O McDonnell Douglas DC-10, trimotor lançado nos anos 70, consumia 9 toneladas de combustível por hora, foi um marco da aviação e hoje sobrevive apenas em voos cargueiros e militares.
Na virada dos anos 1960 para 1970, a McDonnell Douglas (que mais tarde se fundiria com a Boeing) queria criar uma aeronave de médio a longo alcance que fosse mais barata que os quadrimotores Boeing 747 e Douglas DC-8, mas maior e mais potente que os bimotores disponíveis na época. O resultado foi o DC-10, um trimotor widebody (fuselagem larga) que voou pela primeira vez em 1970 e entrou em serviço em 1971 pela American Airlines. Com um motor na cauda (montado na base vertical) e dois sob as asas, o design foi pensado para oferecer mais potência e alcance do que um bimotor — e com custo menor que um quadrimotor.
Consumo de combustível do DC-10
O McDonnell Douglas DC-10 era um avião poderoso, mas isso tinha um preço: o modelo queimava em média 9 toneladas de combustível por hora, o que representava mais de 11 mil litros de querosene de aviação em cada hora de voo.
Para voos de 10 a 12 horas, como Los Angeles–Tóquio ou Nova York–Paris, o DC-10 chegava a consumir mais de 100 toneladas de combustível.
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Na época, esse gasto não era um problema tão crítico, já que o combustível era relativamente barato. Mas, nas décadas seguintes, com crises do petróleo e avanços em eficiência, o alto consumo do trimotor se tornou um dos principais motivos para sua retirada de rotas comerciais.
Características técnicas do DC-10
- Motores: podia ser equipado com General Electric CF6 ou Pratt & Whitney JT9D, cada um gerando cerca de 50.000 libras de empuxo.
- Comprimento: 55,5 metros.
- Envergadura: 50,4 metros.
- Peso máximo de decolagem: cerca de 260 toneladas.
- Capacidade: 270 a 380 passageiros, dependendo da configuração.
- Alcance: até 10.600 km, suficiente para voos transatlânticos.
Por que o McDonnell Douglas DC-10 consome tanto?
O design trimotor foi uma solução intermediária entre bimotores e quadrimotores. Com três motores, o DC-10 tinha mais segurança e potência, mas sem a eficiência que viria mais tarde com bimotores de nova geração.
Além disso, seus motores foram projetados nos anos 1960, uma época em que a prioridade era a potência e não o consumo reduzido. Comparado a um Boeing 787 moderno, o DC-10 gasta quase o dobro de combustível para transportar a mesma quantidade de passageiros.
O legado e as polêmicas do DC-10
O DC-10 teve uma carreira marcante, mas também polêmica. Nos anos 1970, uma série de acidentes envolvendo falhas na porta de carga mancharam a reputação do avião. O mais grave foi o acidente do voo Turkish Airlines 981 em 1974, que matou 346 pessoas.
Depois de modificações e melhorias de segurança, o avião voltou a ganhar a confiança das companhias e passageiros, mas nunca se livrou completamente da sombra das primeiras tragédias. Mesmo assim, mais de 440 unidades do DC-10 foram produzidas, e o modelo voou por décadas em companhias como American Airlines, Delta, United, Air France e KLM.
Por que o DC-10 foi aposentado dos voos comerciais?
A partir dos anos 1990, a aviação mudou. O consumo de combustível ficou mais caro, e os bimotores modernos — como Boeing 767, Airbus A330 e mais tarde o Boeing 777 — mostraram que era possível fazer voos longos com mais eficiência e menos manutenção.
O DC-10, com seus três motores e alto custo operacional, foi sendo retirado das frotas de passageiros. A última companhia aérea a operar voos regulares com o DC-10 foi a Biman Bangladesh Airlines, que aposentou o modelo em 2014, marcando o fim de uma era.
O DC-10 ainda voa?
Sim — mas em funções diferentes. Hoje, muitos DC-10 foram convertidos em cargueiros (DC-10F) e continuam voando em empresas como FedEx e UPS.
Além disso, uma versão militar do DC-10, chamada KC-10 Extender, ainda está em serviço na Força Aérea dos EUA, operando como avião de reabastecimento aéreo.
- O DC-10 foi o primeiro widebody trimotor do mundo, abrindo caminho para o MD-11, seu sucessor.
- Muitas aeronaves DC-10 aposentadas foram transformadas em simuladores de treinamento, museus e até restaurantes.
- A versão cargueira DC-10F é tão robusta que deve continuar voando até 2030.
O DC-10 na história da aviação
O McDonnell Douglas DC-10 representa uma fase única da aviação: a época em que companhias aéreas buscavam aeronaves maiores e mais potentes, mas ainda não tinham os bimotores modernos como alternativa.
Mesmo com consumo elevado de combustível e uma reputação manchada no início, o DC-10 ajudou a popularizar voos internacionais, levou milhões de passageiros e mostrou que a aviação comercial podia inovar com design ousado.
Hoje, ele segue como uma presença discreta, mas ainda ativa, nos céus — lembrando que, mesmo com 9 toneladas de combustível queimadas a cada hora, algumas máquinas são tão icônicas que simplesmente se recusam a desaparecer.