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Megaporto colossal tem o poder de reduzir a rota entre Brasil e China em 10 dias, mas tem um problema: chegar até ele é uma tarefa desafiadora

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 17/11/2024 às 15:55
Megaporto de Chancay reduz rota Brasil-China em 10 dias, mas enfrenta barreiras logísticas e geográficas. Futuro ainda é incerto. (Imagem/ ilustração Ideogram)
Megaporto de Chancay reduz rota Brasil-China em 10 dias, mas enfrenta barreiras logísticas e geográficas. Futuro ainda é incerto. (Imagem/ ilustração Ideogram)

Porto promete revolucionar o comércio entre Brasil e China, encurtando a rota em 10 dias. No entanto, desafios logísticos, incluindo travessias pela Amazônia e Andes, dificultam sua utilização plena. O projeto destaca as ambições da China e o potencial da América do Sul no comércio global.

Enquanto os holofotes internacionais se voltam para a crescente rivalidade comercial entre China e Estados Unidos, um megaporto recém-inaugurado na América do Sul emerge como uma possível solução para encurtar em 10 dias a rota de comércio entre Brasil e China.

Apesar do potencial revolucionário, a infraestrutura precária e barreiras geográficas desafiam sua plena utilização, deixando em aberto o futuro dessa ambiciosa empreitada.

Porto de Chancay: um marco estratégico

O porto de Chancay, situado a cerca de 70 quilômetros ao norte de Lima, no Peru, foi oficialmente inaugurado em uma cerimônia que reuniu a presidente peruana Dina Boluarte e o líder chinês Xi Jinping.

O local é administrado pela gigante chinesa Cosco Shipping e simboliza as ambições de Pequim em fortalecer o comércio com a América do Sul.

Com uma promessa de reduzir significativamente o tempo de transporte entre os dois maiores parceiros comerciais do Brasil, o porto reflete os esforços da China em diversificar sua cadeia de suprimentos diante de possíveis restrições comerciais vindas do governo norte-americano.

No entanto, as dificuldades de transporte entre as regiões agrícolas do Brasil e o litoral pacífico peruano evidenciam a complexidade de transformar essa promessa em realidade.

Obstáculos geográficos e logísticos

A travessia da densa floresta amazônica e das imponentes montanhas dos Andes surge como um dos maiores desafios para viabilizar a utilização plena do porto.

Atualmente, não há ferrovias conectando as regiões agrícolas brasileiras ao litoral peruano, e as poucas rodovias existentes são insuficientes para o tráfego de caminhões de grande porte.

Conforme explicou Edeon Vaz, diretor do Movimento Pro-Logística, os altos custos de transporte associados às limitações das estradas tornam o uso do porto economicamente inviável para muitos produtores agrícolas.

“É um custo extremamente elevado, especialmente para soja e milho, que precisam ser transportados por caminhões menores devido às restrições das rodovias andinas”, destacou.

Integração regional: um sonho distante?

Apesar das dificuldades, especialistas enxergam o porto de Chancay como uma oportunidade para reacender o sonho de integração das costas atlântica e pacífica da América do Sul.

Segundo Marco Germanò, pesquisador da Universidade de Nova York, o projeto reflete um antigo desejo de interconexão continental, mas ainda carece de um plano estratégico para superar os obstáculos existentes.

Mesmo internamente, o Peru enfrenta desafios de conexão.

Conforme apontado por Rafael Zacnich, da ComexPerú, nem mesmo as ligações do porto com regiões produtoras locais, como as de café e cacau, são eficientes. Apesar disso, há esperanças de que o projeto atraia novos investimentos na infraestrutura de transporte.

Benefícios econômicos e dilemas ambientais

Além de aumentar a competitividade sul-americana no mercado global, o porto de Chancay pode impulsionar a economia de pequenos estados brasileiros, como o Acre, cuja produção de soja e carne suína tem registrado crescimento.

Segundo Assuero Doca Veronez, da Federação de Agricultura e Pecuária do Acre, o transporte via Peru poderia beneficiar a região, desde que houvesse avanços na infraestrutura logística.

Contudo, a construção de uma nova rodovia entre Cruzeiro do Sul (AC) e Pucallpa, no Peru, enfrenta resistência.

Em 2023, o projeto foi paralisado por preocupações ambientais e pelo impacto sobre comunidades indígenas.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva expressou interesse em melhorar as estradas próximas à fronteira, mas uma rota controversa no Acre não está nos planos imediatos.

China, Brasil e o cenário global

A inauguração do porto de Chancay ocorre em um momento estratégico.

Com o Brasil consolidado como o maior fornecedor de soja da China, o país asiático busca diversificar rotas e minimizar impactos de uma possível guerra comercial com os EUA.

Conforme Wagner Cardoso, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a integração sul-americana exige mais do que infraestrutura portuária.

“Precisamos de acordos bilaterais que facilitem o trânsito de mercadorias entre as fronteiras e tornem viável o uso desse porto”, afirmou.

Futuro promissor, mas incerto

Embora o porto de Chancay represente um passo importante para o comércio sul-americano, sua plena eficácia depende de uma série de fatores: investimentos em transporte, cooperação internacional e superação de barreiras geográficas e ambientais.

Enquanto isso, o Brasil e seus vizinhos encaram o desafio de transformar potencial em realidade.

E você, acredita que o porto de Chancay será capaz de revolucionar o comércio entre Brasil e China? Ou os desafios logísticos ainda vão travar o progresso?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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