminar com Cosan e Shell

Segundo a agência, a operação envolveria um aumento de capital, o que poderia resultar em diluição da participação da Cosan.

A ideia é reforçar o caixa da Raízen em meio ao elevado endividamento e à pressão do mercado. Até o momento, não há definição sobre percentual de participação ou formato da transação.

Confirmação das controladoras

Horas depois da publicação da Bloomberg, a Cosan confirmou em comunicado que, junto com a Shell, estuda a entrada de novos investidores.

O texto ressalta, no entanto, que nenhum acordo foi firmado e que eventuais tratativas não são vinculantes nesta fase.

Raízen pode receber aporte da Mitsubishi em usinas de etanol, fortalecendo investimentos no setor energético. (Imagem: Ethanol Producer)
Raízen pode receber aporte da Mitsubishi em usinas de etanol, fortalecendo investimentos no setor energético. (Imagem: Ethanol Producer)

Dívida elevada e balanço pressionado

O contexto financeiro explica o movimento.

No balanço da safra 2025/26, divulgado em 14 de agosto, a Raízen reportou prejuízo líquido de R$ 1,8 bilhão e uma dívida líquida de R$ 49,2 bilhões.

A alavancagem atingiu 4,5 vezes o Ebitda ajustado, reflexo principalmente do aumento dos custos financeiros atrelados ao CDI.

Na avaliação de analistas, a companhia precisa acelerar medidas de desalavancagem, como redução de investimentos, cortes em operações de trading e novas vendas de ativos.

A expectativa é que um aporte externo se torne essencial para aliviar a estrutura de capital.

Plano de reestruturação e vendas de ativos

Com a chegada de Nelson Gomes à presidência no fim de 2024, a empresa iniciou uma ampla reestruturação.

Parte dessa estratégia é a revisão do portfólio de negócios, que já resultou em desinvestimentos relevantes.

O exemplo mais recente ocorreu em 29 de agosto de 2025, quando a Raízen anunciou a venda das usinas Passa Tempo e Rio Brilhante, em Mato Grosso do Sul, para a Cocal.

A operação foi avaliada em R$ 1,325 bilhão, podendo alcançar R$ 1,543 bilhão dependendo de ajustes de entressafra.

O pacote inclui capacidade de moagem de 6,2 milhões de toneladas, além de contratos de fornecimento de cana e áreas agrícolas.

Fábrica da Mitsubishi em Catalão (GO). Japonesa pode expandir atuação além dos carros, com possível entrada no setor sucroalcooleiro. (Imagem: Divulgação)
Fábrica da Mitsubishi em Catalão (GO). Japonesa pode expandir atuação além dos carros, com possível entrada no setor sucroalcooleiro. (Imagem: Divulgação)

Desempenho na bolsa

O enfraquecimento dos indicadores financeiros impactou diretamente a performance em bolsa.

Somente em 2025, até esta terça (2), as ações da Raízen acumulam queda de cerca de 43%, o que reduziu o valor de mercado da companhia para aproximadamente R$ 12,8 bilhões.

O recuo aumenta a pressão por reforço de capital, já que emissões em momentos de fragilidade costumam ter custo elevado.

Interesse da Mitsubishi

A entrada da Mitsubishi é vista como estratégica. O conglomerado japonês tem tradição em investimentos no Brasil e presença consolidada em setores de energia e commodities.

Embora ainda não haja detalhes sobre possíveis sinergias, a experiência internacional e a solidez financeira da empresa poderiam fortalecer a plataforma integrada da Raízen, que vai do etanol e açúcar à distribuição de combustíveis.

Perspectivas e próximos passos

Sem cronograma definido, as conversas permanecem exploratórias.

O desfecho dependerá da negociação entre Cosan e Shell, da disposição da Mitsubishi em investir e das condições de mercado.

Em paralelo, a Raízen segue com sua agenda de desinvestimentos e busca melhorar margens operacionais na safra atual.

A expectativa do mercado é de que um aporte dessa dimensão traga fôlego ao caixa e reduza a alavancagem.

Ainda assim, resta a dúvida: a chegada de um novo sócio será suficiente para reequilibrar a companhia ou apenas dará tempo extra até a próxima safra?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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