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Mistério resolvido! Crateras de metano explodindo estão destruindo a Sibéria – Entenda o fenômeno assustador

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 12/11/2024 às 15:43
Sibéria
Foto: Reprodução

Grandes crateras de metano estão explodindo e destruindo a Sibéria; cientistas finalmente compreendem a causa

Na vastidão gelada da tundra da Sibéria, um mistério assustador começou a surgir: crateras gigantes explodindo do próprio solo. Desde 2014, mais de vinte dessas formações foram descobertas, cada uma delas com centenas de metros de largura, criando abismos escuros e profundos no permafrost do Ártico Russo.

Para muitos, as crateras são obras de ficção científica ou talvez até de forças extraterrestres. Mas agora, os cientistas estão começando a compreender as razões reais por trás dessas explosões — e a resposta pode estar no aquecimento global.

A primeira cratera foi descoberta na Península de Yamal em 2014, gerando curiosidade e muitas teorias. De meteoros a pertinentes, todas as possibilidades foram consideradas. Porém, uma resposta plausível parece estar nas próprias entradas da terra: mudanças climáticas interagindo com a geologia siberiana única.

Um estudo publicado recentemente na Geophysical Research Letters sugere que o aumento das temperaturas está causando a liberação explosiva de metano das profundezas do solo congelado. Esse aspecto não é apenas uma investigação geológica, mas um exemplo alarmante das consequências das mudanças climáticas em áreas remotas e geladas do planeta.

Hidratos de metano e a explosão do subsolo da Sibéria

Para entender o que está acontecendo, precisamos entender os hidratos de metano. Imagine metano solidificado, preso em gelo. Essas formações resultam em condições de alta pressão e baixa temperatura, exatamente como o permafrost siberiano. Contudo, o aquecimento do solo, mesmo que de forma sutil, está desestabilizando esses hidratos.

Ana Morgado, uma engenheira química da Universidade de Cambridge, descreve a situação como uma “combinação perfeita” de fatores, onde permafrost, hidratos de metano e uma camada única de água salgada e líquida, chamada de “criopeg”, formam uma receita para uma fato explosivo.

Com o aquecimento, as camadas superiores do permafrost derretem e a água fluida para o criopeg — uma camada de água salina e líquida que fica abaixo do solo congelado. Essa infiltração gera uma pressão crescente no subsolo, suficiente para rachar as camadas superiores da terra.

Quando essas rachaduras atingem a superfície, a pressão cai significativamente, desestabilizando o metano. E é nesse momento que ocorre a explosão, liberando o gás de forma violenta e criando as crateras que hoje intrigam os cientistas.

O impacto global de pequenas explosões locais

Essas explosões não afetam apenas a paisagem e a segurança dos habitantes locais, mas têm um impacto global. O metano é um dos gases de efeito estufa mais potentes, com capacidade de reter calor até 80 vezes mais do que o dióxido de carbono em curtos períodos.

Embora as crateras possam parecer insignificantes em comparação com a escala global, elas são lembretes da rapidez com que o Ártico está mudando. Lauren Schurmeier, geofísica da Universidade do Havaí, observa que essas crateras ficam surgidas logo após verões particularmente quentes. “Elas são um sinal assustador de que o Ártico está mudando”, afirmou.

Apesar da maioria dos cientistas concordar com o papel das mudanças climáticas, algumas vozes levantam dúvidas. Evgeny Chuvilin, cientista do Instituto de Ciência e Tecnologia Skolkovo, em Moscou, questiona se o processo é tão direto.

Para ele, o metano poderia se acumular em cavidades mais próximas da superfície antes de cair, ao invés de ser resultado de interações profundas com o criopeg. Ainda assim, a maioria dos pesquisadores enfatiza que a mudança climática enfraquece o permafrost, tornando-o mais vulnerável às liberações de gás.

(Topo) A primeira cratera observada no permafrost, detectada em 2014 na Península Yamal, Sibéria. Fonte: National Geographic. (Centro) Representação esquemática da inflação proposta do criopeg. (Abaixo) Linhas de corrente 2D ilustrando o fluxo de água da superfície para o criopeg. Crédito: Geophysical Research Letters.a

O futuro do Ártico e da ciência climática

A aparência das crateras é preocupante por diversos motivos. Primeiro, essas explosões são perigosas para pessoas e infraestrutura nas áreas afetadas. Instituições como o Instituto de Pesquisa de Petróleo e Gás da Academia Russa de Ciências já monitoram montes perto de vilarejos, com recebimento de que novas explosões podem ocorrer.

O segundo ponto é que elas são um alerta sobre o impacto da atividade humana no planeta. Como disse Morgado, a velocidade com que essas mudanças acontecem é impressionante. Não estamos falando de milênios, mas de décadas.

Para os pesquisadores, prever futuras explosões é um desafio, mas também uma necessidade. Entender exatamente como e onde essas crateras se formam pode ajudar a salvar vidas e proteger a infraestrutura crítica do Ártico. Além disso, é uma oportunidade de conscientizar o mundo sobre a importância de agir frente às mudanças climáticas.

Reflexão e conclusão

Pensar nas crateras siberianas como uma consequência das mudanças climáticas nos ajuda a enxergar o impacto global de nossas ações locais. Muitas vezes, associamos o aquecimento global a aparências como furacões, secas e aumento do nível do mar, mas o derretimento do permafrost e a liberação de metano nos mostram que ele também tem formas que não vemos — até que um abismo se abra na tundra.

As crateras são um lembrete sombrio de quanto o planeta está interligado. O que acontece em um canto remoto da Sibéria pode, eventualmente, afetar o clima global e, com ele, a vida de todos nós. O derretimento do Ártico é mais do que um problema isolado.

É um aviso de que o tempo está passando e de que, se queremos proteger nosso futuro, precisamos entender e agir sobre esses sinais, antes que outras manifestações ainda mais drásticas se manifestem.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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