Durante dรฉcadas, TVs, celulares e computadores dominaram a forma como as pessoas consomem conteรบdo e interagem com o mundo digital. Agora, um alerta feito por Mark Zuckerberg chama atenรงรฃo ao sugerir que essa era pode estar perto do fim. O avanรงo de novas tecnologias pode transformar completamente a maneira como usamos dispositivos eletrรดnicos.
Mark Zuckerberg tem uma visรฃo ousada para o futuro da tecnologia. Em uma conversa recente com Theo Von no podcast “This Past Weekend“, o CEO da Meta explicou que, em breve, as telas poderรฃo ser coisa do passado.
No lugar dos dispositivos fรญsicos que usamos hoje, hologramas projetados por รณculos de realidade aumentada tomariam conta do nosso dia a dia.
A proposta รฉ simples: eliminar o “pequeno retรขngulo brilhante” que carregamos no bolso.
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A visรฃo da Meta de Mark Zuckerberg: menos telas, mais hologramas
Durante a entrevista, Mark Zuckerberg foi direto. “Toda essa parte digital deveria basicamente ser hologramas. Vocรช nรฃo deveria precisar de uma tela fรญsica“, afirmou.
Em vez de televisores, computadores ou celulares, bastaria usar รณculos inteligentes para visualizar conteรบdos digitais sobrepostos ao mundo fรญsico.
Meta jรก deu seus primeiros passos nessa direรงรฃo com os รณculos inteligentes Ray-Ban, equipados com inteligรชncia artificial.
Esses รณculos permitem visualizar imagens digitais enquanto o usuรกrio continua enxergando o ambiente ao seu redor.
A empresa tambรฉm estรก desenvolvendo os รณculos Orion, um projeto ainda mais ambicioso que, segundo Zuckerberg, pode estar disponรญvel comercialmente em quatro anos ou menos.
A experiรชncia do pingue-pongue hologrรกfico
Theo Von compartilhou uma experiรชncia que ilustra bem o potencial dessa tecnologia. Jogando pingue-pongue com os novos รณculos de realidade aumentada da Meta, Von descreveu uma partida onde a mesa, as raquetes e a rede eram todos hologramas. “Nรฃo era real, mas era como pingue-pongue 3D. Alguรฉm podia andar de bicicleta pelo nosso jogo como se ele nรฃo existisse“, disse Von.
Mark Zuckerberg comentou que essa รฉ justamente a proposta: permitir experiรชncias digitais imersivas, mas sem ocupar espaรงo fรญsico.
Segundo ele, o fato de bilhรตes de pessoas jรก usarem รณculos atualmente torna essa transiรงรฃo ainda mais natural e viรกvel. “Quantas das coisas que temos fisicamente nรฃo precisarรฃo mais existir no futuro?“, questionou.
Impactos no cotidiano e na indรบstria
Para Mark Zuckerberg, praticamente todas as telas poderรฃo ser substituรญdas. Livros, jogos de tabuleiro, cartas e qualquer tipo de mรญdia poderรฃo ser acessados via hologramas.
Isso significaria uma mudanรงa profunda nรฃo apenas na forma como as pessoas interagem com a tecnologia, mas tambรฉm nos prรณprios modelos de consumo.
Menos produtos fรญsicos significariam menos necessidade de fabricaรงรฃo, transporte e descarte, o que poderia trazer benefรญcios ambientais.
Por outro lado, indรบstrias como a de eletrรดnicos, mobiliรกrio, entretenimento fรญsico e atรฉ mesmo varejo poderiam sofrer fortes transformaรงรตes.
Repercussรฃo entre investidores e no mercado
Essa aposta ousada da Meta jรก trouxe reaรงรตes mistas no mercado financeiro. Entre setembro de 2021 e novembro de 2022, as aรงรตes da empresa caรญram 76%.
Parte dessa queda estava relacionada justamente aos altos investimentos na divisรฃo Reality Labs, responsรกvel pelas pesquisas em realidade virtual e aumentada. Atรฉ o momento, a Meta jรก gastou mais de US$ 60 bilhรตes nesse setor, com retorno ainda limitado.
Apesar disso, a visรฃo de Mark Zuckerberg continua otimista. Ele acredita que, caso o projeto avance como planejado, bilhรตes de pessoas poderรฃo adotar a tecnologia em poucos anos.
Isso criaria uma nova economia virtual, com potencial de movimentar trilhรตes de dรณlares, substituindo setores inteiros que hoje giram em torno de bens fรญsicos.
