Vale avança com investimento bilionário para explorar uma das maiores jazidas de cobre do Pará, projetando transformar a economia local e nacional. A nova fase da mineração promete impactos significativos, mas ainda guarda detalhes surpreendentes sobre o futuro do metal no Brasil.
A Vale obteve a licença prévia para iniciar a mineração de cobre na jazida Bacaba, em Canaã dos Carajás (PA), revelou a empresa nesta segunda‑feira (16 de junho de 2025).
O anúncio ocorre em meio ao esforço da mineradora para consolidar sua presença nesse setor, dobrando a capacidade de cobre até 2035.
A licença emitida é válida para o projeto Bacaba, cobrindo as fases iniciais de implantação.
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Com investimento de cerca de US$ 290 milhões, o projeto de cobre deve garantir cerca de 50 mil toneladas anuais ao longo de todo o ciclo estimado em oito anos de operação.
A previsão é que a produção se inicie no primeiro semestre de 2028.
A Vale destaca que o projeto de cobre Bacaba representa o primeiro de diversos planos para elevar a presença da empresa na província mineral de Carajás, como parte de sua estratégia global.
Projeto de cobre visa prolongar vida útil do Complexo Sossego
O foco do projeto é prolongar a vida útil do Complexo de Sossego, substituindo gradualmente a produção da mina já em operação, hoje em declínio.
O projeto de cobre deverá gerar, em média, 50 mil toneladas por ano, somando também a infraestrutura já existente, como estradas, britador e planta de processamento do Sossego.
Após o anúncio da licença prévia, as ações da Vale na Bolsa de Nova York subiram cerca de 3,4%, chegando a US$ 9,77, gerando uma capitalização de mercado próxima a US$ 42 bilhões.
Cobre é metal estratégico para transição energética
Especialistas ressaltam que o Brasil é crucial no contexto global de mineração de cobre, um metal estratégico para a transição energética, energias renováveis e mobilidade elétrica.
A Vale, por meio da subsidiária Vale Base Metals (onde detém 90%, e 10% pertencem à joint venture Manara Minerals, entre a Ma’aden e o fundo saudita PIF), tem se posicionado entre os grandes players do setor.
Segundo o CEO da Vale Base Metals, Shaun Usmar, a estratégia é duplicar a capacidade anual de produção até 2035, alcançando 700 mil toneladas — o que inclui tanto cobre quanto níquel — e posicionar a empresa entre as cinco maiores do mundo em base metals.
O projeto de cobre Bacaba é a peça inicial desse plano mais amplo.
Em julho de 2024, Usmar assumiu a liderança da divisão não‑ferrosa, com foco em produtividade, custos e sustentabilidade.
Investimento no Pará pode gerar empregos e tributos
O aporte de US$ 290 milhões previsto para a fase de implantação deve cobrir obras de mina, infraestrutura de acesso, sistema de manejo de rejeitos e instalações operacionais.
Trata-se de um montante alinhado à média de projetos de médio porte no setor.
O retorno financeiro, conforme projeções da Vale, virá com a comercialização do cobre e o prolongamento da vida da mina Sossego, que aportará economias de escala devido ao uso da mesma logística.
Comunidades participaram de audiências públicas
A obtenção da licença prévia foi acompanhada da exigência de audiências públicas com moradores de Canaã dos Carajás e das comunidades vizinhas, chamadas pela Vale em outubro de 2024 como parte da fase de licenciamento ambiental.
Segundo o modelo de compliance da Vale, todas as áreas potenciais passaram por estudos de impacto ambiental, planos de mitigação, uso de água e controle de rejeitos, seguindo as regras da Agência Nacional de Mineração (ANM) e o licenciamento do IBAMA.
Vale prevê cronograma até 2028
A expectativa é que o superávit de produção garanta novos postos de trabalho, tanto na construção — estimados em centenas de vagas diretas — quanto na operação da mina, reforçando a economia local no Pará.
Além disso, espera‑se que a arrecadação tributária com royalties e ICMS beneficie prefeituras e o governo estadual.
Além do impacto direto, a Vale pretende gerar efeitos indiretos na cadeia de serviços como transporte, alimentação, hospedagem e comércio, aproveitando a infraestrutura existente da ferrovia Carajás, que é crucial para escoar a produção.
Com o aval da licença prévia, o cronograma da Vale segue conforme planejado:
- 2025–2026: detalhamento do projeto, licenciamento completo (LP, LI, LO).
- 2027: preparação e obras civis, montagem eletromecânica.
- 1º semestre de 2028: início da produção.
Paralelamente, a empresa rondará futuras expansões em outros projetos de mineração de cobre na região, focando em aumentar o valor agregado por meio de brownfields — como Bacaba — e estudos regionais.
Brasil amplia protagonismo na mineração de cobre
Num momento em que a demanda global por cobre segue alta — impulsionada por tecnologias limpas, eletrificação e digitalização —, o Brasil ganha protagonismo, visto como reserva estratégica capaz de atrair investidores.
O projeto Bacaba evidencia essa retomada de protagonismo nacional, mirando uma produção escalável com responsabilidade socioambiental.
Em meio à concorrência internacional, a Vale amplia seu portfólio de mineração de cobre e reforça seu compromisso com práticas sustentáveis, gestão de riscos e promoção de valor compartilhado com o entorno.