Embora a fama histórica seja de Diamantina (MG), a maior mina de diamantes do Brasil na atualidade é a Mina de Braúna, na Bahia, a primeira a extrair as pedras preciosas diretamente de sua rocha-mãe na América do Sul.
Quando se fala em diamantes no Brasil, o nome que vem à mente é o da cidade histórica de Diamantina, em Minas Gerais. No entanto, o título de maior mina de diamantes do Brasil em operação hoje pertence, na verdade, ao estado da Bahia. A Mina de Braúna, no sertão baiano, representa uma nova era industrial para a extração do mineral no país.
De acordo com dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), a produção da mina baiana superou a de todas as outras, consolidando um novo polo de mineração de diamantes. A história de sua operação é um marco tecnológico e geológico para toda a América do Sul.
A recordista atual: a Mina de Braúna, em Nordestina (BA)
A maior mina de diamantes do Brasil é a Mina de Braúna, localizada no município de Nordestina, a cerca de 360 km de Salvador. A operação é comandada pela empresa Lipari Mineração e teve seu início comercial em julho de 2016.
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A mina se destaca não apenas pelo volume, mas por sua importância estratégica, que colocou a Bahia como o principal estado produtor de diamantes do país, superando a tradição de Minas Gerais.
A revolução geológica: a primeira mina em kimberlito da América do Sul
O grande diferencial da Mina de Braúna é geológico. Ela foi a primeira mina de diamantes de toda a América do Sul a ser desenvolvida a partir de uma fonte primária, ou seja, extraindo os diamantes diretamente de uma chaminé vulcânica de kimberlito, a rocha-mãe onde os diamantes se formam.
Isso representa uma grande mudança em relação à mineração histórica no Brasil, que era predominantemente aluvial, baseada no garimpo em leitos de rios, onde as pedras eram encontradas após serem erodidas de sua rocha de origem.
Os números da liderança: a produção da mina baiana
A escala da Mina de Braúna é impressionante. Sua planta de processamento tem capacidade para tratar cerca de 720.000 toneladas de kimberlito por ano. A produção anual de diamantes pode chegar a mais de 340 mil quilates.
O impacto da mina na produção nacional é imenso. Em 2022, por exemplo, a Mina de Braúna foi responsável por 81% de toda a produção de diamantes do Brasil, o que a consolida como a líder absoluta do setor.
O passado de glória: o ciclo do diamante em Minas Gerais
A fama de Minas Gerais não é à toa. A partir de 1725, com a descoberta de diamantes no Arraial do Tijuco, hoje a cidade de Diamantina, o Brasil se tornou o maior produtor mundial por cerca de 150 anos.
Essa exploração, no entanto, era baseada no garimpo em rios como o Jequitinhonha. Com o esgotamento dos depósitos mais ricos e a descoberta de minas gigantes na África do Sul no século XIX, o Brasil perdeu seu protagonismo no cenário global.
O novo cenário da mineração de diamantes no Brasil
Atualmente, o Brasil não figura entre os 10 maiores produtores de diamantes do mundo, mas a operação industrial da Mina de Braúna representa um novo capítulo para o setor no país.
Enquanto Minas Gerais guarda a rica história do Ciclo do Diamante, é a Bahia que hoje detém a liderança industrial com a maior mina de diamantes do Brasil. A operação da Lipari Mineração simboliza a transição de um passado de garimpo para um futuro de mineração moderna e de grande escala.