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McDonnell Douglas DC-10, trimotor que marcou a aviação nos anos 70, consumia 11 mil litros de querosene por hora e foi aposentado de voos comerciais pelo alto custo de operação

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 28/07/2025 às 14:17
McDonnell Douglas DC-10, trimotor que marcou a aviação nos anos 70, consumia 11 mil litros de querosene por hora e foi aposentado de voos comerciais pelo alto custo de operação
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O McDonnell Douglas DC-10, trimotor lançado nos anos 70, consumia 9 toneladas de combustível por hora, foi um marco da aviação e hoje sobrevive apenas em voos cargueiros e militares.

Na virada dos anos 1960 para 1970, a McDonnell Douglas (que mais tarde se fundiria com a Boeing) queria criar uma aeronave de médio a longo alcance que fosse mais barata que os quadrimotores Boeing 747 e Douglas DC-8, mas maior e mais potente que os bimotores disponíveis na época. O resultado foi o DC-10, um trimotor widebody (fuselagem larga) que voou pela primeira vez em 1970 e entrou em serviço em 1971 pela American Airlines. Com um motor na cauda (montado na base vertical) e dois sob as asas, o design foi pensado para oferecer mais potência e alcance do que um bimotor — e com custo menor que um quadrimotor.

Consumo de combustível do DC-10

O McDonnell Douglas DC-10 era um avião poderoso, mas isso tinha um preço: o modelo queimava em média 9 toneladas de combustível por hora, o que representava mais de 11 mil litros de querosene de aviação em cada hora de voo.

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Para voos de 10 a 12 horas, como Los Angeles–Tóquio ou Nova York–Paris, o DC-10 chegava a consumir mais de 100 toneladas de combustível.

Na época, esse gasto não era um problema tão crítico, já que o combustível era relativamente barato. Mas, nas décadas seguintes, com crises do petróleo e avanços em eficiência, o alto consumo do trimotor se tornou um dos principais motivos para sua retirada de rotas comerciais.

Características técnicas do DC-10

  • Motores: podia ser equipado com General Electric CF6 ou Pratt & Whitney JT9D, cada um gerando cerca de 50.000 libras de empuxo.
  • Comprimento: 55,5 metros.
  • Envergadura: 50,4 metros.
  • Peso máximo de decolagem: cerca de 260 toneladas.
  • Capacidade: 270 a 380 passageiros, dependendo da configuração.
  • Alcance: até 10.600 km, suficiente para voos transatlânticos.

Por que o McDonnell Douglas DC-10 consome tanto?

O design trimotor foi uma solução intermediária entre bimotores e quadrimotores. Com três motores, o DC-10 tinha mais segurança e potência, mas sem a eficiência que viria mais tarde com bimotores de nova geração.

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Além disso, seus motores foram projetados nos anos 1960, uma época em que a prioridade era a potência e não o consumo reduzido. Comparado a um Boeing 787 moderno, o DC-10 gasta quase o dobro de combustível para transportar a mesma quantidade de passageiros.

O legado e as polêmicas do DC-10

O DC-10 teve uma carreira marcante, mas também polêmica. Nos anos 1970, uma série de acidentes envolvendo falhas na porta de carga mancharam a reputação do avião. O mais grave foi o acidente do voo Turkish Airlines 981 em 1974, que matou 346 pessoas.

Depois de modificações e melhorias de segurança, o avião voltou a ganhar a confiança das companhias e passageiros, mas nunca se livrou completamente da sombra das primeiras tragédias. Mesmo assim, mais de 440 unidades do DC-10 foram produzidas, e o modelo voou por décadas em companhias como American Airlines, Delta, United, Air France e KLM.

Por que o DC-10 foi aposentado dos voos comerciais?

A partir dos anos 1990, a aviação mudou. O consumo de combustível ficou mais caro, e os bimotores modernos — como Boeing 767, Airbus A330 e mais tarde o Boeing 777 — mostraram que era possível fazer voos longos com mais eficiência e menos manutenção.

O DC-10, com seus três motores e alto custo operacional, foi sendo retirado das frotas de passageiros. A última companhia aérea a operar voos regulares com o DC-10 foi a Biman Bangladesh Airlines, que aposentou o modelo em 2014, marcando o fim de uma era.

O DC-10 ainda voa?

Sim — mas em funções diferentes. Hoje, muitos DC-10 foram convertidos em cargueiros (DC-10F) e continuam voando em empresas como FedEx e UPS.

Além disso, uma versão militar do DC-10, chamada KC-10 Extender, ainda está em serviço na Força Aérea dos EUA, operando como avião de reabastecimento aéreo.

  • O DC-10 foi o primeiro widebody trimotor do mundo, abrindo caminho para o MD-11, seu sucessor.
  • Muitas aeronaves DC-10 aposentadas foram transformadas em simuladores de treinamento, museus e até restaurantes.
  • A versão cargueira DC-10F é tão robusta que deve continuar voando até 2030.

O DC-10 na história da aviação

O McDonnell Douglas DC-10 representa uma fase única da aviação: a época em que companhias aéreas buscavam aeronaves maiores e mais potentes, mas ainda não tinham os bimotores modernos como alternativa.

Mesmo com consumo elevado de combustível e uma reputação manchada no início, o DC-10 ajudou a popularizar voos internacionais, levou milhões de passageiros e mostrou que a aviação comercial podia inovar com design ousado.

Hoje, ele segue como uma presença discreta, mas ainda ativa, nos céus — lembrando que, mesmo com 9 toneladas de combustível queimadas a cada hora, algumas máquinas são tão icônicas que simplesmente se recusam a desaparecer.

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Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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