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Mais raro que ouro: Parece um rubi, mas é um dos diamantes mais raros do mundo — e agora está exposto ao público

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 13/06/2025 às 20:59
diamantes
Foto: Reprodução
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Forjado sob pressão extrema, o Winston Red é o diamante vermelho mais raro do planeta — e agora pode ser visto de perto no Museu Smithsonian.

Ele brilha como fogo preso em pedra. Com 2,33 quilates e um vermelho tão puro que parece impossível. O diamante mais raro do mundo finalmente revela parte de seus segredos após décadas de mistério e fascínio.

No centro de uma das vitrines mais prestigiadas do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian, uma pequena pedra de 2,33 quilates atrai olhares como se estivesse em chamas.

O brilho intenso e avermelhado do chamado Winston Red faz parecer que a Terra própria derrama luz de dentro para fora.

Mas essa joia não impressiona só pela beleza: ela é o tipo de diamante mais raro conhecido — um “vermelho fantasia” puro, sem qualquer traço de outra cor. Um mistério que agora começa a ser decifrado.

Um brilho vermelho que a ciência levou décadas para entender

O Winston Red não deve sua cor a elementos químicos, como acontece com diamantes azuis ou amarelos. Em vez de boro ou nitrogênio, o que provoca a coloração intensa do vermelho é a deformação plástica. Isso significa que a pressão extrema e o calor intenso sob a crosta terrestre causaram distorções na estrutura do cristal.

Essas distorções não são visíveis a olho nu. Elas afetam como a luz interage com a pedra, principalmente em torno do comprimento de onda de 550 nanômetros — o que gera o tom vermelho vibrante. Segundo os pesquisadores do Smithsonian e do Instituto Gemológico da América (GIA), essas características de absorção específicas, somadas a defeitos relacionados ao nitrogênio conhecidos como N3, H3 e H4, criam o equilíbrio que torna a gema tão única.

Além disso, o Winston Red não tem tons adicionais de marrom, laranja ou roxo, o que garante a classificação de “vermelho fantasia”. Apenas um em cada 25 milhões de diamantes avaliados pelo GIA atinge esse nível de pureza de cor.

Do marajá ao museu: a trajetória da pedra

A história do Winston Red começa em 1938, em Londres. Na época, a joia ainda era conhecida como “Raj Red”. Foi vendida por Jacques Cartier ao marajá de Nawanagar, Digvijaysinhji. Cartier sugeriu que ela fosse engastada em um colar ao lado de outros diamantes coloridos.

O colar foi realmente montado — e era grandioso. Chamado de Colar Cerimonial de Nawanagar, incluía mais de 600 quilates em pedras preciosas. Fotografias de 1947 mostram o marajá segurando o colar, com o diamante vermelho no centro, irradiando seu brilho rubi.

Décadas depois, o colar foi desmontado e a pedra desapareceu do olhar público.

Só voltou a aparecer em 1988, quando Ronald Winston, herdeiro da Casa Winston, comprou a gema do filho do marajá. Ela reapareceu em 1989, em Tóquio, usada em um evento por Brooke Shields.

Em 2023, o diamante foi doado ao Smithsonian por Ronald Winston. A joia recebeu o nome definitivo de Winston Red e foi exibida na Galeria Winston, ao lado de outras 40 pedras da coleção Winston Fancy Color.

Rastreando a origem dentro da Terra

A história do Winston Red nas mãos de humanos é bem conhecida. Mas sua origem geológica ainda permanece envolta em incertezas.

O corte da gema, em estilo brilhante de mina antiga, indica que ela foi lapidada antes da metade do século XX. A análise espectroscópica revelou que ela pertence ao grupo IaAB Grupo 1, o mesmo que inclui a maioria dos diamantes vermelhos e rosas. Esses diamantes são ricos em nitrogênio e apresentam deformações internas fortes.

Ao comparar as impressões digitais espectroscópicas do Winston Red com centenas de outras pedras semelhantes, os pesquisadores restringiram sua origem ao Brasil ou à Venezuela.

Esses países possuem depósitos conhecidos por condições geológicas extremas, capazes de gerar essa transformação única de cor.

Mesmo assim, não há confirmação absoluta. Os próprios cientistas admitem que a geologia dessas regiões ainda é pouco estudada.

Tão raro que imperfeições são ignoradas

Apesar do brilho impressionante, o Winston Red tem falhas internas e lascas visíveis na cintura. Sua pureza foi classificada como I2 — o que, em outras gemas, reduziria bastante o valor. Mas, no caso de diamantes vermelhos, essa avaliação perde peso diante da raridade extrema.

Segundo dados do GIA, apenas 0,04% dos diamantes analisados como “Fancy Color” recebem a classificação “Fancy Red”. E, entre esses poucos, só 4% pesam mais de dois quilates. Ou seja, um diamante vermelho com mais de dois quilates e cor pura é praticamente uma anomalia geológica.

“A menor clareza dos diamantes vermelhos extravagantes é pouco preocupante em comparação à cobiçada cor vermelha”, afirmam os especialistas do GIA.

Uma raridade acessível ao público

O único diamante vermelho “Fancy” maior que o Winston Red em registros públicos é o Moussaieff Red, com 5,11 quilates, avaliado em US$ 7 milhões. Mas o Moussaieff está em mãos privadas. Já o Winston Red pode ser visitado por qualquer pessoa em Washington, na vitrine do Smithsonian.

Ronald Winston, ao doar a peça, afirmou que a entrega ao museu simboliza as conquistas de sua vida. “Estou muito feliz em compartilhar esta coleção com a Instituição e os visitantes do museu”, declarou.

A curadora Gabriela Farfan ressaltou a importância do diamante para fins educativos e científicos. “Essas gemas nos dão a oportunidade de compartilhar com nossos visitantes toda a gama de cores em que os diamantes ocorrem.”

Com sua cor incomparável e origem ainda envolta em mistério, o Winston Red agora brilha para todos que passam pelo museu. Um lembrete raro do que a Terra é capaz de criar quando o tempo, a pressão e o acaso se combinam de forma perfeita.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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