Ministra Marina Silva destaca necessidade de equilíbrio entre desenvolvimento e preservação ambiental ao comentar exploração de petróleo na Margem Equatorial durante Cúpula do Brics no Rio.
Durante a Cúpula do Brics realizada no domingo (6), no Rio de Janeiro, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu um planejamento sólido e justo para a transição energética no Brasil. Ao ser questionada sobre os investimentos na exploração de petróleo na Margem Equatorial, ela reconheceu as contradições da conjuntura global e nacional, mas destacou que o país está empenhado em superá-las por meio de soluções sustentáveis e estratégicas.
A Margem Equatorial, área rica em biodiversidade e potencial energético que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá, tem sido alvo de debates sobre sua viabilidade ambiental e econômica.
A exploração de petróleo nessa região, proposta por empresas como a Petrobras, levanta preocupações entre ambientalistas, mas, segundo a ministra, o governo busca conciliar desenvolvimento com responsabilidade climática.
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Transição energética exige planejamento e justiça climática, afirma Marina Silva
Para Marina Silva, enfrentar a crise climática não significa ignorar a complexidade das demandas sociais e econômicas do Brasil.
Segundo ela, é essencial traçar um “mapa do caminho” que garanta uma transição energética justa e planejada.
“A pior forma de enfrentarmos uma situação adversa, e ela é adversa para todos, é não nos planejarmos para ela”, afirmou a ministra.
Ela reforçou que, na COP28 em Dubai, o Brasil assumiu compromissos ambiciosos ao lado de outras nações para avançar rumo ao fim dos combustíveis fósseis.
No entanto, frisou que países em desenvolvimento, como o Brasil, devem receber apoio financeiro e tecnológico das nações mais ricas para viabilizar essa transição de maneira efetiva.
Contradições entre exploração de petróleo e metas ambientais
Marina não ignorou os desafios que envolvem a exploração de petróleo, especialmente na Margem Equatorial, uma área sensível do ponto de vista ambiental. Para ela, reconhecer essas contradições é parte do processo de evolução nas políticas públicas.
“Nós vivemos um momento de muitas contradições, e o importante é que estamos dispostos a superá-las”, declarou.
A ministra destacou que a exploração de petróleo ainda tem peso na economia brasileira, mas que o país está comprometido com a construção de um modelo sustentável de desenvolvimento.
A fala de Marina Silva reforça o posicionamento de um governo que busca liderar pelo exemplo, mesmo em meio às tensões entre crescimento econômico e preservação ambiental.
Resultados ambientais já são realidade no Brasil
A ministra aproveitou a ocasião para destacar conquistas recentes na área ambiental. Segundo ela, o Brasil conseguiu reduzir o desmatamento na Amazônia em 46% e em 32% no restante do país. Esses avanços evitaram a emissão de mais de 400 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera.
Esses resultados não vieram à custa do agronegócio. Pelo contrário: a agricultura brasileira cresceu 15% no mesmo período, com aumento de 11% na renda per capita e abertura de mais de 300 mercados para os produtos nacionais.
“E olha que coisa interessante, nós conseguimos reduzir desmatamento nessa quantidade, evitamos lançar mais de 400 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera e, ao mesmo tempo, a nossa agricultura cresceu 15% e nós tivemos um aumento da renda da per capita em mais de 11%, e o Brasil conseguiu abrir mais de 300 mercados para a sua agricultura”, destacou Marina.
Exploração de petróleo exige responsabilidade e transparência
Apesar das pressões para a exploração de petróleo na Margem Equatorial, Marina Silva reforçou que o governo busca alternativas econômicas para evitar retrocessos ambientais.
Uma das estratégias em andamento é a criação de instrumentos de incentivo à preservação, como a remuneração de propriedades rurais com reserva legal excedente.
Essas políticas visam não apenas à conservação da biodiversidade, mas também à geração de emprego e renda, combatendo a desigualdade e promovendo justiça social.
Marina lembrou ainda do papel das florestas tropicais na regulação do clima global e destacou o projeto brasileiro “Florestas Tropicais para Sempre”, que visa captar até US$ 4 bilhões por ano para proteção florestal.
Brasil quer liderar pela ação na COP30
Com a COP30 marcada para acontecer em Belém, no Pará, em 2025, Marina Silva afirmou que o evento deve ser a “COP da implementação”.
O objetivo do governo brasileiro é garantir compromissos robustos, com financiamento climático e metas reais de redução de emissões.
A ministra também criticou o baixo volume acordado até agora na COP29 em Baku, que estabeleceu apenas US$ 300 bilhões por ano de apoio financeiro global — valor ainda distante do objetivo de US$ 1,3 trilhão anuais até 2035.
“Todos os países em desenvolvimento são unânimes de que precisamos de recursos financeiros e de recursos tecnológicos”, destacou Marina, ao defender a importância de transferência de tecnologia e financiamento climático.
Exploração de petróleo na Margem Equatorial segue em debate
A proposta de exploração de petróleo na Margem Equatorial segue gerando controvérsias. A Petrobras tem projetos em avaliação na região, mas o licenciamento ambiental enfrenta resistência de órgãos reguladores e da sociedade civil.
Marina Silva pontuou que qualquer decisão sobre o tema deve considerar os impactos socioambientais e a urgência da crise climática.
Segundo ela, o país não pode abrir mão do diálogo e da responsabilidade ambiental em nome de interesses imediatistas.