1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Militares dos Estados Unidos assinam contrato de US$ 33,7 milhões para desenvolver naves espaciais nucleares
Tempo de leitura 4 min de leitura Comentários 0 comentários

Militares dos Estados Unidos assinam contrato de US$ 33,7 milhões para desenvolver naves espaciais nucleares

Escrito por Lucas Carvalho
Publicado em 04/09/2024 às 08:50
Militares dos Estados Unidos, Lockheed Martin, Naves espaciais nucleares, Desenvolvimento espacial, Contrato de R$ 180 milhões
Foto: Reprodução

Estados Unidos firmam contrato de US$ 33,7 milhões com a Lockheed Martin para construir naves espaciais nucleares em uma parceria estratégica que pode redefinir a exploração espacial

O Laboratório de Pesquisa da Força Aérea dos Estados Unidos(AFRL) firmou um contrato de US$ 33,7 milhões com a Lockheed Martin, para acelerar o desenvolvimento de tecnologias de propulsão e energia nuclear para naves espaciais. O projeto faz parte do programa conjunto denominado JETSON (Joint Effort to Supply Technologies in Nuclear Orbit), que busca “amadurecer tecnologias de alta potência de propulsão e design de espaçonaves movidas a energia nuclear.

O governo dos Estados Unidos está investindo em diversas tecnologias nucleares aplicadas a espaçonaves, tanto para uso civil quanto comercial. A Lockheed Martin acredita que essas inovações desempenharão um papel fundamental no futuro das operações espaciais militares.

(Foto: Lockheed Martin)

Estados Unidos investem pesado no desenvolvimento de naves espaciais nucleares

A empresa já está envolvida em três programas-chave de naves espaciais nucleares, trabalhando com diferentes agências governamentais. À medida que os Estados Unidos avançam com os planos de retorno à Lua e de exploração de Marte, cada um desses projetos aborda diferentes tipos de energia nuclear para diferentes finalidades. Isso inclui desde métodos eficientes de transporte no espaço até soluções de energia sustentáveis para bases lunares.

Embora o foco inicial seja em aplicações civis e comerciais, há um crescente interesse militar nessas tecnologias, especialmente para missões de manutenção, mobilidade e logística espacial (SAML), conforme destacou Jeff Schrader, vice-presidente de Conscientização Global da Lockheed Martin.

Segundo Schrader, as naves espaciais com propulsão nuclear podem oferecer vantagens estratégicas, como maior capacidade de manobra e longevidade operacional, em comparação com os satélites atuais que têm limitações de combustível e baterias.

Ao lançar um satélite, ele fica limitado àquela órbita, com um tempo de vida útil e de combustível restrito. Com a propulsão nuclear, essas restrições podem ser superadas, permitindo mais flexibilidade para movimentação no espaço e capacidade de responder a ameaças,” disse Schrader em entrevista ao DefenseScoop.

Como funcionará a nave espacial nuclear

O programa JETSON prevê o lançamento de um reator de fissão que será ativado no espaço. Esse reator gerará calor, que será convertido em eletricidade por meio de conversores de energia Stirling. A energia gerada poderá ser utilizada para alimentar cargas úteis da espaçonave ou para propulsão elétrica. Essa tecnologia baseia-se no sucesso da demonstração do Reator Kilopower, realizado pela NASA em 2018.

Segundo Barry Miles, gerente do programa JETSON e pesquisador da Lockheed Martin, o desenvolvimento de sistemas nucleares para o espaço é crucial para transformar a forma como exploramos o universo.

Estamos focados em desenvolver sistemas nucleares avançados, como propulsão elétrica e térmica, além de soluções para fornecer energia sustentável em missões de longa duração no espaço”, afirmou Miles.

A Space Nuclear Power Corp (SpaceNukes) e a BWX Technologies, Inc. (BWXT), ambas especializadas em energia nuclear, serão parceiras no desenvolvimento dos reatores. O projeto já está na fase de revisão preliminar, com o objetivo de avançar para a revisão crítica de design nos próximos meses.

Foto: NASA/Wikimedia Commons

Naves ainda mais poderosas no futuro

De acordo com Andy Phelps, CEO da SpaceNukes, o futuro voo experimental do JETSON aumentará as capacidades de manobra e potência das naves espaciais, abrindo caminho para novas operações militares no espaço. Phelps destacou que essas inovações terão um impacto significativo nas operações da Força Espacial dos EUA.

O contrato firmado em setembro também inclui outros dois players importantes no campo da propulsão nuclear espacial. A startup Intuitive Machines, sediada em Houston, recebeu um contrato de US$ 9,4 milhões para desenvolver um conceito de nave espacial com base em energia de radioisótopos. A empresa está se preparando para lançar seu módulo lunar privado em janeiro, marcando outro passo importante para o setor espacial privado.

Além disso, a Westinghouse Government Services, da Carolina do Sul, recebeu um contrato para continuar sua pesquisa sobre sistemas de fissão nuclear de alta potência, reforçando a competitividade dos EUA no cenário espacial.

A Lockheed Martin já havia conquistado um grande marco em julho, quando foi selecionada pela NASA e pelos militares dos EUA para desenvolver e lançar uma espaçonave para testar a propulsão térmica nuclear no espaço, através do projeto DRACO (Demonstration Rocket for Agile Cislunar Operations).

Esse sistema de propulsão promete ser várias vezes mais eficiente do que os métodos químicos tradicionais, possibilitando missões mais rápidas e econômicas em futuras explorações cislunares e interplanetárias.

Com esses novos contratos e desenvolvimentos, a Lockheed Martin solidifica sua liderança no campo da energia nuclear espacial, demonstrando a relevância dessas tecnologias tanto para a exploração espacial civil quanto para aplicações militares estratégicas.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais antigos
Mais recente Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Lucas Carvalho

Jornalista experiente com ampla atuação na cobertura de temas relacionados a petróleo, gás e energia renovável. Especialista em análises aprofundadas e tendências do setor, com enfoque em inovações tecnológicas e impacto ambiental. Autor de artigos relevantes na área.

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x