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Megafazenda na França usa larvas da mosca-soldado-negra para converter toneladas de lixo em ração e fertilizante

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 28/10/2025 às 16:34
Na França, uma megafazenda usa 10 bilhões de larvas para transformar lixo em ração animal: conheça como esse modelo inovador pode mudar a produção de proteína sustentável.
Na França, uma megafazenda usa 10 bilhões de larvas para transformar lixo em ração animal: conheça como esse modelo inovador pode mudar a produção de proteína sustentável.
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Na França, uma mega fazenda usa 10 bilhões de larvas para transformar lixo em ração animal: conheça como esse modelo inovador pode mudar a produção de proteína sustentável.

No norte da França, a empresa francesa Innovafeed inaugurou uma megafazenda capaz de criar cerca de 10 bilhões de larvas da mosca-soldado-negra por dia, para transformar lixo agroindustrial em ração animal, óleo de inseto e fertilizante orgânico.

O projeto, localizado em Nesle, busca atacar simultaneamente o desperdício de resíduos e a dependência de ingredientes convencionais como soja e farinha de peixe.

Os responsáveis afirmam que o modelo deve apoiar cadeias alimentares mais sustentáveis e oferecer uma alternativa inovadora para o agronegócio.

Modelo operacional da megafazenda

Na instalação da Innovafeed, a megafazenda opera em uma área industrial onde resíduos de alimentos e subprodutos agroindustriais são usados como alimento para as larvas da espécie Hermetia illucens — conhecida pela alta taxa de conversão biológica: em cerca de 14 dias cada larva pode crescer até 10 000 vezes seu tamanho inicial.

Essas larvas, alimentadas pelo lixo orgânico, geram três principais produtos:

  • Proteína em pó para uso em ração animal;
  • Óleo de inseto para formulações de ração;
  • Fertilizante orgânico, fechando o ciclo de economia circular.

Por contar com 10 bilhões de larvas, o modelo de megafazenda eleva o aproveitamento de resíduos e reduz a necessidade de novas áreas agrícolas para produzir insumos tradicionalmente usados como ração animal.

Projeto francês transforma 10 bilhões de larvas em arma contra o desperdício e a dependência da soja no agronegócio

A megafazenda se insere em um contexto onde o agronegócio enfrenta dois grandes desafios: o desperdício maciço de alimentos e resíduos, e a dependência de insumos como soja e farinha de peixe — que têm forte impacto ambiental (desmatamento, pesca predatória).

Além disso, a produção de larvas sobre resíduos demanda menos água, menos área cultivada e gera menos gases de efeito estufa do que proteínas tradicionais.

Dessa forma, o uso de larvas para produzir ração animal pode se tornar uma peça fundamental para sistemas alimentares mais sustentáveis e eficientes.

Desafios e barreiras à expansão

Embora o projeto da Innovafeed seja ambicioso, ele ainda enfrenta barreiras para se tornar plenamente viável em escala global.

Primeiro, os custos tecnológicos para manter o processo automatizado, seguro e econômico ainda são elevados.

Segundo, há marcos regulatórios que variam entre países e que ainda não reconhecem amplamente a proteína de insetos como insumo para ração animal.

Terceiro, existe certa resistência dos compradores tradicionais de ração, que podem hesitar em adotar novas matérias-primas no curto prazo.

Em resumo, o conceito de megafazenda de larvas para transformar lixo em ração animal tem enorme potencial, mas sua massificação depende de adaptação regulatória, econômica e de aceitação de mercado.

Impactos esperados no agronegócio

Se consolidado, o modelo pode gerar pelo menos três impactos relevantes:

  • Redução do uso de soja e farinha de peixe em rações, aliviando pressão sobre florestas e oceanos.
  • Transformação de resíduos agroindustriais e orgânicos (o “lixo”) em produtos de alto valor agregado.
  • Aceleração da construção de cadeias de economia circular no setor animal, com ganhos ambientais e de eficiência.

A Innovafeed projeta produzir mais de 10 mil toneladas de proteína anual a partir da operação.

Além disso, empresas globais como ADM e Cargill firmaram parcerias com a Innovafeed para levar o modelo à América do Norte, o que indica tendência de escalonamento internacional.

O que isso representa para o Brasil?

Embora o projeto esteja na França, o Brasil, como um dos maiores players mundiais do agronegócio, pode observar e até adaptar esse modelo.

A substituição parcial de insumos convencionais por proteína de larvas poderia oferecer alternativas aos desafios ambientais associados à soja, e reduzir vulnerabilidades da cadeia de ração animal.

Além disso, converter “lixo” agroindustrial em ração animal aparece como uma oportunidade para dar novo valor a resíduos que hoje muitas vezes são descartados.

A megafazenda na França que utiliza 10 bilhões de larvas para transformar lixo em ração animal representa um ponto de virada no agronegócio sustentável.

Com informações do Compre Rural.

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Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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