A transiรงรฃo inevitรกvel para os รณculos inteligentes
Durante outra entrevista em abril, desta vez com Dwarkesh Patel, Zuckerberg comparou o futuro dos รณculos de realidade aumentada com a transformaรงรฃo dos celulares flip em smartphones. Segundo ele, serรก uma mudanรงa inevitรกvel.
“A chance de olharmos para trรกs daqui a uma dรฉcada e todos esses รณculos nรฃo serem รณculos com IA… รฉ como se… obviamente, todos os celulares flip se tornaram smartphones“, afirmou.
Com a tecnologia hologrรกfica integrada aos รณculos, a interaรงรฃo com o mundo digital deixaria de ser mediada por telas.
“Nossa experiรชncia com a tecnologia hoje รฉ meio engraรงada. Vocรช tem o mundo fรญsico ao seu redor. E, se quiser interagir com algo digital, precisa de uma tela”, explicou.
No futuro, segundo ele, essa divisรฃo deixaria de existir. Tudo estaria integrado ao campo de visรฃo por meio de hologramas.
O cronograma e os desafios tรฉcnicos
Embora otimista, Zuckerberg reconhece que o desenvolvimento ainda exige tempo. Os รณculos Orion, por exemplo, tรชm custo estimado de US$ 10.000 por unidade para a Meta, o que ainda os torna inviรกveis para o grande pรบblico. No entanto, ele espera que as primeiras versรตes comerciais possam ser lanรงadas em atรฉ quatro anos.
Atualmente, a principal concorrรชncia vem de headsets de realidade aumentada mais robustos e volumosos. O desafio da Meta รฉ miniaturizar a tecnologia e oferecer uma experiรชncia confortรกvel, prรกtica e financeiramente acessรญvel para consumidores em larga escala.
O caminho da Meta de Mark Zuckerberg atรฉ aqui
A Meta nรฃo รฉ novata nesse campo. Em 2021, a empresa mudou seu nome de Facebook para Meta justamente para sinalizar o foco em realidade virtual e no chamado Metaverso. Desde entรฃo, vem investindo pesado no desenvolvimento de tecnologias imersivas.
No entanto, o avanรงo da realidade virtual nรฃo ocorreu tรฃo rรกpido quanto esperado inicialmente. Agora, a empresa estรก direcionando esforรงos para a realidade aumentada com inteligรชncia artificial, apostando que essa serรก a verdadeira plataforma dominante de computaรงรฃo atรฉ 2030.
Recentemente, a Meta lanรงou, em parceria com a Ray-Ban, um modelo de รณculos com IA integrada. Segundo Yann LeCun, chefe de IA da empresa, em breve serรก possรญvel, por exemplo, digitar mensagens com as mรฃos nos bolsos, apenas por meio de comandos captados pelos รณculos.
Uma nova experiรชncia humana
Para Zuckerberg, nรฃo se trata apenas de uma evoluรงรฃo tecnolรณgica, mas de uma transformaรงรฃo completa na forma como as pessoas vivem e interagem. “ร um roteiro para uma experiรชncia humana transformada”, afirmou.
A substituiรงรฃo das telas por hologramas redefiniria aspectos bรกsicos da comunicaรงรฃo, da educaรงรฃo e do entretenimento. Encontros virtuais poderiam se tornar tรฃo imersivos quanto conversas presenciais. A leitura de livros, o consumo de filmes e o uso de aplicativos deixariam de exigir dispositivos fรญsicos.
As questรตes em aberto
Apesar de todo o entusiasmo, o prรณprio Zuckerberg reconhece que ainda existem questรตes importantes a serem discutidas. A adoรงรฃo em massa dessa tecnologia poderรก levantar debates sobre privacidade, seguranรงa de dados e acesso igualitรกrio.
A quantidade de dados pessoais necessรกria para alimentar essas experiรชncias hologrรกficas integradas serรก enorme. Isso exigirรก discussรตes cuidadosas sobre como garantir a proteรงรฃo dos usuรกrios em um ambiente digital ainda mais imersivo e permanente.
O prรณximo passo da Meta
Enquanto isso, investidores e consumidores seguem atentos aos prรณximos passos da empresa. A Meta divulgarรก seu prรณximo relatรณrio de resultados trimestrais em breve, e o desempenho das divisรตes de realidade aumentada e inteligรชncia artificial estarรก no centro das atenรงรตes.
Se a visรฃo de Zuckerberg se concretizar, o mundo poderรก presenciar o fim das telas como conhecemos hoje e o nascimento de uma nova era de interaรงรฃo digital, onde o fรญsico e o virtual caminham lado a lado, guiados por hologramas.