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MIT cria tijolos que conduzem eletricidade e armazenam calor — tecnologia promete revolucionar fornos, usinas e a indústria pesada

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 26/07/2025 às 13:14
MIT cria tijolos que conduzem eletricidade e armazenam calor — tecnologia promete revolucionar fornos, usinas e a indústria pesada
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Criados no MIT, os E-bricks conduzem eletricidade, armazenam calor de até 1.800 °C e prometem substituir combustíveis fósseis, revolucionando fornos, usinas e a indústria pesada.

O Massachusetts Institute of Technology (MIT) está mais uma vez no centro de uma revolução tecnológica que pode transformar indústrias inteiras. A startup Electrified Thermal Solutions, nascida dentro do MIT, desenvolveu tijolos refratários que não apenas conduzem eletricidade, mas também armazenam calor em temperaturas de até 1.800 °C. Batizados de E-bricks, esses tijolos são a base de um sistema chamado Joule Hive™ Thermal Battery (JHTB), uma bateria térmica capaz de gerar, armazenar e liberar calor extremo, prometendo mudar a maneira como setores como cimento, aço, mineração e alimentos operam.

Essa inovação vai além de um avanço acadêmico: é um passo concreto rumo à descarbonização da indústria pesada, responsável por mais de 20% das emissões globais de gases de efeito estufa. Com os E-bricks, fábricas poderão substituir combustíveis fósseis por eletricidade renovável, criando uma rota realista para reduzir drasticamente a poluição em processos que, historicamente, dependem de carvão, gás e óleo.

MIT inovação tijolo: como funciona a tecnologia que conduz eletricidade e armazena calor

O conceito por trás dos E-bricks é simples, mas poderoso. Os tijolos são fabricados com materiais refratários especiais, capazes de suportar temperaturas altíssimas. Quando conectados a uma fonte de eletricidade renovável, eles se aquecem rapidamente e armazenam calor em larga escala. Esse calor pode, então, ser liberado sob demanda para alimentar fornos, usinas e sistemas industriais.

Esse modelo é revolucionário porque transforma o próprio tijolo em um meio de armazenamento de energia, algo que pode eliminar a necessidade de queima de combustíveis fósseis em processos térmicos. Com isso, indústrias pesadas poderão manter a mesma eficiência, mas com uma pegada de carbono muito menor.

E-bricks e a parceria estratégica com a HWI para produção em escala

Para levar a tecnologia do laboratório para a indústria, a Electrified Thermal Solutions firmou um acordo com a HarbisonWalker International (HWI), empresa do grupo Calderys e uma das maiores fornecedoras de materiais refratários dos EUA.

Essa parceria é fundamental porque garante a produção em escala dos E-bricks usando cadeias de suprimento já existentes.

MIT cria tijolos que conduzem eletricidade e armazenam calor — tecnologia promete revolucionar fornos, usinas e a indústria pesada
(Imagem: Electrified Thermal Solutions E-bricks)

De acordo com a HWI, os tijolos elétricos mantêm a durabilidade exigida por clientes que trabalham com temperaturas extremas, ao mesmo tempo em que oferecem a vantagem de gerar calor usando eletricidade renovável.

A Calderys, controladora da HWI, já planeja expandir a fabricação globalmente, sinalizando que a demanda industrial por esse tipo de solução está crescendo rapidamente.

Tijolos elétricos: benefícios e potencial de transformação industrial

Os E-bricks oferecem uma série de vantagens que explicam por que estão chamando a atenção de gigantes industriais:

  • Suportam temperaturas extremas de até 1.800 °C, adequadas para setores como cimento e aço.
  • Substituem combustíveis fósseis, usando energia elétrica renovável como fonte de calor.
  • Reduzem emissões de gases do efeito estufa, ajudando empresas a atingir metas de sustentabilidade.
  • Podem ser produzidos em larga escala, aproveitando fábricas e cadeias de fornecimento já existentes.

Segundo Daniel Stack, CEO e cofundador da Electrified Thermal Solutions, o objetivo sempre foi criar um produto escalável: “Para causar um impacto significativo em escala global, precisávamos de uma solução que pudesse ser produzida rapidamente. Nossa parceria com a HWI transforma o que poderia ser um gargalo em uma poderosa vantagem de escala.”

Tijolos condutores: o que isso significa para a revolução industrial limpa

A possibilidade de armazenar calor de maneira eficiente usando eletricidade abre um leque de oportunidades para a chamada indústria 4.0 verde.

Hoje, muitos setores enfrentam dificuldades para eliminar combustíveis fósseis porque precisam de calor contínuo e intenso para operar. O aço, por exemplo, exige temperaturas altíssimas para fundição. O cimento, outro setor poluente, depende de fornos que funcionam 24 horas.

Os E-bricks podem resolver esse impasse ao permitir que empresas utilizem energia solar e eólica — fontes que variam ao longo do dia — para aquecer os tijolos, que depois liberam calor de forma estável. Isso cria um elo entre energias renováveis intermitentes e processos industriais constantes, algo que sempre foi um desafio para a descarbonização.

Indústrias que podem se beneficiar dos E-bricks

  • Cimento: responsável por cerca de 7% das emissões globais de CO₂, poderia usar os tijolos para eliminar o uso de carvão.
  • Siderurgia: substituir coque e gás natural por calor elétrico reduziria emissões sem comprometer a produção.
  • Mineração e metais: processos de fundição e refino se tornariam mais limpos.
  • Alimentos e bebidas: fornos e sistemas de pasteurização poderiam funcionar de forma mais sustentável.

Um passo para um futuro de fornos e usinas mais limpos

O impacto potencial da tecnologia é enorme. Ao invés de reinventar toda a infraestrutura, os E-bricks podem ser inseridos em fornos, usinas e sistemas existentes, acelerando a adoção sem exigir mudanças drásticas no parque industrial global.

Mais do que uma inovação do MIT, os tijolos elétricos representam um conceito pragmático: transformar componentes simples, como tijolos, em peças-chave para a transição energética global.

Os E-bricks mostram que nem toda revolução tecnológica vem na forma de chips ou inteligência artificial. Às vezes, o que muda o mundo é um tijolo — desde que ele armazene calor, conduza eletricidade e substitua combustíveis fósseis em escala industrial.

Com a parceria entre a Electrified Thermal Solutions e a HWI, essa inovação está pronta para sair dos laboratórios do MIT e aquecer fornos em todo o mundo, inaugurando uma nova era para a indústria pesada limpa e sustentável.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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