Criados no MIT, os E-bricks conduzem eletricidade, armazenam calor de até 1.800 °C e prometem substituir combustíveis fósseis, revolucionando fornos, usinas e a indústria pesada.
O Massachusetts Institute of Technology (MIT) está mais uma vez no centro de uma revolução tecnológica que pode transformar indústrias inteiras. A startup Electrified Thermal Solutions, nascida dentro do MIT, desenvolveu tijolos refratários que não apenas conduzem eletricidade, mas também armazenam calor em temperaturas de até 1.800 °C. Batizados de E-bricks, esses tijolos são a base de um sistema chamado Joule Hive™ Thermal Battery (JHTB), uma bateria térmica capaz de gerar, armazenar e liberar calor extremo, prometendo mudar a maneira como setores como cimento, aço, mineração e alimentos operam.
Essa inovação vai além de um avanço acadêmico: é um passo concreto rumo à descarbonização da indústria pesada, responsável por mais de 20% das emissões globais de gases de efeito estufa. Com os E-bricks, fábricas poderão substituir combustíveis fósseis por eletricidade renovável, criando uma rota realista para reduzir drasticamente a poluição em processos que, historicamente, dependem de carvão, gás e óleo.
MIT inovação tijolo: como funciona a tecnologia que conduz eletricidade e armazena calor
O conceito por trás dos E-bricks é simples, mas poderoso. Os tijolos são fabricados com materiais refratários especiais, capazes de suportar temperaturas altíssimas. Quando conectados a uma fonte de eletricidade renovável, eles se aquecem rapidamente e armazenam calor em larga escala. Esse calor pode, então, ser liberado sob demanda para alimentar fornos, usinas e sistemas industriais.
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Esse modelo é revolucionário porque transforma o próprio tijolo em um meio de armazenamento de energia, algo que pode eliminar a necessidade de queima de combustíveis fósseis em processos térmicos. Com isso, indústrias pesadas poderão manter a mesma eficiência, mas com uma pegada de carbono muito menor.
E-bricks e a parceria estratégica com a HWI para produção em escala
Para levar a tecnologia do laboratório para a indústria, a Electrified Thermal Solutions firmou um acordo com a HarbisonWalker International (HWI), empresa do grupo Calderys e uma das maiores fornecedoras de materiais refratários dos EUA.
Essa parceria é fundamental porque garante a produção em escala dos E-bricks usando cadeias de suprimento já existentes.
De acordo com a HWI, os tijolos elétricos mantêm a durabilidade exigida por clientes que trabalham com temperaturas extremas, ao mesmo tempo em que oferecem a vantagem de gerar calor usando eletricidade renovável.
A Calderys, controladora da HWI, já planeja expandir a fabricação globalmente, sinalizando que a demanda industrial por esse tipo de solução está crescendo rapidamente.
Tijolos elétricos: benefícios e potencial de transformação industrial
Os E-bricks oferecem uma série de vantagens que explicam por que estão chamando a atenção de gigantes industriais:
- Suportam temperaturas extremas de até 1.800 °C, adequadas para setores como cimento e aço.
- Substituem combustíveis fósseis, usando energia elétrica renovável como fonte de calor.
- Reduzem emissões de gases do efeito estufa, ajudando empresas a atingir metas de sustentabilidade.
- Podem ser produzidos em larga escala, aproveitando fábricas e cadeias de fornecimento já existentes.
Segundo Daniel Stack, CEO e cofundador da Electrified Thermal Solutions, o objetivo sempre foi criar um produto escalável: “Para causar um impacto significativo em escala global, precisávamos de uma solução que pudesse ser produzida rapidamente. Nossa parceria com a HWI transforma o que poderia ser um gargalo em uma poderosa vantagem de escala.”
Tijolos condutores: o que isso significa para a revolução industrial limpa
A possibilidade de armazenar calor de maneira eficiente usando eletricidade abre um leque de oportunidades para a chamada indústria 4.0 verde.
Hoje, muitos setores enfrentam dificuldades para eliminar combustíveis fósseis porque precisam de calor contínuo e intenso para operar. O aço, por exemplo, exige temperaturas altíssimas para fundição. O cimento, outro setor poluente, depende de fornos que funcionam 24 horas.
Os E-bricks podem resolver esse impasse ao permitir que empresas utilizem energia solar e eólica — fontes que variam ao longo do dia — para aquecer os tijolos, que depois liberam calor de forma estável. Isso cria um elo entre energias renováveis intermitentes e processos industriais constantes, algo que sempre foi um desafio para a descarbonização.
Indústrias que podem se beneficiar dos E-bricks
- Cimento: responsável por cerca de 7% das emissões globais de CO₂, poderia usar os tijolos para eliminar o uso de carvão.
- Siderurgia: substituir coque e gás natural por calor elétrico reduziria emissões sem comprometer a produção.
- Mineração e metais: processos de fundição e refino se tornariam mais limpos.
- Alimentos e bebidas: fornos e sistemas de pasteurização poderiam funcionar de forma mais sustentável.
Um passo para um futuro de fornos e usinas mais limpos
O impacto potencial da tecnologia é enorme. Ao invés de reinventar toda a infraestrutura, os E-bricks podem ser inseridos em fornos, usinas e sistemas existentes, acelerando a adoção sem exigir mudanças drásticas no parque industrial global.
Mais do que uma inovação do MIT, os tijolos elétricos representam um conceito pragmático: transformar componentes simples, como tijolos, em peças-chave para a transição energética global.
Os E-bricks mostram que nem toda revolução tecnológica vem na forma de chips ou inteligência artificial. Às vezes, o que muda o mundo é um tijolo — desde que ele armazene calor, conduza eletricidade e substitua combustíveis fósseis em escala industrial.
Com a parceria entre a Electrified Thermal Solutions e a HWI, essa inovação está pronta para sair dos laboratórios do MIT e aquecer fornos em todo o mundo, inaugurando uma nova era para a indústria pesada limpa e sustentável.