A trajetória de Ladair Michelon, pioneiro no transporte de cargas pesadas e figura chave na evolução logística nacional
O primeiro Scania fabricado no Brasil teve um dono visionário: Ladair Michelon. Mais do que um comprador, ele foi um dos responsáveis por impulsionar o uso dos bitrens e transformar o transporte rodoviário de cargas no país.
Processo seletivo da estrada: do carroça ao Scania
A história de Ladair Michelon é daquelas que resumem o espírito do transporte brasileiro: suor, visão e teimosia. Tudo começou com seu pai puxando madeira com carroça. Com o tempo, um senhorio reconheceu o esforço da família e presenteou com um caminhão simples, um D30 com cabine de madeira.
Segundo contou em entrevista ao canal Programa Pé na Estrada, Michelon tirou sua carteira de motorista dentro do Exército, onde já atuava na logística com caminhões militares. Ainda jovem, pegava estrada mesmo sem documentação, dirigindo pelas colônias do Sul. Nascia ali uma das figuras mais influentes do transporte rodoviário nacional.
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Michelon e o marco do primeiro Scania nacional
Em 1965, Ladair fundou sua própria transportadora e adquiriu o primeiro caminhão Scania produzido no Brasil. O modelo, na época, não tinha truque, mas isso não foi problema para Michelon. Ele mesmo mandou instalar o eixo extra, prevendo a necessidade de mais capacidade de carga. Uma solução pioneira e ousada.
De acordo com o Estradão, Michelon não apenas foi o primeiro comprador da marca no país como também teve papel fundamental na adaptação e adoção de modelos de transporte com múltiplos reboques, os famosos bitrens. Em reuniões com engenheiros e autoridades, foi ele quem sugeriu mudanças para permitir caminhões de até 30 metros, mesmo diante de resistência técnica e política.
Bitrens, rotas internacionais e reconhecimento político
A ousadia de Michelon não parou por aí. Nos anos 70, sua transportadora já operava rotas internacionais passando por países como Argentina, Chile, Colômbia e Venezuela. Foi nesse contexto que ele começou a empregar veículos de grande porte para transportar cargas como batatas para o McDonald’s, reduzindo a quantidade de caminhões na estrada e otimizando o frete.
Seu modelo inspirou debates em Brasília, onde foi chamado pelo Ministério dos Transportes para explicar suas ideias. Muitos autônomos temiam que o bitrem tomasse seus empregos. Mas Michelon argumentava que era uma solução eficiente para evitar perdas de safra e aumentar a competitividade frente ao modal ferroviário. Ele não estava inventando o bitrem, mas mostrando ao Brasil como ele podia funcionar de verdade.
O legado de Michelon e os desafios do futuro
Michelon acredita que o futuro do transporte será dominado por caminhões elétricos, mas avisa: o Brasil ainda está longe de ter a infraestrutura necessária. “Hoje não tem estrada que aguente. Vai ter que mudar tudo”, disse na entrevista.
Ainda assim, o que ele já fez é gigantesco. Com seu legado, Ladair Michelon ajudou a transformar a logística nacional. Ele popularizou soluções que tornaram o transporte rodoviário mais eficiente, conectando distâncias continentais com inteligência e coragem. Seu nome fica marcado não só na história da Scania, mas no asfalto que ajudou a moldar.