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Mesmo após recomendações da ANP, Cade aprova venda de refinaria de petróleo da Petrobras para grupo Atem no valor de R$ 189,5 milhões

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 13/05/2022 às 15:04
Embora a ANP tenha recomendado a aplicação de remédios sobre a venda da refinaria de petróleo da Petrobras para o grupo Atem, o Cade anunciou a aprovação do processo e a estatal poderá dar continuidade ao negócio de R$ 189,5 milhões com a companhia
Foto: André Motta de Souza/Agência Petrobras

Embora a ANP tenha recomendado a aplicação de remédios sobre a venda da refinaria de petróleo da Petrobras para o grupo Atem, o Cade anunciou a aprovação do processo e a estatal poderá dar continuidade ao negócio de R$ 189,5 milhões com a companhia

Durante a audiência desta quinta-feira, (12/05), a Superintendência-Geral do Cade aprovou a venda da refinaria de petróleo da Petrobras, Reman, localizada em Manaus, para o grupo Atem. O valor do negócio está estimado em R$ 189,5 milhões e a aprovação ignorou as recomendações da Agência Nacional de Petróleo (ANP) quanto à aplicação de remédios sobre a transação.

Refinaria de petróleo Reman, da Petrobras, seguirá para o processo de venda à companhia Atem após aprovação do negócio por parte do Cade

A Superintendência-Geral do Cade surpreendeu o setor de petróleo e gás ao realizar a aprovação da venda da refinaria de petróleo Reman para a companhia Atem sem qualquer restrição. Assim, o negócio estimado em torno de R$ 189,5 milhões poderá seguir adiante e a Petrobras deverá dar continuidade ao processo de forma mais acelerada durante os próximos meses. Isso acontece pois essa é uma transação essencial para o crescimento da estatal dentro do segmento. 

O acordo entre a Petrobras e o grupo Atem para a concessão da refinaria foi realizado ainda durante o ano de 2021, no mês de agosto, mas somente agora conseguiu a aprovação necessária para a continuidade. Além disso, essa é a segunda refinaria da estatal a ser alienada, dentro do pacote original de oito unidades colocadas à venda pela Petrobras no ano de 2019. Dentre essas, apenas a refinaria Landulpho Alves (RLAM), hoje Refinaria de Mataripe, na Bahia, foi transferida de fato para o controle privado, em um negócio com a Acelen. 

E, embora a ANP tenha recomendado a aplicação de remédios sobre a transação da Petrobras com o grupo Atem, o Cade ignorou a sugestão e aprovou sem nenhuma restrição. A superintendência afirmou que “concluiu que a operação não gera incentivos ao fechamento de insumos e, portanto,não serão vinculados remédios à aprovação”, além de ressaltar que “adotar algum dos remédios propostos [pela ANP] transgrediria o princípio da proporcionalidade” dentro do processo de venda. Assim, o Cade afirmou entender que esse negócio gerará competitividade, mas que não são necessários remédios para que isso aconteça. 

ANP havia sugerido a aplicação de remédios sobre a venda da refinaria de petróleo da estatal para o grupo Atem, embora Cade tenha ignorado recomendações

Durante o mês de abril do ano de 2021, a ANP havia anunciado a sugestão de uma série de aplicações de remédios sobre a venda da refinaria de petróleo da Petrobras. Isso acontece pois a agência tem como objetivo principal garantir o acesso à infraestrutura de abastecimento da Refinaria de Manaus e, assim,  remediar a concentração na região Norte, o que foi sugerido ao Cade e à Petrobras dentro das recomendações. 

Além disso, a venda da refinaria de petróleo foi bastante questionada por empresas como a Raízen, Fogás, Equador e Ipiranga, que ainda estavam incluídas nesse processo como interessadas. E, dentre as acusações das empresas e da ANP, estão o desabastecimento, práticas abusivas, práticas discriminatórias e fechamento de mercado. Mas, apesar de todos esses pontos apontados, a Petrobras e o grupo Atem garantiram a segurança na transação e o Cade acatou o negócio das empresas. 

Agora, o que a Petrobras aguarda são os próximos passos dentro dessa licitação, uma vez que ainda há a possibilidade de algum conselheiro do Cade acatar recursos contra a transação ou o próprio processo de venda, mas ambas as empresas estão otimistas quanto ao negócio.

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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