Camilo Santana afirmou que a maior queixa dos professores não é o salário, mas a falta de reconhecimento, e apresentou medidas do MEC para valorizar a carreira docente e tornar a profissão mais atrativa.
Em almoço com empresários em São Paulo, nesta sexta-feira (26), o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que a principal queixa de docentes da educação básica não é a remuneração, mas a falta de reconhecimento.
“A primeira reclamação que o professor faz não é sobre salário, mas, sim, falta de reconhecimento”, disse, em evento organizado pelo grupo Esfera Brasil. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a fala veio acompanhada da promessa de priorizar políticas de valorização da carreira.
Reconhecimento à frente do salário
Na avaliação do ministro, a docência é vista socialmente como profissão de “segundo escalão”, o que afasta jovens da licenciatura.
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Ele defendeu um movimento coordenado para elevar o prestígio do magistério e apresentou ações em curso no MEC para atacar o problema.
A agenda de Santana tem sido levada a diferentes fóruns com o setor privado e entidades de ensino, como o Fnesp, realizado em São Paulo, no qual reforçou medidas para atrair e formar professores.
Piso de 2025 e como ele é calculado
O piso nacional do magistério em 2025 é de R$ 4.867,77 para 40 horas semanais, reajustado em 6,27% por meio da Portaria MEC nº 77, publicada em 31 de janeiro.
O valor decorre do que determina a Lei 11.738/2008 e das regras do Fundeb: a atualização anual toma por referência a variação do VAAF-Fundeb entre 2023 e 2024.
Não é um índice atrelado à inflação cheia do IPCA.
Na prática, o piso é um valor mínimo nacional, e estados e municípios precisam formalizar o pagamento em normas próprias.
O Ministério ressalta que as redes de ensino — e não a União — são responsáveis pelo desembolso.
Cumprimento do piso ainda é um desafio
Apesar do reajuste, cerca de um terço dos municípios não pagava ao menos o piso aos professores da rede pública em 2023.
Dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, do movimento Todos Pela Educação, indicam que 68,5% das cidades garantiam o valor mínimo naquele ano, com grandes diferenças regionais.
O cenário ajuda a explicar por que o tema salarial segue sensível nas redes locais, mesmo com um piso nacional definido.
Medidas do MEC para valorizar a carreira
Como resposta, o MEC centraliza a estratégia no programa Mais Professores.
Um dos eixos é a Prova Nacional Docente (PND), apelidada de “Enem dos Professores”, que estreia com aplicação prevista para 26 de outubro de 2025.
O exame, elaborado pelo Inep, poderá subsidiar a seleção de docentes por estados e municípios, padronizando parte da avaliação de conhecimentos gerais e específicos de licenciatura.
Outro braço é o Pé-de-Meia Licenciaturas, incentivo financeiro mensal a calouros de licenciatura com desempenho a partir de 650 pontos no Enem.
O benefício soma R$ 1.050 por mês, sendo R$ 700 com saque mensal e R$ 350 como poupança para resgate após ingresso em rede pública, em até cinco anos.
A ação busca tornar a docência mais atraente para estudantes de alta performance.
Carteira nacional e descontos via #TôComProf
Para reforçar o reconhecimento simbólico e oferecer benefícios práticos, foi sancionada a Carteira Nacional Docente do Brasil (CNDB), documento de identificação válido para professores das redes pública e privada.
A CNDB integra o Mais Professores e deve habilitar acesso a vantagens e descontos em serviços e programas.
Na mesma linha, o MEC lançou o selo #TôComProf, que credencia empresas parceiras dispostas a conceder descontos a docentes.
Um chamamento público segue aberto até 30 de novembro.
A sinalização “#TôComProf” nos pontos de venda indicará condições diferenciadas mediante apresentação da carteira.
O que dizem os empresários
A fala de Santana encontrou apoio de representantes do setor educacional privado.
Marcelo Battistella Bueno, um dos fundadores da Ânima Educação, afirmou que é preciso encarar de frente a baixa atratividade da carreira.
Ele defendeu que “o professor tem que ser herói, tem que ser referência”.
A Ânima, grupo fundado por Daniel Castanho, Maurício Escobar e o próprio Bueno, vem discutindo caminhos para valorização e formação docente.
Salário mínimo e comparação com o piso
Questionamentos surgiram sobre a equivalência do piso a “três salários mínimos”.
Em 2025, o salário mínimo foi fixado em R$ 1.502 pelo Congresso.
Assim, o piso de R$ 4.867,77 corresponde a pouco mais de três mínimos, mas não exatamente a três, como às vezes se resume de forma imprecisa.
Próximos passos
O ministro sustenta que reconhecimento social, atração de talentos e formação de qualidade caminham juntos com a valorização salarial.
Ao mesmo tempo, a execução local do piso segue como ponto crítico, dependente do orçamento e da gestão de estados e, sobretudo, de prefeituras.
Santana tem dito a interlocutores do setor que a prioridade é construir um ambiente em que a docência volte a ser um projeto desejado de carreira — e que as medidas lançadas este ano ganhem escala a partir de 2026.
Na sua rede ou escola, o que pesa mais hoje para atrair e reter professores: salário ou reconhecimento?