Estudo revela que microfones de laptops e alto-falantes podem vazar áudio por sinais de rádio, mesmo com apps comuns e microfone inativo.
Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Flórida e da Universidade de Eletrocomunicações do Japão revelou uma falha em microfones digitais modernos.
Segundo os cientistas, esses microfones, comuns em laptops e alto-falantes, podem vazar áudio por meio de sinais eletromagnéticos, mesmo sem acesso físico ao dispositivo ou uso de malware.
Essa vulnerabilidade pode afetar bilhões de dispositivos em todo o mundo, expondo conversas privadas a espionagem corporativa e vigilância governamental.
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Como funciona o vazamento de áudio
Os dispositivos modernos utilizam microfones MEMS (sistemas microeletromecânicos), responsáveis por captar som e convertê-lo em pulsos digitais.
Esses pulsos mantêm traços da fala original e geram emissões de rádio extremamente fracas. No entanto, essas transmissões podem ser captadas com um simples receptor de rádio FM e uma antena de cobre.
“Com um receptor de rádio FM e uma antena de cobre, você pode espionar esses microfones. Isso é tão fácil“, afirmou Sara Rampazzi, professora de ciência da computação da Universidade da Flórida e coautora do estudo. Segundo ela, o equipamento necessário custa cerca de cem dólares, ou até menos.
O experimento e os resultados
Para demonstrar a vulnerabilidade, os pesquisadores utilizaram frases-padrão como “A canoa de bétula deslizou nas tábuas lisas” e “Cole a folha no fundo azul-escuro“.
Essas frases foram captadas por rádio mesmo através de paredes de concreto com 25 centímetros de espessura.
Os laptops mostraram ser os mais vulneráveis. Isso porque os microfones desses aparelhos são conectados por longos fios internos, que funcionam como antenas improvisadas, amplificando os sinais vazados.
O mais preocupante é que o microfone nem precisa estar ativo para emitir esses sinais. Apenas ter aplicativos como Spotify, Amazon Music ou Google Drive instalados pode bastar para gerar o vazamento.
Uso de inteligência artificial para decodificação
A equipe foi além da captação de sinais. Eles utilizaram ferramentas de conversão de fala em texto por inteligência artificial da OpenAI e da Microsoft.
Com isso, conseguiram transformar os áudios interceptados em texto claro.
O ataque obteve uma taxa de acerto de 94,2% para dígitos falados a até dois metros de distância, mesmo com obstáculos de concreto. A taxa de erro geral foi de 14%, o que permitiu compreender a maior parte das conversas.
Propostas para conter o problema
Os pesquisadores propuseram formas de mitigar os riscos. Uma das soluções é modificar o design dos dispositivos, afastando os microfones dos cabos internos e ajustando o sistema de processamento de áudio.
Outra abordagem mais robusta envolve inserir ruído branco nos sinais digitais, embaralhando as emissões e dificultando a reconstrução do áudio por terceiros.
No entanto, por enquanto, a única defesa real está na conscientização dos usuários.
Fabricantes são alertados
Os pesquisadores compartilharam os resultados com os fabricantes dos dispositivos afetados. Algumas empresas demonstraram preocupação.
Outras, no entanto, minimizaram o problema, afirmando que seus produtos seguem as normas e padrões regulatórios vigentes.
Ainda não se sabe se essa reação é resultado de real confiança na segurança dos equipamentos ou apenas falta de urgência diante da ameaça.
O estudo aponta para uma realidade desconfortável: a possibilidade de que nossas conversas não estejam mais seguras nem dentro de casa ou do trabalho.
Com equipamentos simples e discretos, é possível escutar vozes através de paredes, sem que ninguém perceba. O que era considerado impossível, agora é tecnicamente viável — e isso muda tudo.