O histórico navio S.S. United States será afundado em novembro de 2025 na Flórida para se tornar o maior recife de coral artificial do mundo e impulsionar o turismo de mergulho.
O S.S. United States, um dos maiores e mais icônicos navios já construídos, será afundado no fundo do mar na costa do condado de Okaloosa, na Flórida, em novembro de 2025. A operação está sendo conduzida por Tim Mullane, veterano da Marinha e especialista em naufrágios, que prepara o navio para se tornar o maior recife de coral artificial do mundo.
Capitão Mullane: o homem por trás do naufrágio planejado navio do S.S. United States
A decisão de submergir o navio tem como objetivo estimular o turismo subaquático e preservar a vida marinha, transformando o antigo transatlântico em um habitat ecológico.
Para isso, Mullane e sua equipe de 30 pessoas estão realizando um processo rigoroso de descontaminação e limpeza da embarcação, que já foi usada por personalidades como John F. Kennedy e Elizabeth Taylor.
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Tim Mullane, conhecido como “afundador profissional”, dedica sua carreira a transformar navios antigos em recifes de coral.
Aos 54 anos, o ex-militar comanda a empresa Coleen Marine, especializada em naufrágios controlados para fins ambientais.
“Somos os agentes funerários do navio, levando-o para seu local de descanso final”, afirma Mullane. Segundo ele, o trabalho envolve meses de preparação para garantir que nenhum material tóxico atinja a vida marinha quando o naufrágio ocorrer.
Desde abril, o S.S. United States está atracado na baía de Mobile, no Alabama, onde passa por uma extensa limpeza.
Os tanques de combustível estão sendo lavados com jatos de alta pressão, a tinta velha removida e materiais perigosos descartados.
A equipe também vai abrir buracos estratégicos no casco do navio, com base em simulações feitas por engenheiros, para garantir que o navio afunde em pé, com segurança e controle.
“Não existe um projeto maior do que este — e nunca haverá”, destaca Coleen O’Malley, cofundadora da empresa.
Navios como recifes
O uso de navios naufragados para criar recifes de coral artificiais não é novo. A prática começou nos Estados Unidos nas décadas de 1980 e 1990, especialmente com navios militares desativados da Segunda Guerra Mundial.
O condado de Okaloosa, por exemplo, pagou US$ 1 milhão pela embarcação para reforçar sua estratégia de turismo ecológico.
“Mais recifes artificiais significam mais mergulhadores, e mais mergulhadores significam mais receita para a cidade”, explica Mullane.
Riscos e desafios do naufrágio controlado
Mesmo com planejamento detalhado, naufragar um navio desse porte envolve riscos.
Se a água for liberada de forma errada, o navio pode tombar ou afundar antes da hora. Foi o que quase aconteceu com o Spiegel Grove, em 2002.
Para evitar erros, a equipe de Mullane utiliza modelos digitais que simulam o comportamento do navio durante o naufrágio.
A meta é que, ao ser perfurado, o navio leve menos de 45 minutos para afundar e atingir 54 metros de profundidade no oceano.
Apesar do objetivo ecológico e turístico, Mullane admite que há um lado emocional nesse tipo de missão. “Perdê-los é muito deprimente”, diz ele sobre os navios que naufraga.
O S.S. United States, com sua história rica e arquitetura grandiosa, será o maior projeto da carreira de Mullane. “É um navio simplesmente lindo”, finaliza o capitão, que estará a bordo até o último segundo, antes de se retirar no rebocador que acompanhará o naufrágio.
Com informações do site National Geographic Brasil.